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Á Flor da Pele

O Amor

O Amor é uma rosa
Que brota num jardim.
É rima e também prosa,
Doce e silenciosa,
Que cresce sem ter fim.

É sonho e ilusão
De uma noite de Verão!
É brisa doce e suave,
Como as asas de uma ave,
Que estremece o coração!

São palavras perdidas ao vento
Memória ou pensamento
De uma estrada de incerteza
Onde desponta a pureza
Numa noite ao relento.

É simples palavreado
Sonho doce e dourado
Que deixa sempre uma dor!
É poesia perdida
Nas entrelinhas da vida
E é, somente, Amor.

  Janeiro de 1995

Mar

Por ti descobrimos novos mundos
És a alma da minha Nação.
Teus segredos mais profundos
Inspiram nosso coração.

És o desconhecido,
A mais bela fonte de saber.
Nunca nos demos por vencidos,
Lutaremos por ti até morrer!

Alma de Portugal!
És a nossa mais bela presa.
Por vezes feroz
Outras, indefesa.

Embora te temêssemos
Por seres tão belo ó Mar
Por ti navegámos
Sem nunca fraquejar!

Em ti navegou
A força de uma Nação.
Que por te achar tão grande
Te guarda no coração!

Ano de 1995

 

Paixão

O teu olhar é de prata
Tua voz dá vida ao mundo!
Mil almas se transmutam
Nesse teu olhar profundo.

És a razão de existir,
És a mais bela melodia.
Não te quero ver partir
Minha fonte de alegria.

És a minha alvorada
E o meu entardecer.
Não existirá mais vida
No dia em que te perder.

És a luz de Verão…
O entardecer de Inverno….
És chama de paixão
És o Amor eterno.

Ano de 1995

Amar e ser amado

Queria compreender-te.
Podia dar-te o meu ombro.
Queria poder amar-te abertamente.
Sermos dois num só.
Tu a espada e eu o escudo.
Amar-te não é apenas olhar para ti e sorrir.
É escutar-te, ter-te, sentir-te!
Voarmos juntos na mesma nuvem…
Velejarmos no mesmo barco…
É dizer-te uma palavra de amor!
Beijar-te com ternura.
Repousar em mim esse teu corpo de menino.
É embalar-te e adorar o teu sorriso.
Proteger esse teu corpo indefeso.
E a tua alma nua de pecado.
É dar-te o que me deste.
E agradecer à vida por estares ali.
                         
    Julho de 1995

Sonho

Um dia sonhei ser ave
E ter asa p’ra voar.
Esvoaçando livremente
Sem ter horas p’ra voltar.

Ergui-me no imenso céu
E voei sem hesitar
Atirei-me no vazio
Sem medo de fraquejar.

Novas gentes conheci,
Novos mundos visitei.
Mil aventuras vivi
E com golfinhos mergulhei.

Quando a noite chegou
Ao meu quarto regressei.
A Lua bem alto no céu
Novamente eu sonhei.

Ano de 1995

 

Desejo

A ânsia de querer
É mais forte que a razão.
Tenho fome de me perder
No fundo do teu coração!

A paixão que sinto por ti,
É forte e arrebatadora
Quero-te mais do que à vida.
Minha musa inspiradora.

Dezembro de 1995

 

Amor

Despertando secretamente
Como um sonho ou ilusão
Envolve-nos de magia
Alcançando o coração!

Queima por dentro o corpo!
Faz-nos perder a razão!
Por vezes é doloroso.
Envolve-nos com sedução.

Ano de 1995

 

 

Espera

Por ti espero ansiosa
Contando cada momento.
Não te consigo esquecer,
Não me sais do pensamento.

Querer-te é um delírio!
Desejar-te é sofrimento!
Amo-te loucamente
Faça chuva, sol ou vento.

Dezembro de 1995

 

 

Ser

Quis ser uma chave
Para abrir o teu coração.
Descobrir os teus segredos
E amar-te com paixão.

Quis ser um cofre-forte
Para te guardar em mim,
Contemplar tua beleza
E amar-te até ao fim.

Quis ser o teu berço
Quando à vida tu vieste
Ensinar-te o que é a vida
E dar-te o que me deste.

