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ESTRELINO

A tristeza em Estrelino se instalou
funda, plena e definitivamente.
Tão grande era a sua tristeza,
que era quase como uma morte;
tão grande que para contorná-la
seriam milhares de quilômetros,
e chegar além do fim do mundo
para encontrar um sorriso.
Imagine então o quanto é grande
a tristeza que em Estrelino se instalou.

Conhecemos alegrias e tristezas,
entre as quais vamos passando os dias,
experimentando esses opostos sentimentos,
grandes ou pequenos,
mas passageiros,
pois relacionados a fatos
que acontecem no dia-a-dia:
se ganhamos um prêmio, por exemplo,
ou se perdemos algum dinheiro.
São alegrias e tristezas
que com o tempo passam.
Porém a tristeza que em Estrelino se instalou
era funda, plena e definitiva.

Às vezes supervalorizamos
a nossa alguma dor,
sem conhecer aquela
que é a razão
da tristeza de Estrelino.
É maior, bem maior.

Eu convivi perto de Grande Tristeza.
Nos avizinhamos,
e eu quis saber a dor
de Grande Tristeza,
e descobri o motivo da tristeza
de Grande Tristeza,
também plena,
também funda,
também definitiva,
apesar de que ainda conservava
uma alegriazinha,
mas pequenininha,
mesquinha.
Talvez Grande Tristeza quisesse
que me tornasse triste como ela,
e quase que a mesma sua dor
eu a fazia pra mim também.
Mas o fato é que
a alguma alegria que existia em mim
tornou-se menor após conhecer
Grande Tristeza.
Mas ainda assim a tristeza
de Grande Tristeza
não é maior ainda
do que a que em Estrelino
se instalou funda, plena e definitivamente.
E voltando a Estrelino,
caminhos tortuosos
o arrebataram
e o levaram a tornar-se
na tamanha tristeza em que veio a viver.

Se existem pessoas
alegres ou tristes
na própria natureza em si,
por uma própria propensão,
sendo congênito,
não anula o fato
de haver a tristeza,
que se instala funda, plena e definitivamente
adquirida de um acontecimento tal;
assim como existe a alegria
que também se instala
plena funda e definitivamente
adquirida de um acontecimento tal e qual.
Se por merecimento ou não,
nestes versos de agora
não se entra
no mérito da questão.

Estrelino era propenso à alegria.
Aquela alegria tanta e ingênua,
não sendo aquela alegria
com conhecimento de causa,
funda plena e definitiva.
Mas tinha uma tristezazinha também,
que a propensão à alegria
não exclui totalmente a tristeza,
bem como a propensão à tristeza
não exclui de todo a alegria.

Então Estrelino,
sabendo do valor positivo da alegria,
jamais se conformaria em seu coração,
de ficar com o valor negativo da tristeza,
que se lhe instalou
plena, funda e definitivamente.
Muito sonhou
em reencontrar a alegria,
e decidiu que iria contorná-la,
encarando os necessários
milhares de quilômetros;
e foi encontrar um sorriso
além do fim do mundo.
Sua grande sorte no amor.

E fez ainda Estrelino
a sua alegria vingar no mundo.

E quem vê em Estrelino
a alegria que se insinua
não imagina a grande tristeza
que dentro dele já habitou,
e acredita na alegria,
na alegria pura e simples.

E quem sabe da grande tristeza
que plena e funda
se instalou em Estrelino
admira-se da alegria que ainda
ele viera a conquistar, apesar de tudo.

E àqueles que ficaram na tristeza
que semelhante dor causa,
os cantos de Esterlino,
de onde lhe resiste ainda uma ponta de tristeza,
lhes servem de consolo,
desde que na causa de tão grande tristeza
está um grandessíssimo amor.

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segunda-feira, junho 27, 2011 - 10:37

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Hílton Neiva Jácome

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