Amor em tempo de Guerra

Caminho atrás de um escudo à deriva,
meus gestos são rudes, como um carro de combate,
metade de mim luta pela vida,
morre de amor a outra parte.

Minhas palavras são tiros de rajada,
são granadas que rebentam em descampado,
meu olhar gélido, como frio de madrugada,
são olhos de gato que buscam meu amado.

Num grito mudo chamo por ti,
procuro a tua sombra em montes e vales,
esqueço o que sei, não lembro o que vi,
entrego-me as minhas dores e aos meus males.

Estas à distância de um passo,
que temo e resisto em dar,
nego a vontade de um abraço
minto ao dizer não te amar.

Matam-me as vozes que oiço em surdina,
são murmúrios do meu coração,
traço o destino, é esta a minha sina,
ter de partir, viver na solidão!

Perco-me nesta imensidão,
nesta batalha que travei contra a minha vontade,
só as doces palavras desta canção,
gritam e clamam que te amo de verdade!