E no dia em que morreres
Quero ter-te junto a mim.
Eu serei o teu anjo
Que cuidará sempre de ti.

Ano de 1995
Menino da rua

Menino da rua!
Criança perdida
Rumando sozinho
Na estrada da vida!

Menino da rua!
Suportando a dor
Vagueando à deriva
Sedento de amor.

Menino da rua!
Sofrendo sozinho,
Perdido no mundo
Sem amor nem carinho.

Ano de 1995

 

Luar

Estava sozinha
Na rua ao luar
Pensando no porquê
Qual a razão de te amar!
Não encontrando resposta,
Segui na rua em vão,
Tentando a todo o custo
Sossegar meu coração.
Ao ver as estrelas
No céu a brilhar
Percebi por fim
Qual a razão de te amar.
Olhei para dentro de mim
E compreendi então
Que é bonito amar
Mas sem ser amado não!

Fevereiro de 1996

 

Memórias de guerra

Ideias tão vagas
Me enchem a memória
Falam de lutas,
De sangue e de glória!
Folheio então o livro
Do meu pensamento
E dou enfim por mim
À chuva e ao vento.
No meio da batalha
Que tenho que travar
Não tenho mais forças
Preciso acordar!
Mas algo me diz
Que não posso parar!
Então a coragem
Que tinha partido
Volta para o peito
De onde tinha saído.
Pego nas armas
Começo a lutar
Conseguindo por fim
Ao pesadelo ganhar
Esse fantasma,
Que estava em mim,
Ao ser derrotado,
Ali teve o seu fim.

Fevereiro de 1996

 

 

 

 

João de Deus

Amava a vida intensamente
Como a quem resta um só dia,
Num desejo eloquente
Repleto de sonho e magia.

Palavras escritas ao vento
Embaladas na brisa do mar
Na memória um só pensamento
O desejo intenso de amar.

No corpo o calor da poesia
Como só um poeta sente,
Entre a loucura e a fantasia,
Desejo de amar loucamente.

Num só poema condensava,
Mil sentimentos, uma dor.
Sorrisos, sonhos, esperanças,
Mil palavras de amor.

          Março de 1996

Sonho de criança

Desde o dia em que nasci
Só a ti eu contemplei
Mal os olhos em ti pus
E logo ali eu te amei.

Os anos passaram lentos,
A saudade a aumentar!
Um vazio no coração
A sofreguidão de te amar.

Agora que sou mulher
Só teu corpo eu desejo
Enlouqueço de paixão
Ansiando p’lo teu beijo.

No dia em que morri
Os meus olhos eu fechei
O meu corpo eu perdi
Mas na alma te guardei.

Março de 1996

Viver

Nem a lâmina d’um punhal,
Nem a ponta de uma lança,
Podem de nós arrancar
A Força, a Fé e a Esp’rança!

Poderei mil vezes partir
E mil vezes regressar
Mas não há dor, sofrimento
Que me possam destroçar.

A coragem não nos deixa
Ainda que a dor seja imensa!
Há sempre uma réstia de chama
Uma luz forte e intensa.

Março de 1996

 

Palavras soltas

Memórias, vidas passadas
Sangue, suor e destino.
Gritos soltos, sem sentido
Palavras fortes de um hino.

Cor, poema, criança
Palavras de alegria
Risos, ruídos, canções
Repletos de fantasia.

Medo, dor, sofrimento
Palavras escritas no escuro
Esperança, sonhos, momentos
Desejos de um bom futuro

Março de 1996

 

Porque não vens?

Anseio por ser amada,
Minh’alma vive num tormento constante,
Esperando um olhar teu!
Meu coração chora num pranto eterno
Meu corpo explode de prazer
Vivendo no tormento de querer!
Minha boca treme de desejo,
Ansiando por teus lábios nos meus
Mas diz-me, porque não vens?

Quero sentir-te junto a mim,
Aquecer-me no calor do teu abraço,
Amar-te até à exaustão!
A vida assim não tem sentido.
De que vale a pena a existência?
De que vale vive mais um dia?
Acordar para mais um momento de mágoa e dor?
Onde estás meu amor? Porque não vens?

