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Fragmento

 

Hoje entendi o porquê da minha infelicidade.
Na verdade, nunca me senti parte de nada.
Nunca me senti território, nunca me senti pátria.
Nunca estive inteiro em nenhum lugar.
Sempre fui meio filho, meio estranho.
Meio amigo meio inimigo.

Nunca consegui está inteiro em uma relação
Nunca consegui ser fiel, nem ao próprio ato do encontro.
Nunca estive inteiro nem durante o próprio ato sexual.


Hoje entendo o desarranjo das minhas relações.
Entendo o fracasso nos meus estudos e no meu trabalho...
Percebi porque meu casamento afundou...
Não me conforta a ideia de voltar pra casa,
Não me conformo em chegar,
Assistir televisão,
Ser um cidadão comum, rotina e cotidiano.
Nunca quis fama, sempre optei pelo anonimato.

Hoje sinto o efeito de todos meus descaminhos,
Sinto minha solidão e o mal que ela me causa.
Dói saber que fui o principal provocador dela.

O mal de ser fragmentado me absorve...
Só gosto do inacabado...
Sinto como se nunca estivesse estado em nenhum local,
Ninguém da informação sobre mim.
Ninguém me viu.
Ninguém me ver.

Fragmentos perdidos de todos em mim...
Fragmentos de mim em todos...
Fragmentos de mim em mim.

Sou calidoscópio de cacos de vidro...
Minha imagem?
Indefinida.
 

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segunda-feira, junho 6, 2011 - 15:09

Poesia :

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armandovidal

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