RODAGENS DOS VELHOS OLHARES
Para o poeta Jorge Campos, onde estiver.
Estendidas nas herméticas paisagens
dos súbitos olhares,
em que tudo,
mesmo o vago-orvalho solitário
têm fingimentos cariados,
milhares de finas flores líquidas
conhecidas no Reino Unido como "Sweet William"
afagam [com suas arcanas sacanas]
os clitóris das mariposas de plutônio
e o declives-pós das sepulturas
convulsivas, espumosas...
― Rodagens de velhos olhares?
A camuflagem do umbigo imperaria,
não fosse a pálpebra da poesia ―
reinaria
como um paraíso à beira mar plantado
gravado na geléia genital
das linguagens sinistras,
de olho na montoeira de estercos.
― Vulva de murta?
“Ah, sei qual é!”
Não bastasse
a mira no escorregão das nádegas melancólicas
e um soberbo arbusto de sete faces
ser-me-ia impossível rosado,
e [eu, mesminho!]
olharia para trás:
escapaste?
perdoas-me?
― O inverno
talvez fosse azul,
não houvesse tantos alfanjes inacessíveis
abanando-se com uma enfastiada
e lânguida boca.
© Benny Franklin
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