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Esses dois

Essa vossa curvatez
Trouxe-a a idade
E com ela  a aceitação
A ausência da mesma
O riso fácil
O olhar vazio
Fácies cerrada em boca mordida
O nada nos dentes
A sombra do passado
Resquícios dessa força dominadora
Que sempre tiveste
Essa voz gritante
O não sorriso
essa rigidez
no não gesto
com que comunicamos
e falamos de amor

Recordo o dia
Com meu medo
na minha inquietação alucinada
em ti ancorei feito noite
Lembro como nos dias de domingo
Dias de festa na rua
Em traje de baile
Mimavas os outros
Nas papas, nas iscas, no vinho
Lembro-me do porco
Dos vestidos de revista
A maquina tantas vezes cortada
Por ele a teu lado
Na escassez do tempo
Do sono adiado
Lembro das mentiras
pelo não vestido
Que tardava em ser
Lembro da mangueira na pipa
A chalaça dos outros
Na memoria do álcool
Tudo isso recordo
E olho-te
Nessa face cerrada
Na ausência de tudo
Em que apenas
Vejo o teu olhar, nessa expressão viva
Que  trai teu corpo nesse sofá que vestes
Todos os dias

A teu lado
Ou ao lado do teu
No riso fácil
Lido nas rugas
Que te habitam

Nesse bigode que sempre usas-te
Esse pasmar
De outros dias
Esse riso na ausência de tudo
O meu amor
Nunca declarado
Em compasso de espera

Vejo esses dois
Que sempre vi 
Desde que  minha memória
Em mim habita
Essas flores feitas flores
Que a cada passo murcham no tempo

Tenho um soco no estômago
A perda do perder
A incerteza do fim
Já mais perto

Em dias assim
Olho sem olhar
Absorvo
Essa fotografia
No preto no branco
O belo pouco cromático
Esse negro da vida
Nesse branco feito paz

Nesses dias assim
Odeio o gato  da vizinha
O fútil feito vida
Que escolhi
A mudez das palavras
Que mastiguei
Essas flores de vermelho
Que habito
No fato feito domingo
Em dias de festa

Em dias assim
Temo outro dia
E tento agarrar
esse instante
em branco preto
Em pose de fotografia

Tenho raiva de mim

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segunda-feira, setembro 10, 2012 - 19:11

Poesia :

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bastos

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