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CARTA ABERTA A DEUS...

Meus cordiais cumprimentos, amabilíssimo Deus.
Venho por meio desta, externar a dor que me fere o peito, e daqui, do meu leito de morte, e por tantas e outras coisas, passo a inquiri-lo, como outrora fizeram em teu nome – e como ainda o fazem hoje -, pelo mundo.
Isto posto, digo a ti, compreensível Deus, posso tratá-lo por ti, com sua anuência, claro. Pois muito bem,
Já que nos conhecemos há tanto tempo, mais tu, do que eu; que eu te conheço pelos livros, se bem ou mal escritos, não sei, mas tu, tu me conheces desde antes, desde quando ainda era um brilho nos olhos dos meus pais, desde quando os espermatozóides correram numa louca competição a fim de fecundarem o óvulo no ovário da minha mãe. E sei que, muito tu estavas lá presente.
Bom, mas não é sobre isso o motivo que eu estou te escrevendo. O motivo destas linhas é um pequeno desabafo de como me vai à alma; de como vai o mundo; de como vão às pessoas amarguradas nas suas desilusões pragmáticas.
Sabe antiqüíssimo Deus, tens tantos mistérios insondáveis que rondam a tua pessoa. Isso, desde tempos imemoriais, quando nós, homens ainda engatinhávamos e o universo, a tua vontade, se criava. Lembras? A sopa primordial era ainda muito insípida, mas tu já mexias o ADN e o ARN com tua colherzinha mágica. Eu bem sei que foste tu quem criou o céu, a terra, o fogo, o ar, enfim, os quatro elementos essenciais à vida humana na terra, mas, como o disse Hamlet a Horácio, “há mais coisas entre o céu e a terra, do que sonha a nossa vã filosofia", eu, assim filosofando, muito te pergunto: será que o que fizeste a este ínfimo planeta, em tão ínfimo universo, tu também não o fizeste em outros universos?
Vejas bem, outras formas de vida, diferente da nossa, claro, mas, criação tua, haja vista, onipresente Deus, que és o infinito do infinito no próprio ser infinito em que estás inserido. E ainda, pensando aqui com os botões do casaco que muito me vai roto, vejo ser possível, ou até mesmo, impossível, não teres criado outros universos, sejam paralelos ou perpendiculares, a não ser que sejas tão mesquinho, a ponto de ter criado só a nós, seres humanos, em tão infinito cosmo. Entendeste o meu pensamento, onisciente Deus? Não?! Pois bem, saibas que, também, muito não o entendo eu.
Mas, douto Deus, quando incutiste na tua criação, o livre arbítrio, junto com tal concessão, também incutiste nos homens o conceito de filosofia, e esta, é a mãe de todas as perguntas, se bem que a maioria sem respostas, inclusive, quanto a ti, conquanto tudo saiba, no devir da existência onírica da tua existência. Mas, os homens, parvos que são - na sua maioria -, querem calar a voz que nos deixaste como última barreira para que o mundo não se materialize todo em ti, por ti e para ti!
E quando da proliferação de religiões pelo mundo, o que me dizes sereníssimo Deus, disso tudo?! Se tu criaste todos a tua imagem e semelhança, porque deixaste tanta desesperança aos olhos dos outros?! Olhos oblíquos, amarelos, negros, azuis, vermelhos! Sim! Olhos que te olham com receio, olhos que vão assim vazios, o ano inteiro! E em cada um, uma sentença! Ora, se não somos um, em um todo, ou um todo, em um, porque então, tanta diferença?! Um não come carne de porco! Outro não come gado, que é sagrado! E morre-se de fome em tantos lugares maltratados, ou bem tratados, pela AIDS, EBOLA, e por tropicais doenças! Tem ainda os que se perdem em velhas crenças! Outros interpretam tão rigidamente tuas palavras, que até apedrejam as mulheres que praticam adultério, mas eles, ah! Eles podem ter quantas mulheres quiserem! Outros, ainda são indecifráveis mistérios! Outros degustam criancinhas nas paróquias da esquina! A que ponto nós chegamos, no tempo em que estamos!
E tem mais, muito, muito mais, extraterreno Deus! Tem aqueles que juram de pé, em pé, que não existes! Outros, na política vegetam, e numa folha de alface, se locupletam! Outros que dizem que tu reencarnaste em outros seres, em outras formas, em outros lugares, mas que só aqui retornaste! E tem os que falam em OVNI’s e OSNI’s, que vão e voltam por portais, quebrando as leis da física como ninguém a conhece mais; que vão e voltam, do futuro ao passado, supostamente em astronaves, e que no presente - tão falados -, todos viram e ninguém sabe!
Mas a vida aqui na terra é assim, uma voragem de gente andando como uma boiada num imenso matadouro, onde o sangue derramado faz parte da paisagem, como o fazem parte no deserto, as miragens. E vão-se caminhando perdidos nos supermercados de suas atrocidades. Vai uma bomba aí?! É bem barata. Têm-se plutônio, e muito, muito gás ozônio, e outros, de outras marcas abstratas.
Ah, venerável Deus, eu ainda me lembro da frase “tendes fé e sereis salvo!”, mas, se muito se tem fé, muitos não têm nem a salvação! E se for para nos salvar, que nos salve dos padres pedófilos! Das bombas suicidas! Do fanatismo religioso! Da incompreensão das políticas! Dos investidores de “Wall Street”! Da miséria da África! Do sofrer na estrada...
São por estas causas, e outras milhões, aqui não enumeradas, que ponho fim a esta missiva, que por mim vai assinada.
Com os devidos cumprimentos,
Subscrevo-me, cordialmente,

t@n@tus

Floresta Amazônica-BR, 05 de abril de 2009.

PS: Como eu sei que tu és um ser compreensivo, peço que perdoe esse meu pequeno desabafo, pois sei que, aqui na terra, não me será perdoado...

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segunda-feira, abril 6, 2009 - 15:21

Poesia :

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tanatus

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Comentários

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Re: CARTA ABERTA A DEUS...

MUITO BOM, o texto.
Já te respondeu?

Peço que mandes recado que por aqui também há um ser cheio de dúvidas.

Abraço

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Re: CARTA ABERTA A DEUS...

obrigado pelo comentário...e estou aguardando a resposta...

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Re: CARTA ABERTA, ADEUS...

Posso subscrever esta missiva e mandares em meu nome também?

" antes morrer que nosso sennhor nos levar"
mj

Beijo

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Re: CARTA ABERTA, ADEUS...

esteja a vontade...

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