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EMIGRANTE

EMIGRANTE

 

Sou um emigrante clandestino,

Sou da vida um simples peregrino,

Deixei a minha terra com vontade de vencer,

Vou para outra que me há – de acolher.

 

Sou um ilegal, considerado um fora da lei,

Caminho na incerteza e não sei se viverei,

Para dar à minha família a dignidade merecida,

Uma casa sem fome, o bem estar da nossa vida.

 

Estou cansado de atravessar montes e vales,

Sujeito a ser tolhido por alguns males,

Não quero ver interrompida a minha esperança,

E ter direito à felicidade que com vontade se alcança.

 

Cheguei atormentado à terra ignorada e prometida,

No estrangeiro que não conheço para uma nova vida,

Trabalhando dia e noite para o dinheiro amealhar,

Para um dia mais tarde com a sorte de regressar.

 

Ilegal ainda sou, ando sempre assustado,

Pensando todos os dias que posso ser apanhado,

Ando escondido com se fosse um assassino,

Mas, apenas sou um pobre clandestino.

 

As saudades são mais do que o tempo que cá estou,

À minha terra ainda não sei quando vou,

Esse dia há – de chegar com toda a minha alegria,

E só peço que chegue depressa, rezo a Santa Maria.

 

O meu desejo é ter uma casa só minha,

Com toda minha família dentro da minha casinha,

Ter um bom pé de meia é a minha ambição,

E deixar de ter fome e que nunca me falte o pão.

 

Emigrante clandestino já deixei de o ser,

Ainda tenho o medo guardado mas vai desaparecer,

O meu país não me deu a sorte que tanto lhe pedi,

E a este país adoptivo devo tudo o que consegui.

 

Agora já posso voltar para o país que me ignorou,

Os maus momentos que tive tudo acabou,

É um encanto ter a família em meu redor,

Ligada com grandes laços de um forte amor.

 

Agora sim, tenho dignidade e sou feliz,

Que ganhei com trabalho fora do meu país,

Saí dele com um foragido, um clandestino,

E agora  que regressei deixei de ser peregrino.

 

2007-Estêvão

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quinta-feira, outubro 4, 2012 - 09:40

Poesia :

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José Custódio Estêvão

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