CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

EPISODIOS TRADUZIDOS VII

O combate de Ailly com o filho na batalha de Ivri

(Episodio extrahido da «Henriada», Canto VIII )

O indomito valor do gran Turena
Já de Nemours as tropas aterrava.
D'Ailly, veloz qual raio, ia esparzindo
Por entre os batalhões espanto, e morte:
O valente d'Ailly, todo orgulhoso
Com seis lustros de gloria, e de combates,
Que da guerra no ardor sanguinolento
Sente, a despeito da rugosa edade,
Tornar-lhe a robustez, ferver-lhe o brio.
Com elle um só guerreiro ousa affrontar-se,
Um destemido heróe na flôr dos annos,
Que n'este matador, e illustre dia
Os horrores mavorcios encetára.
De um suave hymenêo gosando apenas,
E mimoso de Amor, a Amor se esquiva:
Com pejo de que só na gentileza
Soasse, consistisse a fama sua,
Vôa aos conflictos, sôfrego da gloria.
Lamentando-se aos céos a linda esposa,
Os rebeldes maldiz, maldiz a guerra;
Resolvendo aggregar-se aos combatentes
O seu terno amador, convulsa, e triste
Lhe une ao corpo gentil o arnez pezado,
E humida a face de amorosos prantos,
Em capacete precioso esconde
Semblante, que devia ás graças tanto,
Olhos em que seus olhos se reviam.
Eis ufano, raivoso, arrebatado
Parte contra d'Ailly o audaz mancebo
Por entre o fogo, o pó, e o sangue, e a morte.
Ambos, de egual braveza estimulados,
Os ardidos ginetes espoream,
Das féras legiões ambos se arredam,
E correm ambos á planicie hervosa,
Toda corada de purpureos lagos.
Carregados de ferro, em sangue envoltos,
Com pavoroso assalto os dous se encontram:
Resôa a terra, as lanças arrebentam,
Assim como n'um céo tempestuoso
Duas pejadas nuvens carrancudas,
Que, no bojo encerrando ignea materia,
E de enorme encontrão, de horrendo embate
Rotas nos ares, pelos ares vôam:
Gera o choque relampagos, e raios,
Estrondêa o trovão, e assusta o mundo.
Mas por subito impulso, e nova sanha
Ei-los dos brutos férvidos se arrojam,
Escolhendo outro genero de morte.
Já lhe reluz nas mãos o liso alfange
A cevar-lhe o furor corre a Discordia,
E o Genio torvo, que preside á guerra;
Segue-os a morte pallida, e sanguenta.
Miseros, esperae, detende os golpes...
Mas negro fado os animos lhe inflamma.
Este áquelle, raivando, aquelle a este
Tenta no coração cravar o alfange,
No exposto coração, que não conhece.
Do retalhado arnez faiscas saltam,
Golphando o sangue, as mãos lhes purpurêa;
O escudo, o capacete, á força oppostos,
De cem golpes crueis alguns mallogram,
Alguns aparam, rechaçando a morte.
Os rivaes entre si, como assombrados
De tão alto valor, se respeitavam;
Mas o annoso d'Ailly co'um golpe infausto
Lança em terra o magnanimo guerreiro.
Seus olhos para sempre á luz se fecham,
Cáe-lhe o elmo, descobre-se-lhe o rosto,
D'Ailly o vê, o abraça... ah! E' seu filho...
Oh desesperação ! Oh desventura !
O deploravel pae, banhado em pranto,
As armas contra si voltar intenta,
Mas compassivas mãos no duro lance
Lhe acodem, se lhe oppõe, do ferro o privam.
Tremendo, soluçando, o triste velho
Foge d'aquelle horror, amaldiçôa
Seu criminoso, e barbaro triumpho;
Os homens, a grandeza, a gloria esquece,
Desejando esquecer-se de si mesmo,
E em solitarias brenhas vae sumir-se.
Ali, quer surja o sol, dourando os montes,
Quer se mergulhe nos cerúleos mares,
De seu filho infeliz o triste nome
Com lamentosa voz ensina aos eccos,
Aos eccos, de escutal-o enternecidos.
Do bello moço extincto a dôce amante,
Levada do terror, fria, saudosa,
Em passo vacillante ao sitio corre
Por onde borbulhára o sangue em rios.
Aqui, e ali caminha, indaga, observa,
E da guerra entre as victimas cruentas
Distingue emfim o esposo. Ao vêl-o a triste
Cáe sem accordo na sanguinea terra,
Segue-os a morte pallida, e sanguenta.
Miseros, esperae, detende os golpes...
Mas negro fado os animos lhe inflamma.
Este áquelle, raivando, aquelle a este
Tenta no coração cravar o alfange,
No exposto coração, que não conhece.
Do retalhado arnez faiscas saltam,
Golphando o sangue, as mãos lhes purpurêa;
O escudo, o capacete, á força oppostos,
De cem golpes crueis alguns mallogram,
Alguns aparam, rechaçando a morte.
Os rivaes entre si, como assombrados
De tão alto valor, se respeitavam;
Mas o annoso d'Ailly co'um golpe infausto
Lança em terra o magnanimo guerreiro.
Seus olhos para sempre á luz se fecham,
Cáe-lhe o elmo, descobre-se-lhe o rosto,
D'Ailly o vê, o abraça... ah! E' seu filho...
Oh desesperação ! Oh desventura !
O deploravel pae, banhado em pranto,
As armas contra si voltar intenta,
Mas compassivas mãos no duro lance
Lhe acodem, se lhe oppõe, do ferro o privam.
Tremendo, soluçando, o triste velho
Foge d'aquelle horror, amaldiçôa
Seu criminoso, e barbaro triumpho;
Os homens, a grandeza, a gloria esquece,
Desejando esquecer-se de si mesmo,
E em solitarias brenhas vae sumir-se.
Ali, quer surja o sol, dourando os montes,
Quer se mergulhe nos cerúleos mares,
De seu filho infeliz o triste nome
Com lamentosa voz ensina aos eccos,
Aos eccos, de escutal-o enternecidos.
Do bello moço extincto a dôce amante,
Levada do terror, fria, saudosa,
Em passo vacillante ao sitio corre
Por onde borbulhára o sangue em rios.
Aqui, e ali caminha, indaga, observa,
E da guerra entre as victimas cruentas
Distingue emfim o esposo. Ao vêl-o a triste
Cáe sem accordo na sanguinea terra,
Nos olhos se lhe estende o véo da morte.
«E's tu, meu caro amante?...» Estas palavras
Cortadas pela dôr, estes suspiros
Que sólta, desmaiando, ah! não se escutam.
De novo os olhos abre, une de novo
Os labios seus aos labios que idolátra,
Os ternos beijos ultimos lhe imprime,
Aperta o corpo misero entre os braços,
Entre os mimosos braços côr de neve,
Os olhos n'elle põe, suspira, e morre.
Pae infeliz, misérrimos esposos,
Lastimosa familia, exemplo triste
Dos crimes, do furor d'aquella edade,
Ah! Praza aos céos que a horrida lembrança
D'este medonho, e tragico successo
A comiseração, a humanidade
Excite em nossos derradeiros netos,
E aos olhos uteis lagrimas lhe arranque
Para que o rasto dos avós não sigam !

