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CEMITÉRIO DO TEMPO

Esbarra
em mim triste
o gemer do vento que sofre
enrugado no meu olhar cego.

Nada mais fito
para além deste farol
adormecido na alma em dor acutilante.

Ausente
zarpo a voz
ao desamparo dos cadáveres
que jazem na ressaca da memória
desfraldada na discórdia das minhas lágrimas.

Descravo
do corpo as cruzes analfabetas
do passado grosseiro no abismo
de um grito que me chega de longe.

Chamo
fome ao meu nome
nas marés de uma frustração
que me vence na arena da saudade.

Outrora trovão
agora sol estéril neste caminho
de horrores bebidos de um cálice
envenenado por ódio que assassina os dias.

Matar-me
é um mal menor.

O mal maior
é enterrar-me vivo
no cemitério do tempo.

Submited by

domingo, agosto 2, 2009 - 00:18

Poesia :

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Henrique

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Comentários

imagem de mariamateus

Re: CEMITÉRIO DO TEMPO

OLÁ POETA

LINDO TRISTE MELÂNCOLICO,
CHEIO DE POESIA.

SUBLINHO ESTA FRASE QUE ADOREI.

O mal maior
é enterrar-me vivo
no cemitério do tempo.

BEIJINHO! :roll:

imagem de marialds

Re: CEMITÉRIO DO TEMPO

"O mal maior
é enterrar-me vivo
no cemitério do tempo"

Profundamente melancólico e triste, se sepultado no tempo e enterrado no esquecimento.
Parabens.

imagem de AlessandraBorges

Re: CEMITÉRIO DO TEMPO

''O mal maior
é enterrar-me vivo
no cemitério do tempo.''
Concordo.Na minha opinião, o homem não morre quando deixa de existir, mas quando deixa de sonhar.
Continue sonhando ainda que seja nas poesias.

imagem de MarneDulinski

Re: CEMITÉRIO DO TEMPO

Mestre Henrique!

Gostei e destaquei este!
Nada mais fito
para além deste farol
adormecido na alma em dor acutilante.
MarneDulinski

imagem de marcodias

Re: CEMITÉRIO DO TEMPO

Olá Henrique.

Bom texto.
Pleno de metáforas ..."Descravo
do corpo as cruzes analfabetas
do passado grosseiro no abismo..." que tem suas
diferentes interpretações...eu faço a minha; dificil é mudar a "tradição" tão inculcada nas mentes das gentes.

Abraço

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