CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

Tão amável avó Maria!


Meu nome é Maria como tantas outras Marias
Antes só alegria; hoje só melancolia
Viúva muito cedo com minha filha eu sempre morei
Então ela se casou e com ela na luta eu continuei

Lembro-me do nascimento do meu primeiro netinho
Emocionei-me muito quando coloquei
em meus braços aquele anjinho
Todo mundo sabe que pelos netos
as avós sentem o dobro de carinho
Eu só tive uma filha, feliz eu fiquei de ver nascer dela
aquele frágil homenzinho

Ele chorava de noite e logo diziam:
- Chamem a vovó Maria!
Eu chegava com meu amor de avó
e transformava o choro em calmaria
Enquanto a minha filha trabalhava,
todos os dias do meu neto eu cuidava
Fui a muitos passeios com eles
e sempre nos meus braços ele estava
Então o menino cresceu
e da vovó Maria ele já não mais precisava

Comecei a sentir uma estranha mudança,
antes eu era importante naquele lar
Já não me levavam aos passeios,
a razão era porque andava muito devagar
Na sala eu me sentia isolada,
ninguém do meu lado queria sentar
Até nas conversas não tinham paciência de ouvir
o que eu tinha para falar
Diziam: -Deixe a avô Maria maluca para lá,
já está caduca ou vai caducar!


Eles não entendiam que o que eu mais queria
era um pouco de atenção
Eu queria dar para eles o meu amor de avó
e de mãe que eu carregava no fundo meu coração!
Eu nunca deixei eles verem as minhas lágrimas,
eles nunca me viram chorar
Ingratidão de neto e de filha é muito triste,
não queiram imaginar

Num dia bem cedinho pegaram a minhas coisas
e levaram para um quartinho
Quarto que se guardam tranqueiras,
meu coração ficou triste e apertadinho
Não me deram se quer uma única explicação,
para eles a minha solidão seria a solução!
Foi á noite mais triste da minha vida,
doeu muito àquela separação!

Não tinha acesso mais a cozinha
e nem podia ir á sala ver televisão
Estava no quarto das tranqueiras,
das coisas velhas curtindo a minha aflição
Um dia criei coragem e do meu sofrer
para minha filha eu fui falar
Então no meu rosto ela me deu um tapa,
vi naquela hora o meu mundo desabar

Depois deste dia era normal a minha filha me agredir
Muitas vezes sentindo muito medo eu pensei até em fugir
Mas seria loucura eu não tinha para onde ir!
O meu quarto sempre foi solitário e úmido, tive então como
resultado um reumatismo que passou a me consumir
Era só o começo do pesadelo que estava por vir

A doença me jogou numa cama,
então contrataram uma mulher para cuidar da avó Maria!
Agora sim ficou muito pior,
de dia eu apanho da mulher e a noite da minha filha!
Estou num desespero, esperando a morte me levar
Mataram em mim todos os sonhos
até o direito de existir e amar!

Sou tranqueira jogada num canto,
a minha vida hoje é tão triste e vazia
Mais durmo do que acordo,
eu me entreguei a este ambiente de melancolia...
Às vezes na minha insanidade
surgem imagens antigas,
me fazendo lembrar
que um dia
eu fui para eles...

à tão amável avó Maria

Janete Sales

Submited by

quarta-feira, julho 11, 2012 - 20:17

Ministério da Poesia :

Your rating: None Average: 5 (1 vote)

Dany May

imagem de Dany May
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 9 anos 26 semanas
Membro desde: 11/01/2011
Conteúdos:
Pontos: 1271

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of Dany May

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Poesia/Meditação Este é o seu sonho e demais ninguém! 0 693 07/27/2012 - 13:05 Português
Poesia/Tristeza Silêncio interior 0 892 07/27/2012 - 12:58 Português
Poesia/Geral O mundo não tem portas! 2 777 07/27/2012 - 12:40 Português
Videos/Outros História do povo Cigano 0 5.081 07/21/2012 - 17:02 Português
Poesia/Meditação Um homem de valor! 0 1.081 07/21/2012 - 16:11 Português
Poesia/Geral Entre lágrimas e risos! 0 679 07/18/2012 - 21:26 Português
Poesia/Meditação Que nunca me falte a água! 2 464 07/18/2012 - 21:14 Português
Ministério da Poesia/Tristeza Escuridão em mim 0 2.928 07/18/2012 - 20:55 Português
Ministério da Poesia/Amor Eu vou te vencer 0 1.188 07/14/2012 - 02:49 Português
Poesia/Tristeza Se hoje eu choro é porque preciso! 0 868 07/14/2012 - 02:08 Português
Ministério da Poesia/Desilusão Tão amável avó Maria! 0 2.712 07/11/2012 - 20:17 Português
Poesia/Pensamentos Que nunca me falte a água! 0 882 07/11/2012 - 20:06 Português
Poesia/Tristeza Se hoje eu choro é porque preciso! 0 932 07/11/2012 - 20:03 Português
Poesia/Amor O nosso amor é tudo isto! 2 921 07/09/2012 - 05:43 Português
Ministério da Poesia/Desilusão Pensamento de um passarinho 0 3.082 07/04/2012 - 22:54 Português
Ministério da Poesia/Tristeza Você me daria um emprego? E sem sentir medo? 0 2.034 07/04/2012 - 22:48 Português
Ministério da Poesia/Meditação Pedra 0 1.721 07/04/2012 - 01:37 Português
Poesia/Tristeza Um beijo 2 1.422 07/04/2012 - 01:27 Português
Ministério da Poesia/Dedicado O poeta vive a poesia 4 2.365 07/04/2012 - 01:22 Português
Ministério da Poesia/Meditação Um pedido 0 1.357 07/02/2012 - 03:08 Português
Ministério da Poesia/Amizade A sua estrela também tem que brlhar 0 2.254 06/30/2012 - 17:36 Português
Ministério da Poesia/Meditação Mundo estranho 0 1.929 06/30/2012 - 15:36 Português
Ministério da Poesia/Gótico Anjo sem asas 0 2.722 06/26/2012 - 12:20 Português
Ministério da Poesia/Meditação Vários passos... 0 1.787 06/26/2012 - 12:13 Português
Ministério da Poesia/Meditação Morrer em vida... 0 1.847 06/26/2012 - 12:10 Português