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Inocência infringida
INOCÊNCIA INFRINGIDA
Magrinha e pálida, ela vendia suas balas no sinal. Pés descalços, aparentando uns sete anos, com cara de inocência infringida.
Olhos negros e brilhantes, porém pesarosos, cabelos emaranhados, presos no alto da cabeça.
Tapava com uma mão, o sol que lhe ardia na pele, e na outra, segurava a caixa de balas.
Vez em quando, chupava uma, para tapear o buraco que já lhe incomodava o estômago.
Distraía-se do trabalho enfadonho, observando outras garotas que passavam de mãos dadas com a mãe, olhava seus vestidos, suas sandálias, os bichinhos de pelúcia que algumas carregavam. O olhar não era de inveja, mas sim se curiosidade.
Um homem de terno marrom e valise preta lhe pagou um salgado. Sentada no cantinho de uma praça, saboreava seu pequeno almoço, devagar, para durar um pouco mais.
A noite chegando, a menina vai para o restaurante e acerta sua venda com o dono. De posse de alguns reais, vai saltitante, brinca com o cão de rua, que a acompanha. De rua. Como ela.
Achegou-se a uma mulher deitada em um papelão e lhe entregou o dinheiro. Ela gesticula e a menina sai, voltando com um copo de aguardente. A mulher vira de uma só vez, olha para a garota e lhe entrega um pedaço de pão duro. Sorrindo, come seu jantar e deita-se ao lado dela. Em segundos, está dormindo, talvez a sonhar que era gente.
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Poesia :
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Comentários
Re: Inocência infringida
Gisa!
Inocência infringida
Lindo interessante, mas é a realidade nos dias de hoje nas grandes cidades!
MarneDulinski