Poema maldito
Espetaram-lhe uma estaca no peito, mas o diabo que era a preceito esquivou-se para o fígado e começou a escrever:
Sou bílis, sou o teu calcanhar
Sou falo que não calo a crescer
Um cancro a desenvolver
Que não vais conseguir matar
Nasço em cada poema vagabundo
Filho de prostituta mal paga
Tenho mais irmãos no mundo
Cinco dedos na mão que te afaga
Chamaram então o Cura com esperança de uma solução para eliminar o belzebu, mas o pobre velho ao susto não resistiu, pois o diabo mostrou-lhe o cu e mandou-o para a puta que o pariu:
Pode vir o padre mais valentão
Armado de água benta, reza e sal
Serei eu a dar-lhe a extrema-unção
Neste meu mundo dominado pelo mal
Desesperados estavam todos os que eram crentes, pelo definhar do homem que um dia foi normal. Isolaram-no numa casa sem portas nem janelas, mesmo assim ouvia-se no quintal:
Podeis cercar-me de cimentos
Apagar o meu nome dos livros
Estarei sempre nos pensamentos
E todos os sonhos serão frívolos
Porque nasceu comigo a guerra
E na minha essência vive o guerrear
Encherei de luto e fome a Terra
Mesmo quando este corpo for a enterrar
Parecia não haver solução para aquele praguejar.
O chão deixou de dar fruto, secaram os animais e toda a vida que antes era bela. Tomou conta a sombra daquele lugar chamado Terra.
Morreu a própria morte com ela.
Até que um dia, quando já mais ninguém restava no mundo, uma estranha nave poisou naquele planeta esquecido.
Um ser de pequena dimensão furou o chão com uma sonda, introduziu naquele buraco estreito uma semente.
De regresso à nave que era só luz, já fechado na sua cripta, o pequeno ser viu piscar o único olho que a mãe a seu lado tinha.
Como quem diz: - Bravo meu filho, estás um Homem.
E recomeçou tudo outra vez.
Submited by
Poesia :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 3377 reads
Add comment
other contents of admin
Tema | Título | Respuestas | Lecturas |
Último envío![]() |
Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
![]() |
Fotos/Naturaleza | Pureza | 1 | 2.478 | 09/14/2010 - 01:43 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Naturaleza | frio | 1 | 3.171 | 09/14/2010 - 01:42 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Naturaleza | vinhas da ira | 1 | 2.738 | 09/14/2010 - 01:42 | Portuguese |
Poesia/Amor | PARAÍSO (Desafio) | 10 | 2.096 | 09/13/2010 - 13:05 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Já não me dói o silêncio | 4 | 3.685 | 09/13/2010 - 13:02 | Portuguese | |
Poesia/Amistad | QUERIDA AMIGA! | 3 | 4.082 | 08/15/2010 - 22:52 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | PARAÍSO (Desafio) "prosa poética" | 4 | 15.029 | 08/03/2010 - 11:40 | Portuguese | |
Poesia/General | DETESTO...BATOTA | 8 | 1.578 | 07/28/2010 - 19:04 | Portuguese | |
Poesia/Desilusión | Nas paredes, um adeus... | 2 | 4.691 | 07/23/2010 - 11:31 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | Ana Lyra | 11 | 5.373 | 07/22/2010 - 21:30 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | VÂNIA | 8 | 2.195 | 07/15/2010 - 00:31 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | És tu... Lila? | 10 | 2.350 | 07/15/2010 - 00:28 | Portuguese | |
Poesia/General | SOBRE A SOLIDÃO | 9 | 2.432 | 07/15/2010 - 00:26 | Portuguese | |
Prosas/Drama | TENDÊNCIAS SUICIDAS... | 3 | 8.513 | 07/04/2010 - 02:58 | Portuguese | |
Prosas/Romance | DESPEDIDA carta de amor nº6 | 2 | 3.548 | 07/02/2010 - 21:49 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | CONVERSANDO COM UMA AMIGA | 7 | 3.465 | 07/02/2010 - 19:44 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Cântico de Paixão | 7 | 3.380 | 06/30/2010 - 21:45 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Êxtase | 9 | 1.946 | 06/29/2010 - 15:44 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Sei-te... meu amor! | 6 | 1.218 | 06/27/2010 - 23:39 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Imagino-te... | 9 | 2.332 | 06/25/2010 - 13:37 | Portuguese | |
Poesia/General | Louca... me confesso! | 10 | 3.591 | 06/25/2010 - 13:30 | Portuguese | |
Poesia/Soneto | Ode ao amor | 8 | 2.618 | 06/24/2010 - 14:07 | Portuguese | |
Poesia/Meditación | Pacto de sangue | 8 | 2.174 | 06/24/2010 - 14:01 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | SUICÍDIO | 8 | 2.446 | 06/23/2010 - 14:24 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | OS PERIGOS DA INTERNET... | 4 | 2.934 | 06/20/2010 - 03:20 | Portuguese |
Comentarios
Re: Poema maldito
Um poema escrito com alma!
:-)
Re: Poema maldito
A força da tua escrita é infinita :-)
Bjs
Re: Poema maldito
Para além da boa escrita, que é sempre benvinda, quem sabe se o mundo melhorava com um recomeço...
Abraço