Março de 1996

 

O nosso amor

Que os céus chorem lágrimas de sangue,
Que sele no mundo a força da razão.
No dia em que deixar de sentir
Tua força, teu calor, tua paixão.
Que a tristeza consuma o mundo
Que seja fogo a água do mar!
Que morra na Natureza a alegria
No dia em que me deixares de amar.

Que a Lua que brilha no céu
Se transforme numa pedra escura.
Que dure no mundo a alegria
Enquanto o nosso amor perdura.

E que nas estrelas do firmamento
Apareça nosso nome escrito
Que cintile mais forte que tudo
E alcance o infinito.

         
Abril de 1996

Reflexão

Que se incendeiem os céus
Porque hoje o fruto do meu amor
Foi colhido por outrem
Que as pétalas das flores
Derramem lágrimas de sangue
E que cesse no mundo o amor por alguém.

     
  Abril de 1996

Cruel!

Cruel! Esse tempo que me fazes esperar.
Cruel! Os momentos em que me fazes desesperar.
Cruel! O amor que sinto por ti.
Cruel! Já não sei viver para mim.
Cruel! A angústia de te perder.
Cruel! Sem ti já não posso viver!
        
Abril de 1996

Dois

Como duas gotas de água caídas da mesma nuvem,
Assim somos nós.
Como duas borboletas pousadas juntas na mesma flor,
Assim somos nós.
Como duas rosas colhidas no mesmo jardim,
Assim somos nós.
Como punhais que matam os amantes,
Assim somos nós.
Como dois gomos de uma laranja,
Assim somos nós.
Como o mar que se deita com a areia e lhe segreda ao ouvido,
Assim somos nós.

Abril de 1996

 

Pena

Pena do mundo que se deixa morrer,
Pena daquele que vive a sofrer.
Pena do homem que teme sonhar
Pena daquele que deixa de lutar.

Pena de quem já não sabe amar,
Pena do vento que vive a soprar.
Pena do Tempo que não sabe parar
Pena do ódio que teima em matar.

Pena daquele que se destrói a si próprio,
Que se envolve no fumo e no ópio.
Pena de quem se tem de prostituir
Pena de quem vive a vida a fugir.

Tenho pena de ter pena
Por quem sofre assim
Porque não é por ter pena
Que têm pena de mim!
                      
Agosto de 1996

Querer

Espero.
Penso.
Desejo-te.
Desespero.
Quero esquecer, mas não esqueço. Quero fugir mas não ando. Quero parar mas tropeço.
Quero amar-te e não te amo.
Tremo.
Medo?
Ansiedade?
Espera.
Quero olhar-te e não te vejo. Quero tocar-te e não te sinto. Quero beijar-te e não te beijo.
Quero mentir-te e não te minto.
Quero ser eu e não sou mais. Quero ser minha e já sou tua.
Quero ser o Sol e sou a Lua.
Quero ser uma rosa e sou um espinho. Quero ser ódio e sou carinho. Quero ser mulher e sou menina.
Quero ser o Destino e sou a sina.
Pausa.
Reflexão.
Fim?
Continuação.
Quero ser verdade e sou mentira. Quero parar o mundo mas ele gira.
Quero ter a vida só p’ra mim.
Quero ser princípio e sou o Fim.                                   
                                        
           Setembro de 1996

 

 

 

Vida cessante

Não posso mais voltar!
Que esta porta que se fecha
Nunca mais se abrirá.
Que esta vida que me deixa,
Me dói no corpo e me aleija
Nunca mais me encontrará!

E o lume se apagou.
E o perfume desapareceu.
E o pássaro q’outrora voou,
As suas asas cerrou
E o seu voar se perdeu

E a rosa que desabrochou,
Alegre no campo florido
As suas pétalas fechou,
E o seu odor secou
No triste campo despido

Abril de 1997

Incerteza

Nesta vaga de incertezas
Que me conduz sem destino,
Navego no azul sem fim
Escutando o queixume do mar
Tenho o sonho só p’ra mim.
Tenho medo de acordar.

Que esta brisa que me toca,
Me beija no rosto sofrido
Não cesse de me beijar
Que eu não quero mais chorar
Por esse amor já perdido.

