CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

[Carniceiros]

[Carniceiros]

Na escuridão,
A espera, a espera...
Uma cadeira velha,
Uma janela quebrada.
Casa, que não é lar,
Tão pouco, morada...
Uma cidade presa,
Na calada, da noite.
Gritos se escondem,
Em becos escuros,
Batizados pelo mijo,
Sangue de bêbado.
Corpos protegidos,
Pela fé, Pela sorte,
Por paredes erguidas pelo medo.
Suor, lagrimas ou acaso?
Realidades maleáveis...
Sonhos manipuláveis...
Jornais que batem a porta,
Trazendo números,
Mais um morto, mais um morto.
Carniceiros se amontoam,
Sobre manchetes que escondem o chão.
Tudo serve de espetáculo, para chamar atenção.
A alma podre é um prato cheio,
Para aqueles que vivem...
De desilusões.
Em cidades de concreto e asfalto,
O sangue rega o pouco da terra,
Em forma de perdão.
Um desconhecido.
Um amigo.
Um irmão.
Carniceiros veem pequenos presentes
Como oferendas a um rei morto,
Manipulação.
O cheiro já não incomoda,
Ter um Deus pouco importa,
Faces perdidas pelas ruas,
Aflição.
Tempo que escorrega pelas sarjetas,
Levando a dignidade...
Dilacerando o pouco de humanidade,
Ombros que carregam o mundo,
Sucumbem ao umbigo.
Estar vivo, estar morto,
Já não importa mais.
O ar já não é fresco,
A agua tem um gosto insuportável
Da verdade.
E o que mais cresce,
Em meio ao silencio,
São os campos da morte.
Chora a criança,
Desespera-se o jovem...
Lamenta o adulto.
O miserável apenas sobrevive,
As favelas apenas sobrevivem,
Bairros nobres são como prisões,
Vigiadas, assistidas e impossíveis de chegar,
Que resistem em meio à realidade vigiada.
O mundo não para...
O universo não para...
Não é tua a verdade,
Não é minha a mentira.
Há muitas coisas não ditas,
Existem muitas palavras distorcidas,
Que não se explicam.
É a chuva que afoga,
O sol que castiga,
Culpa da vida que não tem dono.
Culpa da dignidade que tem preço.
O sexo não da prazer...
O coito não dá gozo...
A boca não seduz...
São apenas feridas,
Desejos da carne,
Que já não se satisfaz.
Rotina, rotina, rotina.
Nada surpreende,
A vida é banal.
A morte é casual.
O que importa é o clique,
A audiência que gera a cifra,
Ceifadores da discórdia.
Mesmo que seja necessário,
Culpar, sem se desculpar.
O que importa da história
É o começo e o fim...
O meio se justifica,
Como propaganda,
Como desculpa,
Números na conta.
O cheiro do esgoto...
O cheiro da merda...
O cheiro das ruas...
Tantas realidades,
Que se misturam.
Animal, animal, animal...
Em meio ao ato civilizatório
Somos todos irracionais.
Primatas que acham que o cheiro,
Dó próprio cú é perfume,
Que o arroto é musica,
E que o pinto e a buceta,
São do tamanho do nosso ego.
Orgulho que nos manipula.
Fé que nos cega.
Vaidade que nos corrompe.
Somos todos escravos,
De diferentes verdades.
Somos todos prisioneiros,
De nossas próprias ironias.
Somos todos mortos vivos,
Carniceiros, apodrecendo, escondidos,
Na escuridão...
A espera, a espera.

Pablo Danielli

Submited by

segunda-feira, dezembro 12, 2016 - 18:46

Poesia :

No votes yet

Pablo Gabriel

imagem de Pablo Gabriel
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 3 anos 28 semanas
Membro desde: 05/02/2011
Conteúdos:
Pontos: 2944

Comentários

imagem de MaynardoAlves

Carniceiros

Bravo! Bravíssimo!

imagem de Pablo Gabriel

Obrigado!

Obrigado!

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of Pablo Gabriel

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Poesia/Amor Susurros 0 1.859 05/25/2011 - 20:46 Espanhol
Poesia/Geral Soneto da desigualdade. 0 1.855 05/25/2011 - 20:43 Português
Poesia/Amor Cinco Poemas 0 1.701 05/25/2011 - 20:36 Português
Poesia/Geral Manchas 2 1.281 05/10/2011 - 01:35 Português
Poesia/Geral Mutilados 2 1.575 05/10/2011 - 01:32 Português
Poesia/Geral O silencio que assusta 2 2.064 05/10/2011 - 01:29 Português
Poesia/Geral As arvores e nós 2 2.437 05/09/2011 - 22:12 Português
Poesia/Amor Poesia para o novo amor 1 2.714 05/08/2011 - 22:12 Português
Poesia/Geral Tic-Tac 1 1.255 05/08/2011 - 22:03 Português
Poesia/Geral Bolso Vazio 1 1.339 05/08/2011 - 22:00 Português
Poesia/Geral Loucura 1 1.568 05/08/2011 - 21:59 Português
Poesia/Geral A maquina e o homem 1 2.116 05/08/2011 - 21:57 Português
Poesia/Geral Tosco 1 1.500 05/08/2011 - 21:55 Português
Poesia/Geral O sonho acabou! 1 2.210 05/08/2011 - 21:52 Português
Poesia/Geral Estava entre quatro paredes 1 1.789 05/08/2011 - 21:47 Português
Poesia/Geral Mãe, mulher, menina. 1 1.049 05/08/2011 - 21:45 Português
Poesia/Geral Vida Nova 1 1.377 05/08/2011 - 21:42 Português
Poesia/Geral Comum 1 2.075 05/08/2011 - 21:39 Português
Poesia/Geral Significados 1 873 05/08/2011 - 21:36 Português
Poesia/Geral Vida 1 3.882 05/08/2011 - 21:34 Português
Poesia/Geral Puro 1 1.222 05/08/2011 - 21:32 Português
Poesia/Geral Grito dos excluidos 1 1.394 05/08/2011 - 21:22 Português
Poesia/Geral Agua vida, seca morte. 1 1.300 05/08/2011 - 21:19 Português
Poesia/Geral Amores tardios 1 2.252 05/08/2011 - 20:21 Português
Poesia/Geral Sobre a flor 1 1.884 05/08/2011 - 20:18 Português