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fragmentos de vida

1-    Confissão

A noite chegou devagarinho,

Como um ladrão

A assombrar a minha vida.

Não levou o meu ouro,

Mas levou aquilo

Que demais precioso eu possuía,

A alegria escondida em meu coração;

Deixando no seu lugar, um raio de luz

Que se apagou.

E no fim só restou,

A escuridão,

E o vazio daquilo que partiu,

E que possivelmente,

Nem sequer nunca existiu...

2-    Se eu pudesse

Se eu pudesse, transformava-me

Numa estrela

Para dar brilho à Lua,

Somente, para que ela te iluminasse

Nas noites escuras;

Se eu pudesse, transformava-me no Sol,

Somente, para que nunca tivesses frio;

Se eu pudesse era o teu Anjo,

Vigiava, todos os teus pensamentos

E transformava a Terra, no teu pequeno Paraíso,

Somente, para que fosses feliz, meu amor!

Mas nada disso posso ser,

Nem Lua, nem Sol, nem Anjo,

Apenas o teu amor!

Não te posso impedir de chorar,

Apenas posso ficar, aqui, ao teu lado,

A secar as tuas lágrimas;

Não te posso dar o Paraíso

Apenas o meu coração!

E amar-te assim, beijando os teus lábios

Como as ondas beijam o mar;

Fazendo parte do teu mundo,

Com o coração a queimar,

De amor por ti,

Num fogo eterno;

Esse fogo é tão imenso,

Que nunca deixará de aquecer

O teu coração.

Mas se um dia esse fogo se apagar,

E em cinzas se transformar,

E o vento as levar,

Irá voltar a depositá-las no meu peito,

Porque as leis do amor assim o ordenam!

3-Quando olhei à minha volta

Quando olhei à minha volta,

Era, somente, escuridão;

Quando, finalmente, encontrei

Um raio de luz, perdi o teu olhar;

Trago-te rosas, meu amor,

Mas sei bem, que quando te encontrar,

Já secaram,

Já serão meras pétalas mortas,

Com as lágrimas que por ti tenho derramado!

Abro a noite, a minha morada,

Onde as sombras ganham forma

E me desvendam o rosto da dor!

Esgotadas as lágrimas,

Restam-me os olhos vazios

A espelhar a minha própria solidão;

Se, pelo menos, me ferisses no coração,

Saberia que a minha alma tu tocas-te,

Assim, somente sei, que nunca,

Jamais, te encontrei!

4-Amor verdadeiro

Eu sei mais de ti, meu amor,

Que o tempo sabe do vento,

Que as frases sabem das palavras.

E que as abelhas do mel.

Eu sei mais de ti, meu amor,

Por não querer saber,

Se és alto ou baixo,

Rico ou pobre,

Egoísta ou generoso.

Eu sei mais de ti, meu amor,

Por não querer saber de coisa alguma.

Sempre que te tentei ver,

Desvaneces-te na escuridão.

Sempre que te tentei tocar

Não foi vazio que encontrei,

Mas um nada que era tudo.

E sempre que te quis ouvir,

Mandaste-me ouvir o coração;

E o coração falou-me,

Mas com a força de quem sabe

Que o seu destino é amar...

Amar, não somente, a quem se diz que se ama,

Mas a quem realmente se ama!

Eu nunca te encontrei,

Meu amor,

Mas sei que cada lágrima,

Que mora nos meus olhos,

Cai no teu rosto!

Porque tu, meu amor,

Sabes mais das minhas mágoas e tristezas

Do que ninguém;

Porque tu não precisas que eu te conte

O que tu já sentes!

E sabes porquê, meu amor?

Porque nós os dois,

Somos dois corpos,

E um só coração,

Que bate quando um é feliz

E pára quando o outro sofre!

5- Interrogação

De quantos sonhos,

É feito o sonho?

De quantas vidas,

É feita a vida?

Que verdade,

Mente mais?

A pior dor,

É a dor que não se sente,

Aquela, que se instala na alma

Como um bicho morto na cova,

E é nessa dor, que vive o amor...

