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O meu rio
Deslizas agora fundo, angustiado
entre penhascos de rebordos esbranquiçados
marcas de ausência de chuvas
que te trazem esganado
num Outono que não descola do estio
Anda triste o rio
Já não ouço o teu meigo cantar
que me embala a lembrança
Mesmo à distância
no miradouro da cruz
vejo um abismo de beleza que é nosso
e nos segura em penhascos de esperança
Lágrimas vertidas em limos de tristeza
moem-nos a saudade
de um rio outrora altaneiro e atrevido
que cantava e galgava escarpas
num sábio cantar de amigo
Para onde levaram a tua força e alegria
que em abraços se fazia?
Anda triste o rio
Jamais cavarão o teu chão
porque em Lagoaça e em Miranda
és tu que cavas fundo, amigo
e largo te fazes imponente
Por mais que de tristeza queiras escrever
ainda te sonho valente
Irás ao rigor do Inverno
buscar força e subtileza
e a tua fragância de flor de laranjeira
subirá as arribas
em Lagoaça, meu ventre materno
E os olhos se espraiarão
entre o verde azeitona das oliveiras
e a suavidade luminosa das laranjeiras
Tenho vontade de correr à assomada
quando em maroma te fizeres
Do fundo do teu leito
continuará a romper
a força e a audácia de um rio D´ouro
e, para sempre em ti
luz e seiva de vida irá nasce
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Comentários
As mudanças que se operam
As mudanças que se operam e a inerente nostalgia, aqui, um rio, noutro um monte (...). mas que almas sensíveis cantam em verso...
E que versos: quase um gemido, num abandono, nem sempre propositado; umas vezes a própria natureza, outras a mão do homem.
Poema imagético e personificado, conferindo emotividade.
O teu jeito de escrever, amiga Teresa!
Gostei muito deste ter rio!
Bjos
Pertenço ao Douro minha
Pertenço ao Douro minha querida amiga, cresci por ali. É a paisagem que os meus olhos guardam e se mistura nos meus sentimentos, com se fizesse parte da minha identidade.
Fico contente por ter conseguido, de algum modo, passar esta emoção.
Obrigada Odete.
Bjuzz
Rio de saudade e
Rio de saudade
e lágrimas,
rio felicidade,
de poucas páginas.
Mas que demonstra bem,
nas lembranças escritas,
o amor que a Teresa tem
pelas suas águas benditas.
LINDO
Gosto que leias o meu rio e
Gosto que leias o meu rio e me fales de lágrimas, saudades, felicidade e águas benditas.
Bem hajas amiga Nostalgia.
Beijinhos.
Muito belo..
Muito belo este teu poema ao rio Douro, minha querida Teresa. De longa história se faz o teu rio e o meu rio Tejo,
com esperança nos olhos, de os vermos correndo desde as suas nascentes, nossa alma ao alto o pendão.
Beijinhos
Jorge Humberto
Eu tenho o Douro, tu tens o
Eu tenho o Douro, tu tens o Tejo.
Sentimos que por ali há caudais inesgotáveis de poesia. E nós cantaremos...Beijinhos.
Teresa
Cantar o Douro é sempre um desafio poético, neste caso maravilhosamente ilustrado pelas mãos da poeta/pintora.
Beijinhos
Nanda
Pertenço ao Douro. Este
Pertenço ao Douro. Este desafio é uma paixão que a tua alma de poetisa captou.
Bem hajas querida amiga Nanda.
Beijinhos.