E que o Tempo que outrora cessou
Me leve p’la vida fora!
Que as ondas do mar imenso
Neste medo forte e intenso
Não me deixem mais ir embora.

                                  Julho de 1997

 

Amor em desalinho

Já não te amo não te quero,
Já não te sinto não te vejo.
Espero por ti e desespero,
Perante meu amor sincero
E a mentira do teu beijo.

Envolvida nesta ilusão,
Temo por meu amor sem fim!
Fecho os olhos à razão,
Sigo a voz do coração
E sinto-te dentro de mim.

Ano de 1997

 

Perdida

O que é feito de ti
Meu poema minha luz?
Já não sinto o teu bramir
Dentro de mim, no meu sentir
Que te carrego como uma cruz!

Já não vejo teus olhos nos meus…
Já não pesa o meu coração…
Meus lábios não pousam nos teus
Perante o consentimento de Deus
Entre o Pecado e a Razão!

Ano de 1997

 

Sonhos vãos

Um dia sonhei ser poeta,
Escrever palavras ao vento!
Amor, papel e caneta,
Voo na cauda de um cometa
Sou uma flor, um pensamento.

Mas não sinto o fulgor do verso
A encher meu coração.
Já não sou mais um poeta
De folha, sonho e caneta
Escrevendo o que vem à mão.

Dos meus olhos de Infinito
Não vislumbro mais a Esperança!
È uma doce Lembrança,
Que se perdeu na andança
Desde Mundo que gira aflito.

Já não sei escrever poemas,
Já não tenho o sentimento!
Perdido todo o alvor,
Toda a garra e calor
Levou-o o vento, levou-o o vento!
   
Ano de 1997

 

 

 

Questões

Todos os dias me interrogo
Sobre o porquê desta vida.
Será o seu objectivo
Colocar-nos meio perdidos
Neste beco sem saída?

Quem sou eu e porque existo?
Quem és tu meu companheiro?
Quem é quem nesta farsa
És tu falso ou meu comparsa? 
      
Ano de 1997

 

 

Ser

Sou a luz que acalenta a vida
Em mim, o mapa do Destino.
O corpo, a certeza, a razão!
Na cara, o amor, mil corações!
Na alma, a Pátria, o Hino!

O coração numa bola de fogo
Infinitos amores e paixões!
Os olhos espelhando emoções
Os lábios tocando em sinos.

         Ano de 1997

 

Alguém

Fui Camões sem Lusíadas
Fui Abril de Liberdade!
Fui cantiga de Revolução
A Pátria, o sangue na mão
Fui fado e fui saudade.

Sou um quadro de Miguel Ângelo
Pintado num dia de fúria!
Sob as mãos de um pintor
Com bravura e alor
Nasci de uma doce lamúria.

Sou uma ópera de Mozart
Sinfonia inacabada
Partitura não ritmada,
Arco de volta perfeita
Fado feito à desgarrada.

    Ano de 1997

 

História de uma existência

Sou o Inferno de Dante
A Julieta de Romeu.
Partitura inacabada
Pedaço de tela pintada
Sou as estrelas de Galileu.

Fui Miserável em Vítor Hugo
Fui Isolda sem Tristão.
Fui o Graal desaparecido
Nas Brumas p’ra sempre perdido
Fui Sócrates e fui Platão.

     Ano de 1997

 

Fantasias

O silêncio!
Fecho os olhos.
Dentro do meu ser deixo correr uma infinidade de sonhos.
Trespassam-me a alma
Queimam-me o corpo!
Ferem-me os sentidos.
Embalada por Morfeu, penetro mais fundo no meu ego
Algo desperta em mim!
Toca-me ao de leve e estremeço.
Desperta para as emoções, peço insaciável por mais.
Tocas-me ao de leve.
Beijas-me a pele macia.
Sinto os teus lábios contra os meus.
Teu corpo quente junto a mim.
Envolvidos num véu de loucura, deixamo-nos consumir pelos sentimentos.
Já não sou eu, já não existo.
Sou Anjo, sou Demónio,
Perco-me, saio de mim.
Grito por ti.
Mais e mais e mais.
Então acordo.
Ao meu lado, a almofada vazia.
À minha volta, o quarto despido.
O silêncio! O silêncio!
            