6- Somente

Somente, mais uma noite,

Escura, fria,

Perpetuando no templo da solidão.

Pressentindo os teus passos,

Mais distantes do que a Lua.

Somente, a dor que não sabe disfarçar

E fingir que não é saudade,

Quando a alma se desfaz

Em soluços e lágrimas.

Somente, o sonho ferido, rasgado, humilhado,

Pela nudez desta dor,

Que perpetua na minha alma,

Como um espada ansiando rasgar o meu corpo...

7-Eterna Interrogação

Pediram-se que enunciasse, conta-se, escreve-se,

O que dentro de mim, acontece.

E eu respondi, com um soneto em branco,

Que por mero acaso, ainda agora eu li!

Através de pensamentos, lembranças, recordações,

Muitos momentos são possíveis de resgatar,

E de novo podemos imprimir vida, aos fantasmas

Que aos poucos, tentámos silenciar!

Mais difícil será encontrar palavras,

Possíveis, de descrever, aquilo que sentimos,

Em cada momento,

Em cada fragmento de horas, de minutos,

De segundos, em que alcançamos o divino poder,

De manifestar, a vida que existe em nós.

Apenas o amor é sublime, e nos permite quebrar barreiras,

Caminhar sobre o passado, e reencontrar o que nele,

Imutável ao tempo permanece!

Lamento, mas não consigo fazer imergir à superfície,

Palavras inebriadas em poesia...

Desço ao fundo de mim, perfuro a alma,

Numa desesperada luta, contra o vazio,

Mas o tudo o que encontro,

É este silêncio imortal!

Onde está o rouxinol?

Cujo canto acordou, os nossos corpos adormecidos,

Entrelaçados um sobre o outro,

Exaustos, consumidos,

Pela força do amor!

Voou, dissipou-se, no infinito, no celeste,

Azul do céu...

Se o encontrares, meu amor,

Pergunta-lhe, talvez ele te saiba responder,

Em que paisagens, em que horizontes, em que castelos,

Que ficaram, eternamente, por visitar,

Se encontram as palavras, as emoções,

Que eu não consigo encontrar...

Talvez, ele te responda, perguntando,

Onde está o nosso amor?

8-Noite fria

Já é tarde, meu amor,

As estrelas adormeceram, e a Lua foi deitar-se

Com elas.

É noite. E eu estou só.

Eis, que uma lágrima lateja

Nos meus olhos, procurando em vão,

Encontrar os teus.

É noite e eu estou só.

Em que rumos, em que estradas,

Em que encruzilhadas, uma vida

Se perde, outra se ganha?

Sei que estás longe,

Distante demais, para que me possas ouvir.

Ainda assim, mando-te, um beijo.

Meu amor,

Reconforta-me, somente, e apenas a voz

Do silêncio imortal.

É noite e eu estou só.

Ainda assim, mesmo sabendo,

Que agora é tarde demais,

Quero dizer-te, que imenso é o mar que nos separa,

Eterno o sentimento, que nos une.

É noite, e eu já não estou só.

Vieste abraçar-me em pensamento.

Vem pousar a tua mão no meu corpo,

Mesmo junto ao coração!

Olha! Uma estrela cadente, a rasgar o céu,

Vamos pedir-lhe, que ressuscite, os nossos sonhos!

É noite, e tenho frio!

Os anjos, por vezes, também nos vêem acordar,

Quando estamos a sonhar.

Os mesmos anjos que têm asas, mas que me dizem

Que não me querem levar.

Estou aqui, e tu onde estás?

È noite, e eu estou só.

Sabes, vou contar-te um segredo,

O melhor lugar do mundo,

Pode tornar-se uma prisão.

A solidão hoje é a minha casa,

A noite fria a minha companhia.

O meu amor partiu!

É noite, e eu estou eternamente só.

9-Todas as lágrimas vindas do céu

Todas as lágrimas vindas do céu

Vêem enterrar-se nos meus olhos

Quando a tua estrela guia perco,

E a luz dos teus olhos se afasta de mim.

Não, não sei, se estás mais longe,

Quando não te vejo ou quando,

O teu coração me ignora...

