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Duma folha que cai, imagens que surgem...

Olhei a ti, minha amiga...
Desfalecendo ao solo
Olhei fixo o teu balé necro-nupsial com o orvalho indolente
De quem separaste por tua rigidez ante os primeiros raios de sol, prevalecendo-te a este momento
De queda surda
O ar por ti passou e venceu a tua base seca
Arrastou demais companheiras que tuas, tornaram-te só
No deslize atmosférico tu moraste
Depressa, porém, permaneceste viva
A mim, permanece...
Caíste desidratada, vitimada pelo tempo
Caíste em permanente morte, morta
Indelével, tanto que na dúvida dos teus lampejos derradeiros, vi-me esverdeado

Vi por último o céu e as poucas nuvens girando
Por quase último, os lados do mundo presentearam minha vertigem...
Também fui ao solo
Depois de ti, chegou minha hora, vou daqui para nós
Este resto de mim eu já não quero mais
Pereci
Da minha única viagem eu guardo a tontura azulada
Sem mais ziguezagues solitários
Sem mais noites com toda a face molhando, vagarosa no ato de preencher a vida com boa feição
Não, deixei-me ir pelas horas que restaram
E fui, viajei sabendo que não havia encontro com o arrependimento
Porém, arrependi-me por ir daqui sem sentir um pé no chão
Viajei... viajei. Durante o instante... viajei
E vivi não mais que um instante, vislumbrando os movimentos meus com a imagem do infinito

Vi pequeninos, os fragmentos de mim partirem
Deixando-me nua, frágil e suscetível a um endurecimento sem precedentes
Entretanto, endurecendo eu o meu centro, torno-me a fórmula do autocídio encorajada
Que posso eu dizer às folhas que surgem de mim, alimentando-me e, de um modo cujo programa eu não possuo, caem de mim para sempre?
Digo, porém, com meus galhos, que embora não esteja tão próximo o quanto querem, sustento os seus "ziguezagues" e, que estes não são de todo solitários
Eu as alimento com os nutrientes que elas produzem
E é com minhas raízes que fortaleço a margem do rio que dá vida aos lados do mundo...
Minha sombra é a mais fresca e elas ajudam no descanso de viajantes exaustos, covalescentes...
Que posso dizer mais?
Que é por elas que agora estou despida?
Por elas eu mantenho-me firme, propiciando movimento às mudas de folhas que eu terei enquanto eu suportar o meu próprio peso
É por elas que morro, no aguardo do nascer primaveril
É por elas que vivo, tornando-me a mais bela e encorpada árvore dentre as espalhadas a esmo por toda a campina
Que posso dizer das folhas que foram?
Que por elas eu também fui!

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quinta-feira, julho 1, 2010 - 17:26

Poesia :

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robsondesouza

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Comentários

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Re: Duma folha que cai, imagens que surgem...

Em uma folha, imagens, paragens, miragens, de um vento que passou,
em uma folha... apenas um folha, uma árvore inteira de um sonho.
LINDO POEMA.
Grande abraço.

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