Criança do vale

É sobre uma terra seca abalada pela miséria
Onde o ser - humano a Deus desconhece,
E vive à fome, sendo sua vida cotidiana,
Neste lugar a terra se abre, a devorar sua espécie.

Uma criança magra, de tristes olhos amarelados,
Caminha descalça, com os pés nus entre a terra, dor!
A visão horripilante, a ela não amedronta mais;
A fome a consome, e nos sonhos nada mais há.

A multidão de cadáveres, entulhados ao relento;
O cheiro de morte estampado, por aonde houvesse ar,
Não tocavam mais a criança, que apenas seguia...

Procurando ávida entre pedras e muitos escombros,
Não a tia, já perdida há dias, nem mais mamãe nem papai,
Procurava ali aflita, algo pra comer, e então ir em paz.

Tiago Emanuel Luz