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DOIS CASOS DISTINTOS

 

Ano: dois mil e oito.
Século: vinte e um.

Já passaram por este mundo
onde me acoito
Cristo, Maomé,
profetas, homens de fé,
filósofos, professores, educadores
e mais alguns...

Já tanto se rezou e com tal zelo,
já tanto à paz se fez apelo,
em horas de silêncio
de querer
e de jejum!

Mas ao homem,
qual braseiro onde arde intenso lume,
qualquer ciúme
vence-o!

Ateia-lhe o seu ódio,
que o domina!
- Depois faz a chacina
e sobe ao pódio!

Já foi à Lua. Já quer ir a Marte.
Andou por este mundo em toda a parte.
Já mostrou tão complicado e estranho invento,
sanou tanta doença, em tratamento,
só para a paz ainda não tem vacina…

A paz para viver com um irmão seu!
A paz para sentir a paz do Céu!
A paz para escolher um novo trilho!
A paz para saber quem é seu filho!

Vem este poema relembrar a dor
de vermos que por vinte e quatro anos
se prende em cave tosca, negra, escura,
em gestos para lá de desumanos
com a total ausência de pudor,
um ser humano, frágil, indefeso
para fazer-lhe sete filhos
em cópulas de tortura
com os maiores ares de arrogância
e de desprezo!

- Sendo o carrasco, o pai!
- E sendo a presa, a filha!

Vinte e quatro anos
que uma mente trilha!...
… Ignóbil, monstruosa, sem ter pejo
de gerar uns filhos-netos

Sem vergonha! Sem pudor!

Que imundo um tal desejo!
Que gestos vis, abjectos!
 


No mesmo dia
chega-me um e-mail
com fotografias
a adornar-me a caixa de correio:
um cão atropelado numa avenida
bem a meio,
cheia de carros, movimentada.

Coitado, ali jazia...
Ali perdera a vida.

Um outro cão, em gesto lindo,
tentava acordá-lo com a pata pousada
no seu corpo,
pensando que ele talvez
estivesse ali dormindo
em vez de estar (já) morto.

Assim o avisava do perigo
como se deve avisar sempre um amigo!

E a quem descia de um carro
e se aproximava,
ele rosnava...
Defendia o seu amigo!

Que ninguém tentasse, pois, fazer-lhe mal
já que ele morderia ao menor sinal!

Um amigo que se defende
em plena estrada!
Em pleno perigo!
Ainda que isso possa dar a mesma pouca sorte:
uns trilhos apressados para a morte!

Este animal não teve profetas
nem professores, nem educadores…
Não leu livros, nem tratados
nem outras coisas tais!

Mas seu coração, de amor, tem outras setas,
mostrando ao homem
na magnitude daquele instante,
que mesmo sem o seu ar triunfante,
há um amor mais forte no seu mundo!
Mais puro, mais leal e mais profundo
mas a quem teimosamente chamam
dos irracionais.

 

Joaquim Sustelo
 

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domingo, maio 15, 2011 - 03:22

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