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Fábula do caçador

Da margem do rio acena um índio
e na canoa de madeira quase podre
figura o aventuroso caçador solitário
que desfere o fogo de sua velha arma
fatalmente àquele que o saudava.
Morre à margem do rio o pobre coitado!

E da canoa segue o herói a desbravar
o rio por seus patrícios jamais percorrido.
Eis que então surge um belo pássaro
a berrar seu canto sobrevoando a canoa.
Sem exitar, o caçador o ataca a tiros
e o bicho cai n’água mortalmente ferido.

Algumas léguas depois o, ainda destemido,
mas já um pouco cansado, desbravador,
percebe uma onça Tão assustadora ela é
quanto formosa, acompanhando sua canoa
pela margem a bradar seu ruído. O certeiro
tiro vara seu dorso e cai imóvel o felino.

As horas passam e nosso intrépido homem
segue em sua longa e inóspita jornada
quando um macaco-aranha de uma árvore
inicia suas traquinagens de malabarista.
O  preciso disparo a acontecer não tarda
e o símio despenca defunto na dura margem do rio.

O destino do feroz jacaré que agora aparece
talvez seja irrelevante dizer, tal é a corajosa
postura daquele homem de pontaria infalível.
Tão rápido quanto um raio, o cálido projétil
é cuspido pelo velho e gasto trabuco e, sem dó,
penetra a face e vence a vida do aterrador réptil.

Agora já sem munição, mas vestido na sua
estupenda bravura, pelas águas do preguiçoso
rio é levado o varão. Sente ele minutos de
trégua. Não ouve nada, não vê nada, apenas
sente o frio do vento bater-lhe a face corada.
Espera então chegar seu futuro certo e vitorioso.

A água barrenta calada nesse momento o leva
e um som crescente começa a ser ouvido ao longe.
O caçador repara que as margens do rio aos poucos
vão se separando e o leito do rio mais largo fica.
O horizonte vem se aproximando lentamente assim
como o som, agora, cada vez mais se solidifica.

O fim daquele que desbravou todo o álveo do rio era
tão certo quanto foram seus tiros. Pobre homem!
Pobre daquele que liquidou todos os que tentaram
avisar-lhe que o rio em que navegava solitário era fadado
a tornar-se uma fatal catarata para os desavisados. E as
águas, calmas de outrora, o enguliram num turbilhão nefasto.

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segunda-feira, outubro 24, 2011 - 15:04

Poesia :

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Cortilio

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