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OS PERIGOS DA INTERNET...
Não quero que olhes para mim com piedade, imbuído de um sentimento mesquinho que sempre me assustou, o de pena. Nunca quererei um amor não correspondido.
Prefiro esquecer-te neste lamaçal de enganos do que continuar… apaixonada por uma imagem e por palavras que me fizeram bem ouvir…em determinado momento. Adeus!
Mais não foste do que uma ilusão que me fez bem e que agora descodificada, me faz sentir o quão é deprimente acreditar-se apenas nas palavras. Entre nós faltou o essencial.O toque,o cheiro,a intensidade do olhar...
Hoje tenho essa percepção. Faltou-nos o espelho dos olhos. São eles que reflectem com transparência a essência da nossa ALMA. Adeus…!
Helena, entregou-me um bloco e uma esferográfica, como se me estivesse a oferecer um ramos de flores. Sem me dar tempo para outras explicações começou a falar ininterruptamente de alguém que conhecera pela Internet, e por quem se apaixonara. Decorridos alguns meses de conversas intermináveis e orgasmos florais de palavras quentes e vulcânicas, tinha descoberto que o homem por quem se apaixonara não tinha aquele rosto, nem 35 anos. Era um homem casado, muito bem na vida, com 60 anos de idade, com quase o triplo da sua. E essa descoberta só tinha sido possível porque a mulher do homem, farta dos desvarios e infantilidades do marido, lhe tinha mandado um e-mail, com uma cortesia desconcertante, a contar-lhe a verdadeira identidade do homem, que amava, anexando fotos. Tratava-se de um engenheiro. Insuspeito. Certamente que os amigos ficariam espantados com a sua compostura se alguém entrasse em detalhes pormenorizados.
Ouvia-a pacientemente e fiquei como que aparvalhada quando de repente me apercebi como os amores virtuais podem ser desgastantes. A minha amiga estava um autêntico farrapo. O olhar vazio. As mãos trémulas e a voz soluçante. Depois de a tentar tranquilizar perguntei-lhe, num misto de incredulidade e raiva:
- Helena, como pode alguém apaixonar-se por alguém via Internet?
- Como…? - hesitou e prosseguiu de rajada:
- Porque vivemos actualmente numa ilusão desenfreada. No fundo acreditamos que os amores efectivos nos esperam algures, num recanto do mundo. Porque as pessoas com quem nos cruzamos diariamente, com quem vamos beber um copo à noite, procuram apenas sexo, o tal bacanal de emoções fortes e depois bye… até um próximo encontro, ala que se faz tarde! – riu-se. Desculpa… a ordinarice, - acrescentou.
- Na boa, não sou, como sabes pudica…
Aquele esgar inexpressivo da minha amiga assustou-me. Não sei se era conformismo, se enfado, mas dei por mim a rematar em jeito conclusivo.
- Não quero parecer-te pretensiosa, mas tenho quase a certeza que nunca seria possível apaixonar-me por alguém sem a olhar nos olhos, sem ouvir a sua voz ao meu ouvido, sem sentir o seu cheiro, percebes, Helena?
- Droga, não sejas assim…! Não conseguias porque tens a felicidade de teres encontrado o teu equilíbrio emocional! Mas lembra-te que nem toda a gente tem a tua sorte, percebes? Muitas vezes quando leio o que escreves, penso. Céus… eu amo esta alma, é de alguém assim que eu precisava para me sentir feliz! Acho que ao desejo da carne falta a conjugação espiritual e foi isso que encontrei no gajo. Maturidade, profundidade, uma beleza espiritual inacreditável… só que o rosto não pertencia aquele espírito! O gajo mentiu-me…
- Soltei uma gargalhada e contrapus. Bom… então isso tem um nome. Falas de amor platónico?
- Penso que sim, e falo sobretudo de uma terrível solidão e sensação de vazio. A maioria das pessoas andam perdidas no seu próprio mundo, acho que lhes falta qualquer coisa…
- Talvez… sei lá? Uma espécie de bússola interior que as oriente. Será isso Helena?
- Oh, amiga, sei lá! Estava à espera que me orientasses!
- Eu…? –Soltei uma gargalhada sonora. Sei que me vêem como uma espécie de super mulher mas asseguro-te que sou um poço sem fundo de duvidas. Questiono-me sobre tudo, diariamente…
- Pois, mas transmites uma tranquilidade quase invejável! Fazes-me um favor? Escreve qualquer coisa para eu acabar de vez com esta palhaçada!
- Eu? Que coisa… acho que não é o mais correcto!!!!!!!
- Vá lá… tu tens o dom da palavra e eu se escrever alguma coisa só conseguirei disparatar.
- Bem… então…
Comecei a escrever no bloco branco o seguinte…
…Não quero que olhes para mim com piedade, imbuído de um sentimento mesquinho que sempre me assustou, O de pena. Nunca quererei um amor não correspondido...
(VÓNY FERREIRA)
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Comentários
Re: OS PERIGOS DA INTERNET...
Assim como a vida é um teatro, internet sem rosto, vira máscara muitas vezes. Esse texto será sempre atual.Parabéns pelo olhar. bj
Re: OS PERIGOS DA INTERNET...
Li com tristeza a tua despedida deste site. Não te li muito.Vim aqui agora para te conhecer um pouco e te achei maravilhosa. Quero te parabenizar pelo lançamento do teu último livro e te dizer que este é um dos meus sonhos: publicar os meus poemas. Mas por enquanto ainda é sonho. Senti um "quê" de tristeza nesta tua despedida,mas deves ter lá os teus motivos. Não se vá de todo. Se puderes,visita o meu blog de poemas. Gosto muito de escrever usando a prosopopéia. Espero que possas me visitar:
http://deborabenvenuti.loveblog.com.br
Sejas muito feliz e colhas muitas flores no novo caminho que estás a trilhar.
Beijos,
Débora
Re: OS PERIGOS DA INTERNET...
Este texto eu já conheço, e é na verdade um bom relato de como teremos que estaca dada vez mais atentos a quem está do outro lado. Pesoas que podem ser o que quiserem, desempenhar todos os papéis, para sua satisfação pessoal
Gostei de o ver por aqui
beijos
Matilde D'Ônix
Re: OS PERIGOS DA INTERNET...
EXCELENTE TEXTO VÓNI.
PARABÉNS GOSTEI MUITO
UM BEIJO
MELO