Sal da terra
Vou para o lado negro dessa lua.
Inocente e liberta, sem a pele
que cobria o caudal dos meus pecados.
Aqui deixo o inverno que plantaste
no meu verão e as chagas que brotaram
nas searas aradas dos meus dias.
Na terra que foi festa de querer-te
espalharei adeuses amarelos.
Levo marcada a ferro nas cadeiras
essa invasão de território alheio
que perpetraste nas minhas rotinas
enquanto eu me ocupava em inventar-te.
Não comparto contigo o paraíso
em que me deito só e tresnoitada.
Mergulharei na linha do horizonte,
afogada com fel, bebendo ocasos.
Enquanto algum crepúsculo inclemente
com arrebol de lutos extraviados
se oculta malicioso e sem licença
da minha mão ousada e libertária
lavo do chão em que arrastei correntes
os vestígios de um credo e de um assombro.
Levo comigo para a lua negra
o sal da terra e a luz da encruzilhada.
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