CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

Carta

Será outono aí. Será de noite.
Venho dos meus assuntos aos teus olhos.

Continuo te amando
com este amor de brisa,
sem carne, sangue, pele ou contingências,
com esmero de traços paralelos
e esta mania de oficiar meus ritos
nos altares do caos.

Faz muito que não sei notícias do teu cão.
Ainda não me contaste
como se comportou a primavera
nos muros do teu pátio.

Noto que não nos restam amigos em comum.

De mim te conto: agora uso chapéus
de feltro cor de mel quando te penso
e quando - como de hábito - estou louca,
um panamá genuíno, faixa preta,
que até me faz sentir quase normal.

Terminei de escrever aquele livro
por presumir que tenho algum talento.

Fui a Istambul de novo, porque sim,
só por causa das pombas que esvoaçam
desde a Mesquita Azul ao Corno de Ouro
às seis da tarde quando o dia apaga
e a voz do muezim chama ao adhãn
e me chega uma lástima de lágrima
por nunca haver acreditado
numa alma imortal.

Dei uma volta à vida, podes ver,
de tão exacerbada envergadura
que até a nogueira
que tem teu nome escrito em cada rama
morreu de espanto.

Essas coisas de mim venho contar-te
e, como vês, repito sempre o mesmo:
continuo te amando
com este amor de brisa
e vocação de caos.
 

Submited by

quarta-feira, maio 4, 2011 - 21:55

Ministério da Poesia :

No votes yet

Tania Alegria

imagem de Tania Alegria
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 13 anos 31 semanas
Membro desde: 05/02/2011
Conteúdos:
Pontos: 156

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of Tania Alegria

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Ministério da Poesia/Poetrix Não soube reinventar um céu 0 549 05/04/2011 - 22:39 Português
Ministério da Poesia/Poetrix Houve um tempo de espelhos e de pátios 0 678 05/04/2011 - 22:36 Português
Ministério da Poesia/Poetrix Forjar silêncios 0 502 05/04/2011 - 22:32 Português
Ministério da Poesia/Poetrix Espero uma palavra 0 501 05/04/2011 - 22:27 Português
Ministério da Poesia/Poetrix Um punhado de argila 0 546 05/04/2011 - 22:24 Português
Ministério da Poesia/Poetrix Sul 0 563 05/04/2011 - 22:20 Português
Ministério da Poesia/Poetrix Gerúndio 0 579 05/04/2011 - 22:12 Português
Ministério da Poesia/Poetrix Cambalacho 0 429 05/04/2011 - 22:08 Português
Ministério da Poesia/Poetrix Arautos 0 790 05/04/2011 - 22:02 Português
Ministério da Poesia/Poetrix Carta 0 589 05/04/2011 - 21:55 Português
Ministério da Poesia/Poetrix Venho matar-te 0 723 05/04/2011 - 21:20 Português
Ministério da Poesia/Poetrix De encruzilhada 0 628 05/04/2011 - 21:16 Português
Ministério da Poesia/Poetrix Legado 0 536 05/04/2011 - 21:03 Português
Ministério da Poesia/Poetrix Ronda 0 718 05/04/2011 - 20:53 Português
Ministério da Poesia/Soneto Credo de mulher 0 1.109 05/04/2011 - 20:47 Português
Ministério da Poesia/Soneto Soneto para partir depressa 0 991 05/04/2011 - 20:42 Português
Ministério da Poesia/Soneto A Negra 0 979 05/04/2011 - 20:35 Português
Ministério da Poesia/Soneto Presságio 0 348 05/04/2011 - 20:25 Português
Ministério da Poesia/Soneto O segredo das horas 0 553 05/04/2011 - 20:20 Português
Ministério da Poesia/Soneto Comigo levo abismos 0 482 05/04/2011 - 20:16 Português
Ministério da Poesia/Soneto Vendaval 0 479 05/02/2011 - 22:58 Português
Ministério da Poesia/Soneto Naufrágios de domingo 0 440 05/02/2011 - 22:50 Português
Ministério da Poesia/Soneto Não fomos mais que dois 0 495 05/02/2011 - 22:47 Português
Ministério da Poesia/Soneto Sempre que morro 0 424 05/02/2011 - 22:44 Português
Ministério da Poesia/Soneto Esperando o amor sem crer que exista 0 534 05/02/2011 - 22:41 Português