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REVOLUCIONARY ROAD
É um filme que existe. É um filme cheio de gelo. Gelo na luz, entre as pessoas, entre aqueles que são mais íntimos. É um filme para adultos, no sentido que esta expressão deveria ter.
É um filme onde surge uma personagem - April - grandiosamente desesperada, construída pelo trabalho de uma das maiores actrizes do nosso tempo, Kate Winslet. Uma mulher que quer desesperadamente sair, sair dali para onde a sua ambição e o seu desejo mais se incline, fugir simplesmente (dificilmente) da redoma de vidro ultra-sufocante que envolvem certas vidas separadas daquilo que mais desejam ou que julgam possuir.
Sam Mendes pratica uma realização radiográfica, sem a leveza de comédia que por vezes «Americam Beauty» tinha. E, por isso, o início do filme pode ser duro, tanto mais que a personagem interpretada por Leonardo DiCaprio - Frank - parece não existir verdadeiramente, parece existir apenas em esquema.
Em vários momentos o filme atinge uma intensidade e uma beleza muito grandes, sempre ligadas ao olhar, ao rosto, à expressão e à composição de Kate Winslet.
Chegados ao fim, como terminar este filme, como concluir um filme em que a personagem de Kate Winslet pudesse sair à mesma altura em que está todo o filme? Terá sido este um dos dilemas de Sam Mendes, num filme que aparenta estar todo ele muito escorado, e inteligentemente escorado, menos no seu final.
Se fosse eu, concluiria de forma abrupta, à Garrel, como se qualquer coisa se desligasse.
Mas é urgente, é mesmo muito urgente ver este filme.
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