CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

Fábula do caçador

Da margem do rio acena um índio
e na canoa de madeira quase podre
figura o aventuroso caçador solitário
que desfere o fogo de sua velha arma
fatalmente àquele que o saudava.
Morre à margem do rio o pobre coitado!

E da canoa segue o herói a desbravar
o rio por seus patrícios jamais percorrido.
Eis que então surge um belo pássaro
a berrar seu canto sobrevoando a canoa.
Sem exitar, o caçador o ataca a tiros
e o bicho cai n’água mortalmente ferido.

Algumas léguas depois o, ainda destemido,
mas já um pouco cansado, desbravador,
percebe uma onça Tão assustadora ela é
quanto formosa, acompanhando sua canoa
pela margem a bradar seu ruído. O certeiro
tiro vara seu dorso e cai imóvel o felino.

As horas passam e nosso intrépido homem
segue em sua longa e inóspita jornada
quando um macaco-aranha de uma árvore
inicia suas traquinagens de malabarista.
O  preciso disparo a acontecer não tarda
e o símio despenca defunto na dura margem do rio.

O destino do feroz jacaré que agora aparece
talvez seja irrelevante dizer, tal é a corajosa
postura daquele homem de pontaria infalível.
Tão rápido quanto um raio, o cálido projétil
é cuspido pelo velho e gasto trabuco e, sem dó,
penetra a face e vence a vida do aterrador réptil.

Agora já sem munição, mas vestido na sua
estupenda bravura, pelas águas do preguiçoso
rio é levado o varão. Sente ele minutos de
trégua. Não ouve nada, não vê nada, apenas
sente o frio do vento bater-lhe a face corada.
Espera então chegar seu futuro certo e vitorioso.

A água barrenta calada nesse momento o leva
e um som crescente começa a ser ouvido ao longe.
O caçador repara que as margens do rio aos poucos
vão se separando e o leito do rio mais largo fica.
O horizonte vem se aproximando lentamente assim
como o som, agora, cada vez mais se solidifica.

O fim daquele que desbravou todo o álveo do rio era
tão certo quanto foram seus tiros. Pobre homem!
Pobre daquele que liquidou todos os que tentaram
avisar-lhe que o rio em que navegava solitário era fadado
a tornar-se uma fatal catarata para os desavisados. E as
águas, calmas de outrora, o enguliram num turbilhão nefasto.

Submited by

segunda-feira, outubro 24, 2011 - 15:04

Poesia :

No votes yet

Cortilio

imagem de Cortilio
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 3 anos 27 semanas
Membro desde: 08/31/2011
Conteúdos:
Pontos: 1503

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of Cortilio

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Poesia/Dedicado Vida passada 2 3.451 01/17/2014 - 17:32 Português
Poesia/Geral Beijo ao vento I 0 1.576 01/13/2014 - 19:06 Português
Poesia/Pensamentos Ver só 2 1.260 01/08/2014 - 22:33 Português
Poesia/Dedicado Margens distantes 6 2.581 01/06/2014 - 22:31 Português
Poesia/Amor Nutrido por veneno de ofídia 7 2.356 12/05/2013 - 19:46 Português
Poesia/Intervenção Se existe o nada 2 1.181 12/05/2013 - 19:44 Português
Poesia/Canção Dia de alegria 4 1.588 12/04/2013 - 01:15 Português
Poesia/Soneto Sonetilho para Sofia 0 1.552 12/01/2013 - 19:35 Português
Poesia/Aforismo Efeméride 0 2.322 11/29/2013 - 04:08 Português
Poesia/Intervenção Breve ensaio sobre os Santos 4 1.407 11/24/2013 - 15:25 Português
Poesia/Amor Como escrever um poema de amor 16 1.910 10/27/2013 - 02:07 Português
Poesia/Soneto E se eu flores? Licores! 0 1.502 10/23/2013 - 18:55 Português
Poesia/Amor Oitavas à uma estrela 0 1.176 10/23/2013 - 03:15 Português
Poesia/Intervenção Meu jardim 9 1.563 08/09/2013 - 01:27 Português
Poesia/Tristeza O eixo vazio 2 1.033 08/09/2013 - 01:17 Português
Poesia/Amizade Feliz navegar, amigo! 0 1.241 03/06/2013 - 01:48 Português
Poesia/Soneto Soneto da carne úmida 0 1.720 01/21/2013 - 19:05 Português
Poesia/Pensamentos Sobre o ter sem ter e o manter tão mantido 4 1.670 11/28/2012 - 13:19 Português
Poesia/Aforismo Amor de dicionário 3 2.127 11/09/2012 - 02:43 Português
Poesia/Meditação O templário 11 3.084 10/16/2012 - 11:56 Português
Poesia/Amor Quando a doce gota cai no lago 0 1.464 10/14/2012 - 02:45 Português
Poesia/Geral Teoria do eu, do anti eu e seus quiproquós 2 1.779 10/14/2012 - 02:30 Português
Poesia/Canção Menino aurora 4 1.718 10/14/2012 - 02:27 Português
Poesia/Pensamentos Ao meio 1 3.906 10/01/2012 - 00:50 Português
Poesia/Dedicado Infantil essência em sutil existência 3 1.780 09/29/2012 - 16:30 Português