CHOVES

Ejaculas palavras de paixão, sem fim,

Fazes com que chova de ti, no meu jardim,

A toda a hora, a todo o instante, como chove lá fora, assim...

Choves, em todo o teu esplendor,

Á minha espera, de tocaia...na esperança de me sanares este meu calor,

Derramas-te no meu peito, onde em outrora houve dor,

A toda a hora, a todo o instante, sinto o teu perfume, o teu odor...

Choves, canivetes de tesão aferruado,

Espetas o teu nome e o apelido, no meu corpo, bem cunhado,

Gabaste de seres, por mim chamado, o meu amor, o meu amado,

A toda a hora, a todo o instante, a toda a gente, por todo o lado...

Choves desesperos de mim, como se eu já tivesse morrido,

Fazes um cenário Dantesco, infernal, fodido,

Tratas do meu obituário, como se fosses o meu marido,

A toda a hora, a todo o instante, sinto-me como se já tivesse ido...

Choves, como a chuva, que hoje cai na minha janela,

Contra mim, contra todos no mundo, contra ela,

Choves-me por completo, de tal forma, que me sinto nela,