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I can fly ...
I can fly …
Luar sem telha, casas sem telhado,
Coração vidraça, prova de mudança
Dentro o meu pensar, total o caos,
Rarefeito ar, meu pensamento hélio,
Luar sem telha, casa sem telhado,
Rara substância, mudo de ser eu,
Cada noite mais escuro, cada dia
Mais breu, a prova-minha covardia,
Coragem sumida, assumo o luar,
Assomo estrelas quase extintas
Por decreto, sol morto, labirinto,
Sala de jantar, vinho sem gosto,
Luar sem telha, casa sem telhado,
Partida a taça, hálito é vácuo o resto
É existir como se aqui o além fosse
Fragmento, e o que assomo, lugar
Que ainda preciso pra dispersar
Na morte os membros próximos
Do voar, can I fly, flor d’cimento,
Lugar sem peso, natural o medo,
Voar artificial e falso o que penso,
Luar sem telha, casa sem telhado,
Asfalto, folha ao vento, façam-me
Estátua vulgar, branco pra ser ave
“I can fly”, imperioso ser-se vento,
Pra que se possa voar í’preso.
Joel Matos (05/2018)
http://joel-matos.blogspot.com
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