Sal da terra

Vou para o lado negro dessa lua.
Inocente e liberta, sem a pele
que cobria o caudal dos meus pecados.
Aqui deixo o inverno que plantaste
no meu verão e as chagas que brotaram
nas searas aradas dos meus dias.

Na terra que foi festa de querer-te
espalharei adeuses amarelos.

Levo marcada a ferro nas cadeiras
essa invasão de território alheio
que perpetraste nas minhas rotinas
enquanto eu me ocupava em inventar-te.
Não comparto contigo o paraíso
em que me deito só e tresnoitada.
Mergulharei na linha do horizonte,
afogada com fel, bebendo ocasos.

Enquanto algum crepúsculo inclemente
com arrebol de lutos extraviados
se oculta malicioso e sem licença
da minha mão ousada e libertária
lavo do chão em que arrastei correntes
os vestígios de um credo e de um assombro.

Levo comigo para a lua negra
o sal da terra e a luz da encruzilhada.
 

Submited by

Jueves, Mayo 5, 2011 - 21:32

Ministério da Poesia :

Sin votos aún

Tania Alegria

Imagen de Tania Alegria
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 13 años 32 semanas
Integró: 05/02/2011
Posts:
Points: 156

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of Tania Alegria

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Ministério da Poesia/Soneto Reparte-as o vento 0 484 05/02/2011 - 22:38 Portuguese
Ministério da Poesia/Soneto Evangelio de exorcismos 0 562 05/02/2011 - 22:34 Portuguese