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Caminhos proibidos

O que pode acontecer quando enveredamos por caminhos proibidos, desafiando as leis naturais da vida e da morte? Será que estaríamos dispostos a sofrer as consequências? Estas são as perguntas que ficam sugeridas em todas as linhas do perturbador livro O cemitério, escrito por Stephen King. A história começa com a chegada do jovem  médico Louis Creed, sua esposa, Rachel e seus dois filhos, Ellie e Gage, a uma cidade no interior do Estado do Maine. Louis vai assumir um emprego no campus da universidade local e espera criar os filhos em lugar tranquilo e seguro, longe da poluição e violência. A única desvantagem é o fato de passarem muitos carros e caminhões frente à sua nova casa. 
Louis logo faz amizade com Jud Crandall, um senhor idoso e cheio de histórias  que o leva, com sua família,  a ir aos poucos conhecendo os arredores.Um dia, Jud lhes mostra um cemitério de animais não muito distante da nova residência de Louis, contando-lhes que, há muitos anos, crianças começaram a enterrar ali seus animais de estimação, muitos deles mortos por atropelamento na estrada. A existência do lugar provoca reações em Rachel, que tem medo da morte devido à perda da irmã, há longos anos atrás e em Ellie, que, aos seis anos, começa a ter consciência da morte e da possibilidade de seu gato, Church, morrer atropelado.
Por um tempo, Louis vai levando normalmente sua vida até o dia em que ocorre um grave acidente perto do campus e ele tenta salvar um jovem, Victor Pascow, que foi gravemente ferido. Porém, o rapaz morre e Louis, na noite do mesmo dia, tem um sonho com o morto a conduzi-lo pelo cemitério de animais e lhe pedindo que não vá para um determinado lugar atrás de uns troncos caídos, porque tal lugar possui um terrível e misterioso poder.
Despertando, Louis pensa que foi apenas um sonho, apesar de ter parecido tão real a ponto de quase matá-lo de medo e se pergunta o que poderia haver de errado com o lugar, que fora uma área pertencente a uma tribo indígena. No entanto, ele logo descobrirá que há segredos os quais não vale a pena desvendar.
Num dia em que  Louis está sozinho em casa, já que Rachel e os filhos viajaram, Jud liga avisando de um gato morto em frente à casa dele. Louis vai averiguar e descobre, desolado, que é Church, morto por atropelamento. Jud, então, manda-o pegar o cadáver do animal e ambos passam pelo cemitério de animais e pelos troncos que o jovem morto, em sonhos, aconselhara Louis a não ultrapassar. Ao chegarem ao antigo território indígena, Jud o aconselha a enterrar o gato e Louis, sem entender, obedece. 
Não muito tempo depois, Church retorna, vivo, mas diferente e Louis sente medo e repulsa. Jud lhe conta que o lugar onde enterraram o animal havia sido um cemitério indígena e as terras possuíam o poder de ressuscitar os mortos e, no passado, pessoas haviam enterrado seus animais mortos lá, tendo ele próprio enterrado um cão seu. A partir daí, tudo muda para Louis. Assim como Church não é mais o mesmo, nada na sua vida será como antes. Ele se vê diante de outra realidade, cuja lógica diverge de tudo que sua mente racional concebia como possível e aceitável. O cemitério lhe abriu as portas para um mundo desconhecido e Louis, aos poucos, vai vendo tudo que lhe é precioso sendo lentametne destruído. O cemitério dos índios tem um irresistível poder de atração para os que testemunham o que ele é capaz de fazer e fará qualquer coisa para chamar as pessoas e dominá-las, conta Jud, que se arrependeu de tê-lo levado lá, mas confessa que não foi capaz de resistir e acrescenta que o lugar é dotado de uma energia má.
Podemos ver no livro de Stephen King, além do terror crescente que lhe é característico, uma discussão filosófica sobre como a sociedade moderna encara a morte. Jud, sendo um homem idoso, é de uma época em que se encarava a morte com mais naturalidade e percebe as diferenças entre a forma como sua geração enfrentava as perdas dos entes queridos com a da geração mais jovem, para quem a morte virou uma espécie de tabu. Também há a representação de dois tipos de conhecimento. Louis, como médico, representa o conhecimento científico, que investiga os fatos e só aceita o que foi comprovado, enquanto Jud é o conhecimento do dia-a-dia, simbolizando uma geração que era mais familiarizada com superstições e lendas. Outro simbolismo presente no livro é a disposição dos túmulos no cemitério de animais. Organizados em forma circular, eles dão a ideia de um círculo interminável, o que ilustra o poder do cemitério indígena, que, de tempos em tempos, manifesta-se e controla as vidas das pessoas. 
Assim, acabamos por concluir que o personagem principal do livro não é Louis, nem Jud, mas o próprio cemitério de índios, que se mantérm eternamente vigilante, induzindo as pessoas a irem conhecê-lo para, no final, exercer sobre elas seu poder malérico.

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quinta-feira, agosto 21, 2014 - 22:10

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