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A Ceia

Tanto tempo já passou
entre quem senta à mesa.
Cinquentões, como disse Drumonnd*.

Espetam as carnes
e os sonhos que não se fizeram.
E sorriem de si e do que não tiveram...
Tanto já houve
entre o peru e a couve:
amores vividos,
desejos partidos
nos bons (?) tempos idos.
Ri-se da realidade que ficamos,
das lágrimas que secamos
e das utopias que abandonamos...

Assados, bebidos,
tristes, desiludidos
fazemos o arremedo
de quem já quis tudo
e hoje se queda mudo.

A crianças viraram o que fomos
e repetem a velha pantomima
da extinta Minas com rima:
Sonhos calados
e engolidos aos bocados,
com os presuntos
dos que não são mais juntos.

Mágoas sufocadas
chegam com as sobremesas.
Logo o sono dos embriagados
apagará os certos e os errados...

 

 

*Inspirado em "A Mesa" de Carlos Drumonnd de Andrade

Submited by

domingo, dezembro 26, 2010 - 20:31

Poesia :

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fabiovillela

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Comentários

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Como é bom ler sua poesia

Como é bom ler sua poesia ...

me fez recordar de Elis Regina : " ainda somos os mesmos e vivemos ,como nossos pais "

Muito bom !!!!

Beijos

Susan

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