ANZOL DE CORPOS PECAMINOSOS


Assoreio socorros ao dobro camuflado
num pranto que incendeia palavras rastilho.

Sentimentos explosivos
aguardam a faísca para pulsar a alma
com arco-íris de cabeças tresmalhadas
em cores titubeadas entre tudo e nada.

O ego é um rochedo narrado
ao rebentar de ondas envidraçadas à escalada
de emoções com decote de silêncio impiedoso.

A culpa é uma encruzilhada incisa
na poesia indómita do tempo.

No impasse do verbo
a vida é um verso de voz mansa
que coxeia num não por dizer.

O amor é o isco com o qual a tristeza
nos pesca num anzol de corpos pecaminosos.

Pensar é um aterro de lixo
até à exaustão da morte numa gôndola nocturna
qual lua passe incomum aos olhos.

Amar é uma tonelada de carne
esgrimida por mãos mentirosas
qual imortalidade fosse um rebuçado
que se derrete na boca.

Do solo espreitam flores que não nascem
debaixo do peso do céu enchumaçado de pedras
qual beijo fosse uma guilhotina na língua.

Doutrinas de boca em boca
esmagam os olhos com soros de sexo despovoado.

A fantasia é uma penumbra acoplada
ao desejo devolvido ao deserto da imaginação.

As estrelas são latas
amontoadas em brilhos estrumados
por infinitos que findam numa carícia sarcástica.

A utopia são mamilos erectos
numa estátua de nus gemidos cuja sonoridade
é um sim caído em ir sem saber por onde voltar.

Espirais de marcha descontrolada aspiram dos lábios o gosto.

Triângulos amorosos são celibatos cognitivos
qual tornado de terra sugue o sangue que resta
coagulado nos antros do infortúnio.
 

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Viernes, Febrero 11, 2011 - 23:14

Poesia :

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Henrique

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