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JOÃO DE DEUS

João de Deus nasceu numa pequena aldeia
incrustada numa metrópole neste recanto de mundo
e quando criança brincou suas brincadeiras
e seus brinquedos com seus irmãos e com os outros pequenos
daquela comunidade. Todos eram pobrezinhos,
mas unidos e solidários.

Apesar de às vezes doente, às vezes faminto,
João crescia feliz.
Algo que muito o marcou foi de ter visto pela televisão
o amor morrer.
Sonhava com estrelas douradas, peixinhos coloridos,
tão bonitinhos, borboletas deslumbrantes,
passarinhos lindinhos de cantos maviosos.

João de Deus foi crescendo e mais compreendendo
de onde vivia, do que via quando saía:
asfalto, muros, grades, prédios, metais, vidros;
movimento intenso, corre-corre de gente
apressada em vai-e-vem; barulho, agitação, trânsito veloz.
Mas, o que vivia mais eram momentos de paz,
tranqüilidade e serenidade em sua comunidade.
Nem sempre saía ao centro da cidade.
Sua escola ficava pertinho do barraco dos seus pais.
Seu pai era um trabalhador de bem com a vida
Sua mãe, uma dona de casa, dedicada, prendada e prestativa
como mais eram os bons casais do mundo naqueles tempos.

Havia alegria, felicidade mesmo.
João de Deus atentava para tudo.
todas as conversas, das visitas, dos vizinhos,
dos discos, do rádio, da televisão, das revistas, dos livros...
Tomava pé de alguma coisa aqui e ali.
Com outras não podia atinar: coisas estranhas,
de gente grande.

João de Deus já crescido,
mas ainda não vivido, iniciou-se em desenganos
de amores e sonhos, até sangrou, e depois mais.
Até sangrou o coração, rachando-se ao meio.
Desajuizou-se e foi engolido pela metrópole
em sua loucura.
Os momentos de tranqüilidade, de serenidade,
foram sempre mais sendo invadidos
pelo barulho da metrópole.
Mesmo em casa, ressoava dentro em seus ouvidos.
E invadiu-lhe também um medo, muito misterioso medo;
e vivia sobressaltado, e em estado de alerta.
E teve pânico.

No que vivia de boa vontade, agora vivia de má vontade.
Restava-lhe o instinto de sobrevivência.
E tinha pesadelos: que vivia numa floresta,
entre terríveis insetos, feras predadoras,
tribos selvagens, rituais de canibais.
E era tudo sombras sombrias;
que vivia no fundo do mar,
escondendo-se de terríveis tubarões,
e de outros monstros marinhos.
E era tudo cinzento e feio;
que vivia num rio,
e nele havia muitas piranhas,
das quais vivia fugindo.
E já tinha sido mordido por muitas delas,
e pedaços de carne pelo corpo todo
já lhe haviam sido arrancados.
E era tudo turvo...

João de Deus andava louco pela metrópole,
qual formiga desantenada.
Até que achou uma saída: uma longa estrada
pela qual se foi pelo deserto, a encontrar paz e silêncio.
E entre um deserto e outro
algumas outras metrópoles conheceu, até maiores...
E era um calor infernal durante o dia,
e um frio de ranger dentes durante a noite;
e grande era sua fome, e grande era sua sede.

E prosseguiu até que encontrou um oásis,
que se fez sedimentado e pleno dentro em si.
E também colheu uma flor num espinhoso cacto.
E esta se fez um selo de amor em seu coração.

João de Deus voltou à metrópole e foi viver
com as estrelas doiradas, os peixinhos coloridos,
as borboletas deslumbrantes,
os passarinhos de cantos maviosos,
e apesar da barulheira da metrópole
cada vez mais intensa,
João de Deus havia reconquistado em si
a serenidade , o silêncio e a paz,
e voltou a viver de boa vontade.

Na verdade João de Deus viu
que na verdade o amor não morreu,
e assim o fez reconduzido.

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terça-feira, junho 28, 2011 - 20:35

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Hílton Neiva Jácome

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