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É a crise
Vivemos de uma crise,
Alimentamos quem nos roubou,
Perdoamos quem não nos perdoou,
Vivemos amordaçados,
Vivemos presos para sempre dilacerados,
Somos crise, somos fome,
Somos tristes e toda a gente nos come.
No rosto o desalento,
No corpo o cansaço,
O vento não sopra
E tudo é um embaraço,
É a crise nas ruas,
As nossas vidas completamente nuas,
Somos luta e esperança,
Somos a tristeza de quem não nos alcança,
E a crise não passa,
Não vai embora,
Não se vê pela vidraça,
O povo vai para a rua e para o meio da praça,
Pede justiça,
Pede vontade,
Mas ninguém perdoa a crise de identidade,
È a crise do governo,
E a crise do desgoverno,
É a falência e o desemprego,
A vontade de um despego,
São os valores perdidos,
E os avós sofridos,
É a minha e a tua crise,
É a vida que se vai num completo desperdício,
É a sorte e o azar,
É a crise do vicio,
E a vontade de viver,
É o calado estar, e calado comer.
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Poesia :
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