CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

Infinito em expansão

Somática a sensação ruim
que meus músculos recebem como resposta cerebral

Não há livros que me prendam (ou me roubem)
Nem imagens que fixem meus olhares sobre
A música destoa em meus ouvidos e em minha boca

Sou dispersão pura
um nada em dor que pensa só
no escuro de tudo

A noite nem chegou
e já sei que será longa...
Densa, escura e longa...

A luz que há é morta
O céu noturno é um velório

A Lua viúva
pálida
cercada de luto
vela estrelas

Estrelas que só existem em mim
porque na verdade são apenas brilhos mortos
que correm no negro infinito do infinito
do nada para o nada

O peso do universo é insuportável
bambeio as pernas
paro, respiro
e sigo carregando-o, suportando-o

Penso que a Lua é uma viúva carpideira
que me olha
me vela
míngua
finge que chora
por mim
deitado
corpo esperando o bisturi na pele
(Mas já estou oco há anos)

Depois ela me amortalha no lençol
podre de tão branco que é
e me deita num colchão de mármore
me coroa
tampa
desce
sepulta.

Fecho os olhos
mas a noite existe dentro deles
Então penso em nada
mas o nada é carregado de universo
e o universo é um luto infinito
 e ainda em expansão

O ar me sufoca
Quero sangue
Preciso esfaquear meu coração!

É
preciso esfaquear meu coração
Expor as artérias
Vasos venosos pulsando
pulsando e expulsando todo meu vermelho!

Preciso do vermelho do sangue
jogá-lo na noite
na Lua minguada
no universo
para que ele expanda junto
meu vermelho sangue pulsando e expandindo

Virando vinho ou vinagre
vivendo vadio
vulnerável vulcão
vontade vascular vingando
várias variações variando
veneno e vitória

Vitória... é, vitória!
(O que é a vitória?)
(Penso que a vitória seja um misto de reconhecimento e glória originados do emprego de nossa força em alguma coisa que resulta em outra coisa... mas para ter reconhecimento e glória, o que para muitos é essencial para sentir-se vitorioso, vencedor, é preciso que outro me conceda essa alegria, pois ela para existir, mesmo não existindo, é preciso da aprovação alheia. Minha vitória, ou minhas vitórias, todas elas, sinto-as só, sem o olhar julgador do outro, sem a contemplação dos demais, sem os aplausos dos meus semelhantes, que muitas vezes soam por educação e indiferentes; vitória sem medalhas de honra ao mérito ou diplomas enquadrados, sem os louvores das massas, sem fama, troféu, sem nada, meu êxito existe por si só, meus ouvidos são surdos aos aplausos, minhas paredes são límpidas das obrigações subservientes, minha pele não tem broches brilhosos e coloridos, minha vitória é sem pódio e não tem o beijo da menina que segura o guarda-chuva... não preciso da ilusão alheia, crio minha vitória com minhas ilusões. Mesmo sendo minhas, não deixam de ser passageiras...)

Eu também sou o outro
O outro da Lua
e sendo o outro da Lua
transformo a lua em Luar
E viro a vitória do Luar sobre a lua

O Luar vitorioso brilha através dos meus olhos
Olhos negros como o universo
infinito em expansão como o nada do nada que corre pelo tempo e forma o negro
que nos cobre, nos inquieta e nos faz querer mais do que amar

Nos meus olhos há um universo que brilha
que carrega a vitória alheia
que é cercado de um branco contrário ao das estrelas mortas
que quer mais querer que amar
que acende o Luar da lua
que luta contra o luto do universo (que está em expansão)

O universo está nos meus olhos
Então o vermelho venoso está lá também
porque o coração é matéria e metáfora
utopia pulsando no peito dos olhos

Nos olhos da cabeça que pensa tudo
E faz dos olhos uma outra matéria e metáfora
Utopia que olha para ver
Ver até enxergar
que tudo parte dum ponto único

Eqüidistante sou o universo de tudo
O sangue do coração e tão banal quanto o luar
E não adianta esfaqueá-lo
as veias
o universo
a lua
o brilho que vai do nada ao nada
as dores somáticas
a noite densa, longa e escura
tudo
parte de mim
que sou a outra parte de tudo

O universo
infinito em expansão
sou Eu

Preciso expandir
 

Submited by

segunda-feira, março 7, 2011 - 19:57

Poesia :

No votes yet

André Alves Braga

imagem de André Alves Braga
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 10 anos 1 semana
Membro desde: 03/07/2011
Conteúdos:
Pontos: 811

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of André Alves Braga

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Fotos/Outros Casa das Rosas 0 2.286 03/19/2011 - 20:56 Português
Prosas/Pensamentos O teatro e a vida 0 2.057 03/19/2011 - 20:55 Português
Poesia/Pensamentos A praça morta 0 2.114 03/19/2011 - 20:51 Português
Poesia/Pensamentos Domingo 0 1.967 03/19/2011 - 20:50 Português
Fotos/Outros Lançamento 18/07/10 na BSP 0 2.125 03/08/2011 - 13:05 Português
Fotos/Outros Sarau Metrô Sta. Cecília 0 2.106 03/08/2011 - 13:01 Português
Fotos/Outros Poemas Errados (dias intranqüilos) 0 2.143 03/08/2011 - 12:59 Português
Poesia/Meditação Ato único 2 2.263 03/08/2011 - 12:46 Português
Poesia/Geral Vida sopro 0 2.138 03/07/2011 - 21:31 Português
Poesia/Geral Vida do poeta 0 1.599 03/07/2011 - 21:30 Português
Poesia/Geral Versificados 0 1.165 03/07/2011 - 21:30 Português
Poesia/Geral Vaidade pós-moderna 0 1.725 03/07/2011 - 21:29 Português
Poesia/Tristeza Tristeza 0 1.289 03/07/2011 - 21:28 Português
Poesia/Geral Tietê 0 1.420 03/07/2011 - 21:27 Português
Poesia/Geral Teimosia 0 1.340 03/07/2011 - 21:26 Português
Poesia/Amor Tal 0 1.436 03/07/2011 - 21:26 Português
Poesia/Amor Tabelinha 0 1.321 03/07/2011 - 21:25 Português
Poesia/Geral Suicinato 0 1.385 03/07/2011 - 21:24 Português
Poesia/Geral O suicida 0 1.590 03/07/2011 - 21:23 Português
Poesia/Amor SOS 0 1.433 03/07/2011 - 21:22 Português
Poesia/Amor Sorriso 0 1.379 03/07/2011 - 21:22 Português
Poesia/Amor Sorrio 0 1.329 03/07/2011 - 21:21 Português
Poesia/Amor Sopra vento 0 1.155 03/07/2011 - 21:20 Português
Poesia/Geral Sol 0 1.241 03/07/2011 - 21:19 Português
Poesia/Erótico Sobre o palco 0 1.609 03/07/2011 - 21:18 Português