Dói tanto, olhar para dentro de mim,

E encontrar-te tão vazio.

Se a força deste amor,

Movesse o vento,

Já não haveriam templos de solidão,

Erguidos no teu peito.

Era fogo nas asas de um pássaro,

Que ao encontrar o teu coração,

Trazia o calor da ternura, à tua alma;

E nunca mais serias neve a vaguear,

Na noite fria, que encerra em si,

O beijo que morre antes de encontrar,

Os lábios do amor...

10-Repetição

Lutar contra a dor

Com uma dor ainda maior;

Trazer em cada lágrima

O tempo que se esgota,

A vida que se acaba.

O amor que fica;

Trazer no olhar

A mágoa que se sente,

O sonho que se perde,

A felicidade que não se encontra...

11- Infelicidade

Quero ir ter

Onde o coração me levar,

Onde houver luz

E onde o cheiro de todas as rosas

Tiver o cheiro do amor!

Quero ir encontrar a vida,

Que sinto estar perdida;

Perdi a minha vida

No momento

Em que me perdi de ti.

Porque a minha vida estava contigo!

A minha vida perdeu-se no tempo,

Na chuva, nos dias e nas noites

Que nos separaram.

O vento que soprou

Os teus pensamentos,

A chuva que caiu no teu telhado,

Os dias que viste nascer

E as noites que viste acabar

Foram as mesmas que eu,

Nós é que já não éramos os mesmos...

As palavras que me dizias

Já não eram aquelas que eu queria ouvir

E aquilo que eu te dava

Já não era aquilo que esperavas receber...

Os beijos já não se davam, exigiam-se.

As mãos uniam-se enquanto as almas fugiam.

Fugi eu de ti, e fugiste tu de mim.

Fugimos do deserto,

Procuramos o jardim,

E encontrámos as flores jogadas no chão

E as pétalas desperdiçadas pela dor

E pela infelicidade!!!

E agora são só palavras

O que nos resta...

12- Foi amor? Não foi amor!

Eu pedi-te um beijo de amor

Mas tu deste-me um beijo vazio;

Depois mostraste-me o céu vazio

Um céu sem luar

Repleto de estrelas apagadas;

E o amor? Onde ficou ele?

Talvez esquecido

Em qualquer lugar da alma.

De mãos dadas

E os corações separados,

Gravámos no silêncio

Tanta palavra magoada;

O vento passou por nós

Sem nos murmurar ao ouvido

O som de dois corações a bater.

Foi amor? Não, não foi amor!

Dois vultos seguiram-se os passos,

Adormeceram abraçados

No leito de uma paixão fingida;

Acordaram, e não se reconheciam

Nos olhos um do outro.

Foi amor? Não, não foi amor!

13- Sintonia do amor

Acorda a vida e sorri!

Tu tens um mundo dentro de ti.

Em ti é que o amor brota

Mas é em mim que a flor nasce;

És tu que vês as estrelas

Mas é nos meus olhos que brilham;

Tu és o braço que me prende

Mas eu sou a mão,

É tu que me puxas

Mas sou eu que te

Trago para perto de mim;

Porque nós os dois

Estamos em plena sintonia

Na sintonia do amor!!!

14- Todas as lágrimas vindas do céu

Todas as lágrimas vindas do céu

Vêem enterrar-se nos meus olhos

Quando a tua estrela guia perco,

E a luz dos teus olhos se afasta de mim.

Não, não sei se estás mais longe

Quando não te vejo ou quando

O teu coração me ignora...

Dó tanto, olhar para dentro de mim

E encontrar-te tão vazio.

Se a força deste amor

Tomasse posse do vento

Já não haveria templos de solidão

Erguidos no teu peito.

Era fogo nas asas de um pássaro

Que ao entrar no teu coração

Trazia o calor da ternura, à tua alma;

E nunca mais serias neve a vaguear

Na noite fria, que encerra em si

O beijo que morre antes de encontrar

Os lábios do amor...

15- Desilusão

Eu colo os fragmentos

Das pedras da calçada

Por onde tu andas

Só para ter o caminho

Que tu pisas.

