Amigo oculto

Cidade pequena. Todos se conhecem e conhecem cada recanto do lugar. Muitos boatos, poucas verdades, grande imaginação.
Os pais compraram a casa. Era a primeira bela aquisição da família. Casa simples, de madeira, mas ampla, com uma enorme varanda. Havia também um amplo quintal, com várias árvores frutíferas.
Compraram-na por um preço bastante acessível e se mudaram logo em seguida. A menina, de não mais que quatro anos, sentiu-se feliz naquele lugar.
Brincava com o irmão na varanda, que circundava metade da parte externa da casa, ou no quartinho, que ficava num canto da varanda. Quando não, no quintal, que despertava brincadeiras novas em volta das mangueiras e macieiras.
Certa vez, já familiarizada com o ambiente, a menina, que tinha por hábito dormir após o almoço, começou a receber, no quarto, a visita de um homem elegante, de terno azul. Usava chapéu. Aquele homem surgia enquanto ela via o céu azul, que se mostrava acima das paredes, que se dobravam à frente dela. Ele era divertido e parecia gostar muito dela.
A menina não se sentia ameaçada ou com medo. Ao contrário, não via a hora de chegar o horário de dormir, para reencontrar o amigo, embora ele não estivesse em seus sonhos, pois aparecia antes ou após o sono dela.
Não pensou, em momento algum, contar à mãe sobre a insólita visita de todas as tardes.
Ela não soube precisar quantas visitas foram, até que em uma daquelas tardes, sem saber por quê, ele tenta sufocá-la.
Não acreditou no que via. Ele era seu amigo. Como podia fazer aquilo? Então, começou a gritar e a mãe foi correndo ao seu socorro.
O que viu foi a filha agitada, chorando. Não viu ninguém no quarto, além da menina, apesar da insistência da filha. Por fim, para acalmá-la, disse ter sido um pesadelo. Mais nada.
A menina soube, muitos anos depois, que naquela casa morou, antes da família dela, uma outra família. Que o homem, um advogado e maçom, tinha falecido, de forma trágica, num acidente.E que diziam vê-lo, todas as noites, no quartinho da varanda, pois era seu escritório.
Nunca mais viu aquele homem, durante os anos em que viveu ali. Aquele pesadelo não se repetiu mais, porém, muitos outros vieram após ele, para as mulheres daquela família, não importando se estavam dormindo ou acordadas e nem o lugar.

Submited by

Martes, Junio 7, 2011 - 00:03

Prosas :

Sin votos aún

Sueli Fajardo

Imagen de Sueli Fajardo
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 13 años 33 semanas
Integró: 05/04/2011
Posts:
Points: 272

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of Sueli Fajardo

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Pensamientos O Poeta e a Vida 2 1.612 06/07/2011 - 02:27 Portuguese
Prosas/Mistério Revelação 0 1.274 06/07/2011 - 00:06 Portuguese
Prosas/Mistério Em casa 0 1.498 06/07/2011 - 00:04 Portuguese
Prosas/Mistério Amigo oculto 0 1.588 06/07/2011 - 00:03 Portuguese
Prosas/Mistério O segredo 0 1.180 06/07/2011 - 00:01 Portuguese
Prosas/Fábula Fábula da Ratazana 0 1.666 06/06/2011 - 23:59 Portuguese
Prosas/Lembranças A bruxa está solta 0 1.230 06/06/2011 - 23:56 Portuguese
Prosas/Contos Mel 0 1.232 06/06/2011 - 23:54 Portuguese
Poesia/Amor Renúncia 0 1.589 06/06/2011 - 23:49 Portuguese
Poesia/Erótico Conversão 0 1.111 06/06/2011 - 23:44 Portuguese
Poesia/Amor Diálogo 0 1.211 06/06/2011 - 23:42 Portuguese
Poesia/Tristeza Contraste 0 1.353 06/06/2011 - 23:40 Portuguese
Poesia/Desilusión Sina(L) 0 1.462 06/06/2011 - 23:36 Portuguese
Poesia/Pensamientos Da janela 1 1.450 06/06/2011 - 23:36 Portuguese
Poesia/Pensamientos Vinho 2 1.440 05/15/2011 - 01:26 Portuguese
Poesia/Pensamientos O Poeta e a Vida 1 1.314 05/12/2011 - 03:24 Portuguese
Poesia/Tristeza Nada 1 1.215 05/12/2011 - 02:52 Portuguese
Poesia/Meditación Abstrato 1 1.734 05/12/2011 - 02:44 Portuguese
Poesia/Erótico BANHO 1 1.472 05/12/2011 - 02:39 Portuguese
Poesia/Erótico Provocação 1 1.183 05/12/2011 - 00:55 Portuguese
Poesia/Erótico Refinado 1 1.426 05/12/2011 - 00:47 Portuguese
Poesia/Erótico Orgasmo 1 1.395 05/11/2011 - 22:50 Portuguese
Poesia/Meditación Abstrato 1 1.367 05/11/2011 - 22:40 Portuguese
Poesia/Tristeza Angústia 1 1.199 05/11/2011 - 22:37 Portuguese
Poesia/Tristeza Nada 1 1.127 05/11/2011 - 22:25 Portuguese