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Do sofá, ou o ciclo da dúvida existencial

Disseram-me que o céu está repleto de bondade
E o tempo corre sem pressa
Não há fome e nem tristeza
E não há lágrimas
Nem de rir, nem de chorar
Não há qualquer aspereza
Nem sequer gravidade
Tudo então é leve

Hesito…
P’ra que quero eu um tempo
Em que a água corre doce
E o oceano não conhece o sal das lágrimas?
A inércia, quem despertará dos corpos?
a que saberá o doce sem o pleno conhecimento do amargo?

Fico…
Decididamente sou da terra
Que raspo com as minhas mãos
Como se me beliscasse
Arranho minha delicada pele
Em confirmação

Choro…
De fomes que não tenho, mas que busco a mim
Do dia-a-dia em permanente modo de sobrevivência
A que vou resistindo, eu que choro
Do sofrimento alheio
Da ganância dos outros, que não me atinge
Eu tinjo meus trapos de sal de lágrimas

Mudas para o primeiro canal
Do teu naperon saem garças das que limpam os bois à beira-rio
E corações rendilhados
Como se fossemos indiferentes a tudo isto
Questionamos o sentido que nem sempre a vida nos proporciona
Pensamos em morrer, como solução

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segunda-feira, julho 20, 2009 - 23:29

Poesia :

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Conchinha

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Comentários

imagem de Hisalena

Re: Do sofá, ou o ciclo da dúvida existencial

Um poema profundo, cheio de nuances e interpretações. Creio que a resposta não está no céu nem na terra... a resposta está naquilo que fazemos da e na terra e o que esperamos do céu...talvez esperemos de mais e façamos de menos... talvez ao céu pudesse ser na terra se conseguissemos alcançar e construir tudo o que lhe dizem existir no céu.

Muito bonito, profundo, introspectivo e sobretudo deixa-nos a pensar...

imagem de Conchinha

Re: Do sofá, ou o ciclo da dúvida existencialp/Hisalena

Era o que eu pretendia.
Pensar...

um beijo e obrigado por pensares comigo - conosco.

imagem de ÔNIX

Re: Do sofá, ou o ciclo da dúvida existencial

Olá Conchinha

Como sempre mais um bom pema que me conduz por caminhos que me levem a ti e me façam retornar a mim

Também a morte é sinal de mudança, mas, sem antes cumprirmos a nossa parte depois do papel concluído.

não sera assim?

Bjs

Dolores

Ps:Gostava de ter o teu livro. Quando vens por aqui? Caso contrário quando eu for aí a Sintra (vou algumas vezes), marco contigo

imagem de Conchinha

Re: Do sofá, ou o ciclo da dúvida existencialp/Dolores

tu julgavas que era possível eu lançar um livro e não te dizer? :-o

ainda não tenho o livro, mas sei q está para mto breve.

o lançamento será na fábrica de braço de prata, 5/9 ou 12/9, às 17h00. qdo for definitivo divulgarei.

bjs

imagem de meninadorio

Re: Do sofá, ou o ciclo da dúvida existencial

De que vale um céu cheio de bondade,
sem fome e tristeza,
se estamos aqui na terra
em meio a tanta beleza

Ainda que a fome dos sem sorte
que choramos indiferentes
calados, humilhados, impotentes
Buscamos da vida, o sentido
do sofrimento por tantos vividos,
Mas, não a Morte!

Bem, como eu não assito TV, então nem me pergunte onde está o controle, porque eu não sei...

Tocas profundo, Connchinhas

imagem de Conchinha

Re: Do sofá, ou o ciclo da dúvida existencialp/menina do rio

Eu nada sugeri. Apenas propus que se pensasse no assunto :-)

bjos e obrigado

imagem de analyra

Re: Do sofá, ou o ciclo da dúvida existencial

"Como se fossemos indiferentes a tudo isto
Questionamos o sentido que nem sempre a vida nos proporciona
Pensamos em morrer, como solução"
Acho tão familiar esse sentimento, mas o bom que ele vem e passa...
E se faz outro poema.
Grande abraço.

imagem de Conchinha

Re: Do sofá, ou o ciclo da dúvida existencialp/Analyra

Vem e passa.

Obrigado e um beijo

imagem de KeilaPatricia

Re: Do sofá, ou o ciclo da dúvida existencial

Mestre

Bom em primeiro lugar quero pedir desculpa pois não vi vc no chat falando comigo, eu me importo sim com vc... Você é meu mestre e aprendo muito contigo...

Segundo: Cada dia está melhor, aplausos, mas, aqui na terra tenho tantas tristezas que quero sim saborear as coisas doces do céu... Ah o céu... Deve ser incomparável... Depois de tantas lutas, e de ver tantas injustiças, quero sim me deleitar em um doce e sublime maná ... Bom mas a morte não é solução como muitos acreditam... aqui temos um caminho a seguir e trilhar e devemos sim fazer o melhor em tudo, a morte não nós pertence... Contudo é um fato real e um dia todos iremos... Por isso deveremos buscar o melhor de cada momento e viver sempre o presente com uma visão futura, mas não deixando o hoje passar sem realizarmos o melhor de nós...

Gostei muitíssimo!!!!

BJS NA ALMA Mestre..

imagem de Conchinha

Re: Do sofá, ou o ciclo da dúvida existencialp/Keila Patrícia

De facto, estes pensamentos ocorrem e vão-se substituindo ciclicamente.

Um beijo e obrigado

Aquilo do chat era brincadeira - eu quero paz. ;-)

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