Abafo numa nuvem

O ar que sai dos teus pulmões

Só para ter o teu respirar.

Passo horas a olhar o céu

E fico feliz, só por saber

Que o sol que tu vês

É o mesmo que eu.

Percorro o teu céu

Rasgo as estrelas

Procurando vestígios de ti.

Mas quando me apercebo

De que nos passos que tu dás

Não é a mim que procuras,

E que a vida que procuras

No ar que respiras, não é a minha;

Sinto a minha alma

Ser invadida de nada

E tudo fica muito mais

Triste...

16- Queima mas não dói

Rasga-se o véu.

O rosto do amor tem na boca

Um sorriso

E a amargura no olhar;

No peito um coração

No qual escrevi com lágrimas

O teu nome;

Sonhei ser um pássaro,

Voar,

Ir ao céu,

Trazer-te, talvez uma estrela.

Tomá-la nas minhas mãos e dizer-te;

Queima, mas não dói!

O que dói,

É ver-te olhar o céu todas as noites,

Contemplar as estrelas

E saber que não é em mim

Que tu pensas...

17- Inutilmente

Falei-te de uma música distante

Que só tocava para mim;

Falei-te de estrelas assassinadas e

De noites sem luar;

Falei-te de tudo, só não te falei

Daquilo que gravei no silêncio;

Tanta lágrima magoada!

O vento que passou pelo nosso rosto

Quis agarrá-lo para sempre

Mas o vento apenas pertencia aquela noite;

E aquela noite, perdeu-se no tempo;

Ficou apenas o brilho do teu olhar,

Mas até o teu olhar, eu perdi;

Ficou então o gosto do teu beijo,

Mas o teu beijo, não era de amor

E por isso, agora sabe-me

A pouco...

18- União

Os mistérios do amor

São sombras coloridas

Que envolvem o teu ser;

São razões desconhecidas

Que te fazem amanhecer a sorrir;

São forças inexplicáveis

Que me arrastam do mundo

E me aproximam do céu,

Envolvendo-me numa cor azul

Que me faz sonhar;

Sonho ser um pássaro

Que voa sem destino,

Procurando encontrar o lugar

Onde todas as coisas

Começam e acabam,

Onde todas as coisas

Se perdem e se acham,

Se querem e se desprezam,

Nesse lugar, vou encontrar

Nós os dois,

Virados de costas

A seguir o mesmo caminho,

O caminho do amor.

E aí, nesse lugar, as nossas bocas vão se encontrar

E os nossos corpos vão-se unir

Num só espírito...

19- Amar-te

Um olhar tem a magia

De duas almas a espiarem-se;

Um sopro de vida é: um beijo

Trazido das profundezas da alma,

Uma palavra nunca antes dita

E no entanto, sentida pelos dois;

E se essa palavra for amor?

Direi no silêncio dos nossos corações:

Amar-te, é sentir-me tua,

Como as estrelas do céu,

E a noite da lua!!!

20-Repetição

Lutar contra a dor

Com uma dor ainda maior;

Trazer em cada lágrima

O tempo que se esgota,

A vida que se acaba,

O amor que fica;

Trazer no olhar

A mágoa que se sente,

O sonho que se perde,

A felicidade que não se encontra...

21-Sem regras

Na minha alma, há uma viúva a chorar

Um amor, que morreu mesmo antes de começar;

E as suas lágrimas são gotas de veneno

Assassinas da minha própria vida;

Dó muito amar alguém,

Dói mais nunca chegar a amar!

Sou filha das pedras da calçada da rua

Vagabunda à solta, dentro de mim!

Fiel eu?

Só ao olhar da traição!

Ninguém me segue

Nem eu sigo ninguém,

Só obedeço aos passos do meu destino cruel!

Eu não pertenço a ninguém

Nem ninguém me pertence a mim,

Só carrego às costas

As tábuas do meu caixão;

E quando a morte me vier buscar

Só tenho o sofrimento desta vida

Para lhe dar, em troca do meu descanso;

Os meus sonhos são agora

Borboletas sem asas,

E para mim as estrelas estão mortas;

E as flores daquele jardim

Transformaram-se em raivas dolorosas;

Sim, a vida negou-me tudo

Menos, o direito de negá-la eu agora!

