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MORDER A MÃO

MORDER A MÃO

 

Os alvos sorrisos que mostrais,

Parecem bons mas são infernais,

Eles não são de agradecimento,

Morderam  a mão que vos deu de comer,

Passaste a vida toda a lamber,

E agora sofreis de esquecimento.

 

A ingratidão vos faz sorrir agora,

Mordeste a minha mão e vais - te embora,

Convosco levais um pouco do meu ser,

E dele agora sois seu dono,

Pareceis um grande rei sem trono,

Do bem que vos fiz não me vou arrepender.

 

Os sorrisos nem sempre mostram a verdade,

Escondem também alguma maldade,

Que vos enegrece a alma da razão,

Desconhecendo certamente que ela existe,

Por isso eu fico um pouco triste,

E escondo as feridas da minha mão.

 

Continuais a dar algumas gargalhadas,

Que parece que são despejadas,

Para a rua dos desencantos,

Onde te acolhi por piedade,

Mais tarde engolirás a maldade,

Que em ti se transformará em prantos.

 

O tempo passa mas nem tudo a gente esquece,

Um dia a força da razão aparece,

O que fizeste um dia para ti pode volver,

E nesse dia com certeza te vais lembrar,

Quanta dor me fizeste passar,

E nessa altura ainda te podes arrepender.

 

 

Os sorrisos serão lágrimas que caem no chão,

E vais mostrar também na tua mão,

As feridas dos sorrisos que alguém te deu,

Vais saber que o bem não se paga com a maldade,

Mas sim com gestos de grande honestidade,

Que não ficam mal a quem já recebeu.

 

 

2008-Estêvão

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terça-feira, novembro 27, 2012 - 09:44

Poesia :

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José Custódio Estêvão

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