Agosto de 1997

 

 

 

Sopro de Perfeição

Hoje nasci e sou poema
Que se derrama sobre as páginas
Do livro da vida.
Sou beijo de rosas
Que se requebra
Sob o hálito do orvalho!
Sou perfume de pranto
Dissolvendo-se na melodia do Amor
Sou cristal que se quebra
Nas mãos da raiva agudizada.
E sou aquela que desperta
Na página virada de um livro
Para descobrir que é simplesmente Nada!

         Dezembro de 1997

 

Duvida

Porque me sinto estranha!
Porque ninguém me escuta ou não deve escutar!
Porque o meu coração balança e teima em não acalmar!
Porque já não sei o que quero nem sei se devo querer!
Já não sei se crio ilusões sobre o que já não é mas quer teimar em ser, em permanecer.
E o que poderia ser não o é porque não se deixa ser.
Confuso? Não. Vivido, sentido e ressentido!

Ano de 2000

 

 

OLHAR

Não consigo tirar os olhos de ti e não sei porquê
Se não os cruzas com os meus…
Mas quando me olhas ainda que de soslaio
Sinto-me bem, quase recompensada, como uma dádiva que não o deveria ser!
Será o teu olhar hipnotizante?
Serás Anjo ou Demónio?
Quem te deu a ti o poder de me colocar em transe?
Porque és doce mas não o sabes
Debaixo de uma falsa rebeldia, encoberta pela insegurança do teu ser!

Ano de 2000

 

Ingrato Coração

Como sofres ingrato coração
Que te entregas ao amor, despudorado!
Regozijas com os acenos do vilão,
E reprimes os beijos do amado!

És cobarde na meta do impossível
Negando à voz dos lábios o que sentes.
Cobres o teu pranto com sorrisos
Ornas com fantasias porque mentes.

Sofres solitário a tua mágoa
Fechas os teus olhos, derrotado.
Cerras os punhos num impulso
Recostas-te indolente no teu fado.

E ao negares a ti mesmo o teu sentir,
Coíbes-te na dor e solidão!
Ceifas-te aos poucos com receios
Enganas-me, ó ingrato coração!

Ano de 2000

 

Brisa

Aqui na noite que passa lenta
Amo-te ainda mais intensamente.
A brisa suave e reconfortante
Embrenha-me num abraço
Que traz de longe uma envolvência…
Sinto o toque suave percorrendo minha alma,
Sinto-me tocada por um beijo
Que vem de longe, muito longe…
Quase irrespirável!
Quase irreconhecível!
Imagino ver-te por instantes,
Mas é a noite que me ludibria!
Ilude-me num esgar malicioso!
Traz-te num instante até mim
Para de novo te perder na solidão.

Ano de 2000

 

Beijos de cetim

Noite que cai à desgarrada,
Chuva que te prende junto a mim,
Por trás dos vidros embaciados
Enrolados em beijos de cetim!

No ar o cheiro a chocolate fumegante…
A lenha que se queima na lareira…
Palavras que se arrastam, melodiosas
A vontade de amar a noite inteira!

Os braços que te estendo desamparados,
Pedindo o teu calor e companhia.
Corpos que se colam já suados
Desejo de te ter por mais um dia.

Mas se só um dia mais bastasse,
Para se ter o que se quer de tal maneira
Que esse dia então jamais cessasse
Ou calasse o tempo a vida inteira!

Ano de 2000

O pouco tanto que somos

Olho de solsaio o mundo pelos meus olhos de poeta!
Loucos, sábios, visionários!
Sofro tormentos medonhos,
Paixões Dilacerantes,
De risos, odores e frenesim!
Oro a mil deuses e deus nenhum.
Rio risos coloridos feitos de seda e algodão!
Sou água, montanha, pirâmide!
Sou dia, noite, alfa e ómega,
Repleta de intensidade, de certeza, de constância…
E revejo-me no nada que sou!

Novembro de 2005

 

Encruzilhada

Saí procurando o amor,
Batendo em todas as portas,
Levando na bagagem alor,
Por ruas sinuosas e tortas!