Para mim, não há países nem oceanos

Há apenas esta cabana de paredes frias,

Que me gelem então os ossos

Que já se me gelou tudo por dentro!

Mas que não sintam pena de mim

Não se lamentem

Que eu já não lamento nada,

Quero lá saber

Já cansei de chorar pela vida

Agora a vida que chore por mim!

22-O nosso maior mal e o nosso maior bem

Quando se segue

Pela estrada do amor,

Nunca se volta sozinho

Ou traz-se a felicidade

Ou toda a dor,

Contida numa só lágrima.

O nosso maior mal

E o nosso maior bem,

É termos coração!!!

23-Tu amor

Que saudades dos beijos que não demos,

Sem sombras dos beijos que perdemos;

Por quanto tempo nos amamos?

Por quanto tempo nos esquecemos desse amor?

Se não te encontrar

Nunca terei feridas no olhar,

Por te ver partir;

Mas se não te encontrar

Também estarei condenada a viver

Com o rosto cravado no silêncio

E o coração isolado

No peito de ninguém;

Então diz-me: Tu amor, que és feito

De mais e mais sentimentos,

Tu que vives num lugar, onde ninguém te pôs

De onde ninguém te pode tirar.

Onde começa o prazer?

Onde acaba a dor?

Negar o amor é já senti-lo abraçar-nos;

Podemos esconder-nos

Mas não podemos fugir de ti,

Sem arrancarmos um pouco

Da nossa própria alma!!!

24- Perseguição

Sinto meu coração repousar

Sobre o gelo da solidão,

Cansado de estar aqui, preso,

No sótão dos pesadelos...

Vejo-o caminhar, fora do meu corpo,

Arrastando uma alma de horrores...

Senhor, rei dos sonhos!

Tira de dentro de mim, este pesadelo de morte,

Que só vive sugando a minha vida!

Não peço mais nada, somente, um pouco de ar,

Que não seja sopro de morte;

Somente, uma rua, neste caminho do medo,

Sem que antes de lá chegar, eu já saiba,

Que uma lágrima espera por mim;

Depois que uma noite de trevas

Venha de novo,

Mas que venha sozinha,

Que mais nenhuma perseguição venha o

Corpo da minha alma violar!!!

25- Alma vazia

Chamas-me pelo nome

Mas já não reconheço a tua voz,

Tocas meu corpo

Mas já não sinto o calor das tuas mãos;

Imóveis são os olhos

Que já não me guiam até ti;

Sou um corpo sem alma!

E tu que és?

Um pedaço de céu preto

Esperando um pouco de luz,

A luz é vida e a morte mora aqui;

Tudo isto para te dizer

Que o meu coração esfriou!

Só já desejo as lágrimas,

Preciso de chorar

Nem que seja só para ter a certeza

Que ainda sou capaz de sentir,

Nem que seja dor

Nesta minha alma vazia...

26- Impossível

A minha alma respira, e tem fome da tua!

Pudera eu ser o sono, para possuir-te

Nem que fosse num sonho!

Sonhar-te acordada, é tão difícil

É ter já desperta

A certeza da tua ausência!

Se as pedras me falassem

Por que caminho tu andas,

Sem que possas imaginar

Que eu já te procurava

Mesmo antes, de teres pernas para andar!

O destino de dois corpos

Tem mesmo de separar-se

Para que os corações

Possam escolher, de novo

Fundirem-se num só,

Não no beijo que a boca pede

Mas no amor,

Que depois de tanto o renegarmos

Acabamos por aceitar, sem saber

Que fomos nós os escolhidos, os eleitos...

27- Amor doentio

Lanças-te contra mim

A espada afiada pela dor,

Enxovalhas-te a minha alma

E deitas-te fora o meu amor!

Derramas-te meu sangue

Na pele áspera da traição

E condenas-te o meu espírito

À eterna solidão!

