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Joana
Meu nome é Joana, cresci numa casa modesta, numa aldeia nos arredores de Lisboa, longe da azáfama,
Quem me criou, foram duas mulheres, a quem devo muito, ou tudo aquilo que tenho e sou,
Sempre a verdade me a contaram e mal tive idade, para ouvir, contaram-me esta trama,
De maneira, a eu perceber de onde vim, para onde não quero ir e para onde vou.
Nasci com um gémeo, que morreu à nascença,
Durante muito tempo, conversava, imaginando que era com ele,
Acho que tive sempre, junto a mim, a sua alma de criança...
Nunca o conheci, nem mesmo em retrato, mas tenho guardado um dos caracóis dele.
Lembro-me vagamente do meu pai Américo, pois só o conheci, no dia em que morreu velhinho,
Visito o meu tio Jacinto, marido da tia que me criou, sempre que posso,
Pois, está num asilo, para pessoas dementes, e sempre que estou com ele, fico em desalinho,
Não que tenha medo, mas porque sempre que olho dentro dos seus olhos, arrepio-me até ao osso...
Pelo que soube, ele bem teve motivos para se tentar matar, vezes sem conta,
Há muitos anos, perdeu-se de amores, pela sua própria mãe, pela mulher errada,
E isso, mexeu de tal forma com ele, que a sua cabeça ficou baralhada e tonta,
A dele e de toda a gente que soube e ficou maluca, com tal história desgraçada.
A minha avó Verónica, a senhora da desgraça, essa não endoideceu, apenas se fechou dentro dela,
Nunca mais casou, nem de homem nenhum quis saber,
Virou freira, esposa de Deus, a rezar de noite e dia, em frente a uma vela,
Pelos seus e dele, pecados que tinham andado a cometer.
Irónica, esta vida,
Porque tal fatalidade, havia de ter acontecido?
E porque, nem agora, nenhum deles, se sentia sanado desta dívida…
Meu tio Jacinto, havia desejado algo, supostamente proibido…
Isso não tinha perdão,
Não havia desculpa perdoável que chegasse, nesta vida, para tal enlace,
O que se passara, séculos passariam, e alguém havia de se lembrar ou não,
Todavia, eu queria uma explicação lógica, para tal trespasse.
Por caminhos variados fui e me embrenhei,
Pois havia de achar um motivo, fosse ele qual fosse,
Para a história da minha família, que encontrei,
E de uma vez, por todas, a verdade dela, tomar posse.
Até que encontrei alguém, perito no espiritual,
Que me disse que tudo aquilo, teria de se ter passado aqui e agora,
Porque havia sido escrito no céu, era normal,
Quer fossem eles parentes ou não, que aquela tinha sido a hora.
Ambos eram almas gémeas, e já se haviam encontrado noutras vidas,
Ou como parentes, ou amantes, ou inimigos,
Ambas, as almas estavam ligadas, eternamente unidas,
Nascessem ou morressem, voltariam a encontrar-se…antigos.
É certo que, certo não tinha sido aquilo,
Tinha havido um incesto, quase estragaram tudo o que tinham ao seu redor,
Mas, se o destino quis que desse naquilo,
Quem éramos nós, comuns mortais, para condenar tal amor?
Talvez noutras vidas, eles possam ser felizes,
Sem serem apedrejados pela vida,
Viverem livres, como duas crianças petizes,
E esquecerem que um dia, cada um deles, teve no seu peito...uma aberta ferida.
FIM
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Comentários
Por caminhos variados fui e me embrenhei...
Por caminhos variados fui e me embrenhei, assim nos vamos todos a uma foz incerta!
O FIM são três letras desligadas de si, nada acaba... tudo é contínuo!
Obrigado pelas suas palavras...
Mesmo que não comente, estou atento ao que por aqui se vai semeando e, a Joana é uma boa semente poética!!!
:-)
Caro Henrique, Vou de certo,
Caro Henrique,
Vou de certo, me lembrar do dia, em que tive a honra, de me ver comentada (por uma vez que seja), por tão magnifico poeta e escritor de mão cheia como tu....Fiquei deveras emocionada...
Obrigado,
Joana
Uma história
Uma história complicada...
Gostei de te ler.
:-)
Muito e sempre...não fosse eu
Muito e sempre...não fosse eu quem sou, JOANA.
Obrigado meu querido e estimado amigo, é sempre um prazer receber tuas críticas, observações, seja aquilo que for, eu sei que é de coração que o fazes.
Joana