Corri vales e montanhas.
Grutas e mundos perdidos,
Prados de erva floridos,
Planícies estéreis e mortas!

Exausta da longa viagem,
Voltei para d’onde parti.
Cruzei-me na estrada com a Vida,
Que me disse desiludida:
“O amor não espera por ti!

Novembro de 2005

 

Mulher e Mãe

Tu mulher que sonhas o mundo
Que és mãe e filha,
Libertadora e escrava,
Ousa sonhar para ti
A Liberdade!
Realiza-te na plenitude do teu ser…
Revê-te no Ontem mas sê
O Hoje e o Amanhã!
Bebendo da tua sabedoria
Se construirá o Futuro.

Ano de 2006

 

 

Poeta

Poeta dos olhos de luz,
Da voz doce e serena
Na alma, a eterna cruz
Da vida presa a uma pena!

Saudade, palavra cruel
Que traz ao peito uma dor!
Lembrança de alguém que já foi
Memória d’um eterno amor.

Não há um poema perfeito.
Uma rima sem mestria.
É a voz que se escuta da alma
Ecoando em nós por magia.

É ter no interior um ritmo,
Uma batida, um frenesim!
Uma canção que nos embala
Batendo num compasso sem fim.

Dezembro de 2006

Quem sou

Pensava eu ser poeta
Quando minh’alma espraiava,
Com sonhos, papel e caneta,
Libertava-me da grilheta,
E sonhava, sonhava, sonhava...

Mas poeta não sei se sou!
Falta-me talento e vocação,
Para compor poesia
Apenas tenho a magia
De fazer falar o coração.

Se suas palavras são sábias
Ai isso não sei dizer!
Bate louco, descompassado,
Num compasse alvoroçado
Falando até não mais poder.

Se esta batida pudesse,
Revelar o que vai cá dentro,
Seriam as palavras ocas,
Desnecessárias as bocas,
Falava só o sentimento!

Ano de 2006

Vazio

Olhas nos meus olhos mas não vês a minha alma!
Ouves as minhas palavras mas não escutas meu coração!
Beijas os meus lábios mas não sentes meu sabor!
Tocas o meu corpo mas não entras na minha pele!
Quando vens ser um comigo?
Uma só boca, uma só voz, um só pensar!
Anseio a cada dia que passa por te ver entrar em mim e assumirmos a mesma forma.

Ano de 2006

Silêncios que as palavras negam

Pudesses ler em meus olhos,
Aquilo que meus lábios calam
Terias a certeza enfim
Daquilo que os corações não falam.

Silêncios que palavras não dizem!
Mutismos que gestos não explicam!
Viveres de devoção profunda
Felicidade de que os Homens abdicam.

Pudesse eu pôr por palavras
O Amor que sinto por ti!
Serias senhor do meu reino
Dono de felicidade sem fim!

          Ano de 2006

 

Fado

Triste destino o meu que neste mundo existo.
Triste condição esta de ser alguém.
Criar nos outros uma imagem.
Que nem eu conheço muito bem.

Dão-nos papel logo à chegada,
Com um nome, uma data, um nascimento.
Mas quem sou ninguém me explica.
Serei eu filha do vento?

Representamos o guião até à morte.
Má sorte a de quem não é um bom actor!
Triste sina de quem se nega ao seu papel.
Baixa defesas e entrega-se sem pudor.

Ah vida tão desajustada que me deste!
Maldita consciência esta de ser!
Queria eu ser burra, sem ter tino.
Vivendo alegre e tola sem saber.

Ano de 2008

Beijos

Saudades dos beijos que idealizei para nós
Beijos delirantes, ardentes!
Beijos doces de paixão…
Beijos roubados, beijos prementes,
Beijos de fogo e brusquidão!
Beijos que tu nunca me deste,
Beijos que nunca te pedi.
Beijos que tu nunca quiseste.
Beijos que sonhei p’ra mim p’ra ti.

Ano de 2008

 

Breves momentos…

A noite da saudade fez-se dia
Horas de calma mansidão
Em que o medo toma asas de desejo,
Enchendo a alma imensa de paixão!