Adormeceu em mim a paz

Despertou o anjo vingador

Que traz nos olhos

A ânsia de te ver chorar

E no coração a vontade de te perdoar!

Pois a tua ausência

Já me fere mais que a dor da traição;

És o inferno, mas eu no teu fogo quero arder

Se não posso viver contigo

Quero ao menos, por ti, e só por ti morrer!!!

28- Eterno sofrer

As mãos ásperas da solidão

Afagam meu corpo;

Perdida por lugares desertos

Sigo as pegadas, intactas

Dos espíritos de luz;

A cólera do sangue

Que se solta, brutalmente, das minhas veias

Penetra na essência da vida

Que atordoada foge de mim,

Procurando refúgio

Na escuridão das trevas;

A violência da agitação dos pensamentos

Liberta o meu espírito,

Que hipnotizado

Segue os movimentos da lua,

No entanto, sem nunca sair do mesmo lugar;

Já me perguntaste, sem nunca entender

Porque assim falo?

Pergunta-me agora onde estou:

Quero-te responder,

Em todos os lugares

E em lugar algum;

Vagueando por lugares

Onde nunca entrei,

Pois as portas do teu coração

Nunca se abriram para mim;

Pergunta-me à quanto tempo aqui estou:

Quero-te responder,

Nunca aqui estive mas

Ficarei aqui, eternamente à tua espera...

Aqui o tempo não existe

O que existe é um esperar sem fim,

Quem espera não sou eu: é o amor.

E este aqui está,

Desde sempre à tua espera;

Sabias que ontem fez Sol?

Pois é, mas hoje infelizmente,

Já está a chover;

Ainda agora à pouco era noite

Mas agora já é dia;

Aqui tudo muda, menos o amor!

Este é que é sempre o mesmo

E aqui continua

Eternamente, à tua espera

No entanto, sem nunca te receber...

Entendes agora

Se eu te falar de um eterno sofrer???

29- Cristal em mãos de ferro

Quebraste as paredes de vidro

Que me cercavam

E protegiam do mundo;

Deste-me de beber

Do cálice do amor,

E eu ingénua

Entreguei-te o bem mais precioso

Que possuía:

E só agora entendi

Que  ter entregue o meu coração

Em tuas mãos,

Foi como ter posto um cristal

Em mãos de ferro.

Partis-me o coração!!!

30- Vida perdida

A solidão é o vestido da minha alma.

O bater do meu coração tem o som da sua voz

Tenho os olhos, a derramarem-me pó

A perderem-se no deserto;

O vento sopra no ventre

E esvazia-me por dentro;

Procuro em mim a lembrança

De uma lágrima, de um adeus,

De uma palavra,

Mas não encontro nada!

O sangue coalhou-me nas veias

De tanto se me arrefecer o coração,

A garganta secou de tanto chamas por alguém,

Que nunca ouviu os meus gritos!

Sou o eco do silêncio;

O encontro do nada com o nada;

Sei que habituado em mim

Mas não encontro a minha morada !!!

31-Procura

Em que sonhos, em que vidas,

Em que mundos, em que luar?

Em que terras tão distantes de nós mesmos,

Podemos encontrar, uma alma nova

Pronta para se dar?

Derrubar os muros do tempo do infinito

E encontrar num só segundo

Toda a razão de aqui estar!

Sem cortinas no olhar,

Abrir as janelas do coração

E deixar o amor entrar!

São dedos, sem garras,

Os que te permitem, em toda a ternura tocar...

Não me procures mais,

Estou aqui...

32-Num mundo só meu

A música do amor

Toca bem distante do meu ser,

Coração vagabundo

Este o meu.

A todos se quer dar

Mas a nenhum se deixa prender...

Talvez, por nunca ter encontrado

Um outro que bata ao mesmo ritmo!

Bate já fraco

O toque das emoções

Num baile de ilusões!

Num mundo só meu

O vento eleva-me os sentimentos

Mas os gritos do mundo

Fazem-me descer à realidade;

Todos os sonhos ficam para trás,

Mas eu quero permanecer lá...

Num mundo onde tudo é possível,

Onde as borboletas voam alto

Porque livres vivem,

E onde para te amar

Não tens necessariamente que existir...

