SESSÃO DE AUTÓGRAFOS do romance "O PASSADO FICOU ESQUECIDO", DIA 10 DE DEZEMBRO DE 2011 - Apresentação de Helder Gonçalves

O PASSADO FICOU ESQUECIDO" - APRESENTADO PELO ESCRITOR HELDER GONÇALVES EM ALMADA DIA 10 DE DEZEMBRO.

Muito boa tarde

Correspondendo com prazer ao pedido da autora que é minha amiga, irei fazer alguns comentários, num breve apontamento, ao seu livro “O PASSADO FICOU ESQUECIDO”.

É sempre uma vantagem conhecermos o autor, pois quando ao lermos a sua obra literária, estaremos mais prevenidos para os sinais que ele pretende fazer passar através da escrita. Isto porque ao escrever um livro ele, deixa sempre, no papel, pequenos testemunhos, daquilo que é a sua essencia como pessoa, não deixando de transferir, para as personagens que vai criando, alguns detalhes das suas vivencias, bem como toda a trama da complexidade dos comportamentos, ligados à condição humana! Mesmo que tente esconder-se, há sempre algo que fala dele, desnudando-o da máscara do disfarce. No percurso de vida apaixonante da Isabel, houve inconformismo, aconteceram roturas corajosas que a indentificam muito bem, com as lutas de emancipação da mulher.

Um autor quando escreve, é normal apaixonar-se, naturalmente pelas suas personagens, porque ao cria-las está a envolver-se com elas dando-lhes vida, emprestando-lhes a sua alma, partilhando simultaneamente, todos os sentimentos, numa perfeita simbiose! -´Essas personagens são dele, pertencem-lhe até ao momento em que as entrega ao público. Então aí, deixam, de o ser, passando à pertença de quem as lêr. Escrever é um acto solitário em que o autor se liberta de si mesmo, enquanto vai criando histórias e personagens, tal como um pequeno deus a marcar-lhes o seu destino. Escrever, pode proporcionar um sentimento de liberdade, por sabermos que não tem limites e que pode dar voz aos nossos gritos, aos nossos mais intimos sentimentos, até aos devaneios do nosso espirito!

Pois bem, no caso de Isabel Moreira Rego, ao escrever este livro, pretendeu materializar, nas personagens, a carga de sentimentos que habitam dentro dela, tratando-os com uma especial delicadeza a denunciar uma sensibilidade refinada que só uma uma mulher apaixonada consegue transmitir! Apaixonada pela vida, apaixonada pelas pessoas, apaixonada pela natureza. Na sua obra ela tenta movimentar as personagens numa relação harmoniosa em ambientes com uma forte envolvencia romantica, com as gentes simples dos campos mas, também, com uma certa burguesia aristocrata situada numa determinada época, que poderia ser a de hoje, com outras figuras com outros cenários mas com mesmos sentimentos, com os mesmos comportamentos

É, portanto, esse mundo que Isabel Rego quer recriar no seu livro “O PASSADO FICOU ESQUECIDO” focando a acção num qualquer lugar como, poderia por exemplo, acontecer na vetusta Vila de Sintra, carregada de histórias do romantismo, tão ao gosto de escritores e poetas que a cantaram, no tempo de uma aristocracia decadente mas, ainda, ciosa dos seus pergaminhos e hábitos conservadores e de privilégios elitistas de classe. Com certos laivos queirozianos, consegue entrosar os figurantes numa articulação bem conseguida, com a construção de diálogos bem próprios da época a que se reporta, através de uma narrativa simples sem deixar de ser cuidada É, pois um livro que contempla o desenrolar de vidas que se cruzam, e amam, com peripécias de um quotidiano bem próprio de uma sociedade bacoca e provinciana, em que as novas gerações começam a dar sinais de romperem barreiras de ordem social, procurando, sobretudo na instrução, o veículo redentor para o alcance da verdadeira liberdade através do conhecimento.
É aqui, quanto a mim, o ponto forte da mensagem que a autora pretende fazer passar, apoiando-se na riqueza das suas experiencias pessoais podendo-se vislumbrar ainda, neste romance, uma subtil crítica social - convidando-nos a uma reflexão:

O Homem só é verdadeiramente livre quando é instruido, quando consegue tirar as amarras ao pensamento através da cultura, proporcionando-lhe a abertura do espirito necessária para ter a capacidade de sonhar e poder assim partilhar dando-lhe voz tal como o poeta cantou “…quando o homem sonha, o mundo pula e avança”

Parabens à autora!

Isabel Moreira Rego
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