Em casa

Curiosamente naquela noite não havia pessoa alguma na rua. Ela caminhava rapidamente. Noite fria. Neblina dava um aspecto perturbador àquela paisagem de árvores frondosas e enigmáticas. Passava por aquela mesma rua sempre e nunca. mesmo em noites chuvosas, tinha sentido aquele trajeto tão solitário, sinistro.
O medo tomou conta da sua mente e do seu coração. Estranho como a imaginação,às vezes, age contra as pessoas. Ainda faltavam vários passos até sentir-se segura e em casa.
Subitamente, lembranças desconexas absorveram seus pensamentos de forma estranha e inusitada. Pareciam distantes, porém ela sabia que eram recentes. Sua cabeça estava confusa. Sentia-se ansiosa, insegura e cansada. Fechou os olhos por alguns poucos segundos.
Abriu-os e não entendeu o que via. Calçadas estreitas e, em lugar de casas, havia túmulos à sua direita e à sua esquerda. Muitos deles.
Como foi parar ali? Será que, por causa da neblina que atrapalhava a visão até há pouco tempo, teria se desviado do curso? Todavia, tinha apenas fechado e aberto os olhos um pouco mais demoradamente... Além disso, não se lembrava de cemitérios perto de casa. Afinal, que lugar seria aquele?
Continuou a caminhar por aquela calçada estreita. Estava apavorada. Não entendia o que estava acontecendo. Foi quando viu, bem à sua frente, onde a ruela acabava, um túmulo de uma mulher. Pelas informações na lápide e pela foto, uma jovem mulher. Notou que o túmulo era visitado, pois as flores que estavam no vaso eram frescas.
Sentiu-se aliviada. Havia encontrado seu lugar. Deitou-se ali e dormiu tranquilamente. Estava, enfim, em casa.

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Martes, Junio 7, 2011 - 01:04

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Sueli Fajardo

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