33- Um beijo de amor

Às vezes é preciso viver a noite

Para que possas ver nascer o dia!

Ás vezes é preciso chorar

Para que o teu sorriso renasça!

São tantas as estrelas,

Mas o Sol é só um;

Todas as estrelas brilham

Mas só o sol te aquece!

São tantos os beijos

Que unem duas bocas,

Mas só um beijo

Pode unir duas almas,

Um beijo de amor!!!

34- Breve

No calor da paixão, senti um calor frio,

Como uma multidão de beijos,

Que tocaram a minha boca, mas a alma não sentiu!

Vinha a noite, e com ela a ilusão,

Mil e uma palavras, eco de uma doçura

Que soava mais alto

Entre quatro paredes construídas

Pelas mãos da amargura

De um coração que se contenta

Em ser troféu, numa estante de uma sala vazia!

Depois vinha a madrugada

Triunfante no céu, irrompe um trovão,

E tudo o que jurámos ser para sempre

Desaparece como um relâmpago!

Ao fogo, juntasse-lhe uma lágrima

E tudo se transforma em nada...

35- Escuridão

Deixa-me lembrar o calor das tuas mãos,

Deixa-me sentir, esta alma tão fria!

Deixa-me pedir-te, o que somente me dás

Quando não te encontro.

E que só as lembranças que de ti não tenho, vou roubar;

Deixa-me ser aquilo que tu és:

Beijo que tem medo, de encontrar na boca a ternura...

Toda a estrela tem a sua guia;

Toda a ausência, é ter-te já aqui;

Dizer o teu nome é chamar o silêncio

Contido numa lágrima a cair;

Tirar o véu da noite

É ver o que ela é: escuridão!

36- Eterno amor

Quem guiou as nossas bocas

Foi um beijo,

Mas quem guiou esse beijo

Foi o deus divino do amor!

Amámo-nos como bichos

Procuramo-nos no mais fundo lugar do nosso ser,

Fora da lei dos homens

Fomos escravos do instinto,

Gravámos a força do nosso desejo

No vento que passa pela rua

E a lua sentiu-se pequena ao pé de nós!

De mãos dadas com as estrelas

Inventámos um novo céu!

Apagamos as luzes

Para que todos nos perdessem

E só nós nos encontrássemos,

E fundamos a nossa luz

E a nossa felicidade

No horizonte da eternidade.

Guiamo-nos pelas mãos da morte,

E percorremos o corpo

Das nossas vidas,

Sem que o fim

Para nós existisse...

37- Talvez e te possa perdoar

Talvez eu te possa perdoar,

Pelo amor que tu não me tens

Quando já não te amar;

Não adianta, tentar travar os sentimentos,

O amor é uma força, que vem cá de dentro

E que nos arrasta pelo caminho

Que ao não escolhermos, escolhemos;

Só quando te conheci, compreendi

Que o amor é uma estaca que nos amarra

E nos torna escravos do nosso próprio coração;

Amar, torna-nos servos e escravos do nosso próprio coração;

Amar, torna-nos servos e senhores de nós mesmos!

Quando te vejo,

É como se tivesse à minha frente

Um enorme poço de ternura,

Sucumbe em mim, um infinito desejo de te

Perfurar até ao último milímetro;

De cravar os olhos meus, nos olhos teus

E sugar-te até que a minha fome de amor possa

Enfim, saciar-se...

38- Ilusão

A ilusão é como uma luz,

No meio do escuro,

Enganando a solidão,

Com a sua presença fugaz.

O amor é como essa luz,

Que quando desaparece,

Deixa tudo escuro à sua volta,

Tornando o nosso mundo,

Num lugar inseguro.

Onde a noite nos assusta,

Como a voz de uma coruja.

O calor do teu corpo,

Foi o meu pequeno refúgio.

Longe de ti, todas as coisas,

Me pareceram demasiado frias

E distantes.

Ficando cada lugar,

Mais próximo do deserto.

Quem nos manda rasgar a ilusão,

Como um papel que já não serve

Para nada?