Momentos de beleza intemporal!
Suspiros de uma felicidade sem fim!
Segredos escondidos, incontáveis,
Revelados e despidos em frenesim.

Quisera o tempo, envergonhado,
Cessar sua corrida interminável.
Deitar-se plácido ao lado dos amantes.
Partilhando sua história memorável.

Mas triste destino o Tempo tem!
Nunca nunca pára de correr.
Tristeza de jamais amar alguém.
De nunca ter tempo de viver!

Ano de 2008

 

 

 

 

Eu, Mulher!

Eu? Sou Mulher!
Sou Mulher com tudo o que isso acarreta e com tudo o que isso suporta.
Sou Mulher com o que pesa esse título, essa condição.
Para que saibas quem eu sou, eu sou Mulher!
Sou aquela que se deita frágil nos teus braços e que chora no teu ombro, acreditando que tu e só tu me podes salvar do Mundo inteiro.
Não sou aquela que depositou sobre ti pressão, sou aquela que depositou em ti amor, um coração, com o peso que este acarreta.
Sou louca sim, louca pela vida, louca pela dança, louca pela música, louca por amar, louca por ti.
Sou obcecada, ciumenta, volátil, intensa, um furacão.
Sei que devoro tudo à minha passagem como lava incandescente quando não estou bem comigo e com os outros.
Sei que pensas que não sou normal quando acho que não pertenço a este mundo, mas a verdade é que até pertenço a este mundo só que não encontrei a mesma maneira de me adaptar a ele dos restantes.
Sou uma deusa sim, sou uma simples mortal.
Sei o que sou, sei que não sou perfeita, sei que nunca poderia ou deveria dizer tudo o que sou, mas digo.
Que mais tem uma pessoa a perder para além da compreensão dos outros?
Sou aquela que te ama mais do que à vida que me parece por vezes um foi tão ténue de luz, mas que é a minha única esperança de acreditar que tudo pode ser diferente.
Sou aquela que diz tudo o que pensa e que ousou dizer tudo o que pensa e muito do que todas as mulheres guardam secretamente no seu coração mas poucas têm a coragem de revelar.
Sou aquele poema que gostas de ouvir, a melodia que te faz recordar, a brisa que te arrepia e te traz de volta a saudade.
Sou forte e sou fraca.
Sou aquela que acredita com cada fibra do seu corpo que um dia os homens vão conseguir parar e perceber tudo aquilo que lhes é dito, antes que sejas tarde demais e as mulheres desistam de vez de o procurar e assumam para sempre uma postura idêntica à sua.
Sou aquela que gosta de gritar quando faz amor contigo e me levas às nuvens e que te provoca coisas que nunca sentiste ou ousaste pensar possível.
Sou aquela que gosta de ser dominada e gosta de dominar.
Sou aquela que te prende com um beijo e te solta com uma palavra difícil.
Sou aquela que te sacia a sede de amar e te seca o corpo do suor do amor.
Sou a que acredita que tudo pode durar para sempre e que às vezes tudo não passou de uma breve ilusão!
Sou bruxa e feiticeira mas não consigo encontrar a fórmula para que tudo funcione.
Sou inocente, ingénua e por vezes julgo que burra, ou uma idealista exacerbada.
Sou a que acredita e vive nessa crença, que, dois seres humanos quando se decidem juntar, crêem verdadeiramente que é para sempre e viverão segundo essa crença.
Sou a que não acredita que o amor é para o bem e para o mal, mas só para o bem.
Sou a que acredita só na verdade, não naquela que dói, mas naquela que nunca tem que doer porque quem ama não faz doer.
Sou a que sofreu sempre por aquilo em que acreditou mas que nem por isso deixou de acreditar.
Sou a que acredita na filosofia budista do amor eterno, em que dois seres vivem um para o outro, num mundo em que os homens vivem para destruir o amor.
Sou a que chora pela Humanidade e choro por amor todos os dias se for preciso.
Sou a que grita mas às vezes acha que ninguém a ouve.
Mas…sabes? Acima de tudo, sou tua e sou Mulher!

Ano de 2008
 

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sábado, janeiro 28, 2012 - 11:28

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