Distante

Distante

Distante,
Vem com teu olhar me desarmar,
Deixa-me fraco indefeso,
Paralisado.
A espera de uma palavra
Ou frase ou verso,
Que teus olhos denunciam,
E que eu visceralmente acredito
Que tu tenhas algo a me dizer,
E quando se aproxima do meu corpo patético,
Da minha figura entregue,
E por medo dissimulada,
Teu olhar desvia,
E calado,
Faz-me sentir o mais desprezado
Como se ao final de um discurso longo
E cheio de rodeios,
Dissesse-me que não me ama.
Obrigo-me a esquecer de tudo,
E de nada esqueço,
E tudo finjo.
Volto para casa e não me lembro um momento sequer
Que de ti não lembre,
E no outro dia todos os dias,
Onde maquinal tudo se repete,
Tu a me olhar calado e de longe
E por raras vezes um sorriso vago
No qual me perco feliz por estar perdido
E é tão pouco,
Mas todos os dias
No simples oi
No olhar distante
No vago sorriso,
Tenho um pouquinho de ti.
Assim eu passo os meus dias
Eu te amo.
 

Álefe de Castro Dourado