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HOLOCAUSTO

HOLOCAUSTO
Jorge Linhaça

O apito do trem gela-nos a alma...
quantos mais chegam ao matadouro?
o ruido das botas dos soldados correndo,
o trem para...a abençoada ignorância de
alguns ...o olhar de terror de outros...
Hoje a fumaça subiu novamente pela chaminé
dos fornos...o cheiro da carne queimada...
somos todos oferendas a serem imoladas e
oferecidas em holocausto ao deus da Guerra.
Rajadas de metralhadora...alguém tentou correr.
Mais torturante que a morte é a espera...
não saber quando chegará nossa vez...
A montanha de corpos esqueléticos se avoluma..
O abatedouro é reabastecido...
Mais que o corpo debiltado, é a alma que carece de esperança...somos gado represado...
Curral de seres humanos famintos de liberdade,com sede de alguma esperança...
O dia prossegue, cinzento como todos os dias...
as nuvens negras pairam-nos na alma,
Nosso crime?
Sermos diferentes, crermos diferente...
Marcados como gado na própria pele...
somos apenas números...sub-humanos...
Chegou minha hora...caminho em fila...
Penso correr...para que ?
O odor fétido se torna mais intenso...
os fornos aguardam como a boca escancarada do inferno...
Adeus!
Liberdade enfim...
Minhas cinzas, sopradas pelo vento, se misturarão às cinzas de tantos outros...
ironicamente reunindo e amalgamando um povo,
me dispersarei em fumaça...e quando ascender aos céu, terei ainda a atroz visão desta última, mas não derradeira morada, onde ao adentrar,
vi escrito em alemão:
"O trabalho liberta"
Até breve...voltarei em forma de lágrimas,
quando o rocio da noite vier tocar teu rosto.

 

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segunda-feira, maio 30, 2011 - 10:49

Poesia :

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Jorge Linhaca

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