Submited by

domingo, novembro 1, 2009 - 18:54

Poesia Consagrada :

No votes yet

Bocage

imagem de Bocage
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 14 anos 19 semanas
Membro desde: 10/12/2008
Conteúdos:
Pontos: 1162

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of Bocage

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Poesia Consagrada/Geral ADIVINHAÇÕES V 0 1.857 11/19/2010 - 15:55 Português
Poesia Consagrada/Geral ADIVINHAÇÕES VI 0 2.225 11/19/2010 - 15:55 Português
Poesia Consagrada/Geral ADIVINHAÇÕES VII 0 2.330 11/19/2010 - 15:55 Português
Poesia Consagrada/Geral EPIGRAMMAS I 0 1.285 11/19/2010 - 15:55 Português
Poesia Consagrada/Geral EPIGRAMMAS II 0 1.034 11/19/2010 - 15:55 Português
Poesia Consagrada/Geral EPIGRAMMAS III 0 1.435 11/19/2010 - 15:55 Português
Poesia Consagrada/Geral EPIGRAMMAS IV 0 1.226 11/19/2010 - 15:55 Português
Poesia Consagrada/Geral EPIGRAMMAS V 0 1.160 11/19/2010 - 15:55 Português
Poesia Consagrada/Geral EPIGRAMMAS VI 0 1.506 11/19/2010 - 15:55 Português
Poesia Consagrada/Geral EPIGRAMMAS VII 0 1.404 11/19/2010 - 15:55 Português
Poesia Consagrada/Geral APÓLOGOS XVI 0 2.177 11/19/2010 - 15:55 Português
Poesia Consagrada/Geral APÓLOGOS XVII 0 1.138 11/19/2010 - 15:55 Português
Poesia Consagrada/Aforismo APÓLOGOS XVIII 0 1.997 11/19/2010 - 15:55 Português
Poesia Consagrada/Geral APÓLOGOS XIX 0 1.082 11/19/2010 - 15:55 Português
Poesia Consagrada/Geral APÓLOGOS XX 0 1.557 11/19/2010 - 15:55 Português
Poesia Consagrada/Geral APÓLOGOS XXI 0 1.002 11/19/2010 - 15:55 Português
Poesia Consagrada/Geral APÓLOGOS XXII 0 842 11/19/2010 - 15:55 Português
Poesia Consagrada/Geral APÓLOGOS XXIII 0 1.697 11/19/2010 - 15:55 Português
Poesia Consagrada/Geral APÓLOGOS XXIV 0 1.155 11/19/2010 - 15:55 Português
Poesia Consagrada/Geral APÓLOGOS XXV 0 1.123 11/19/2010 - 15:55 Português
Poesia Consagrada/Geral APÓLOGOS XXVI 0 1.243 11/19/2010 - 15:55 Português
Poesia Consagrada/Geral APÓLOGOS XXVII 0 1.333 11/19/2010 - 15:55 Português
Poesia Consagrada/Geral APÓLOGOS XXVIII 0 1.717 11/19/2010 - 15:55 Português
Poesia Consagrada/Geral APÓLOGOS III 0 1.163 11/19/2010 - 15:55 Português
Poesia Consagrada/Geral APÓLOGOS IV 0 1.191 11/19/2010 - 15:55 Português