Quem nos manda deitar fora a carta,

Onde foram escritos os nossos destinos?

Quando a realidade, é pequena demais,

Para caberem todas as coisas,

Somente o que deitamos fora,

Pode preencher os lugares vazios,

Que foram ficando no fundo da alma.

Onde podemos de novo escrever,

Todas a as palavras,

Que ficaram por dizer,

Presas na garganta,

Gravadas no coração.

39-Segredos do coração

Quero sentir tudo,

O que dentro de mim existe.

Preciso ouvir,

O que se a minha boca falasse,

Neste momento diria!

Mas mais uma vez, calo-me!

E fico presa dentro deste silêncio,

Que sem nada me dizer,

Me tortura com a sua voz.

Dentro de mim, não ouço nada!

É como se a vida, não existisse!

Quero ver,

O que nos meus pensamentos

Acontece,

Mas não consigo chegar,

Ao lugar onde eles se encontram.

Preciso desvendar o porquê

Dos meus sentimentos

Se terem escondido de mim!

Quero saber qual é razão

Pelo qual o meu coração,

Se mantém escondido,

Como um segredo!

Não consigo continuar dispersa,

Daquilo que sou,

Como se a minha alma,

Morasse no corpo de uma

Outra pessoa, que eu não conheço!

Olho nos meus olhos

E não me reconheço.

Toco nas minhas mãos

E não sinto o calor

Do meu corpo.

Sento-me ao teu lado

E tu estás só,

É como se eu não existisse.

Afasto-me de ti e não sei

Para onde vou.

É come se a distância entre o lugar

Onde estou,

Até ao lugar para onde quero ir,

Fosse apenas uma miragem,

Em que todas as coisas que acontecem,

Ficam entre as que não existem.

Preciso pedir-te,

Talvez implorar-te,

Ajuda-me a descobrir

Onde eu estou!

Se existe preciso saber

Onde mora a minha alma.

Em que vida?

Em que pensamento?

Em que sonho?

Existo eu?

40- Não sei se me lembro

Não sei se me lembro,

Qual o trajecto,

Pelo qual percorro,

As estradas da minha vida.

Não sei se neste lugar,

Posso encontrar o espaço

Onde moro.

Talvez eu esteja,

Tão longe de mim,

Que já não seja possível,

Encontrar-me.

Por instantes,

Ao ver-te, tão sozinho,

Ainda consigo ver-me a teu lado.

Cristina de Jesus candeias ramalho

28 anos

Beja

966651904

966546663

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terça-feira, abril 17, 2012 - 02:33

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crisramá

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Comentários

imagem de Henricabilio

fragmentos - não!

Fragmentos, não - é a própria vida revelada de peito aberto
com um romantismo e uma poética intensos
De tal modo que acho que deveria ser apresentado por capítulos
pois desta forma torna-se exaustivo e a leitura dispersa-se
(um observação para ter em conta - talvez - numa próxima publicação).

As palavras e a poesia parecem ser algo tão natural como respirar
e questiono-me se o conjunto de poemas terá sido escrito num curto
espaço de tempo ou se com alguns intervalos.
A leitura parece revelar um casamento de ideias o que sugere que terá
acontecido como que numa sequência ou então teve um bom trabalho de revisão.

Desde as Caldas da Rainha envio um abraç0o de Boas Vindas!
Abilio Henriques

imagem de KeilaPatricia

Seja bem vinda... Bela

Seja bem vinda...

Bela escrita... Belas rimas...

:)

imagem de Henrique

Vida humana, é assim

Vida humana, é assim mesmo.

Despedida de fragmento em fragmento.

As estradas estão paradas,

temos de ser nós a circular sobre elas.

Confessar o que não lembramos.

Olharmo-nos nos olhos e voar com os pés no chão.

E percorrer a poesia como forma de ser o que se é.

O poema peca um pouco pela distância da leitura,

mas acaba por ser agradável do começo ao fim.

Sente-se nele uma força especial e está muito bem escrito.

Uma lição sobre existir!

Bem-vinda ao Waf.

Boa noite.

:-)

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