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MORDER A MÃO
MORDER A MÃO
Os alvos sorrisos que mostrais,
Parecem bons mas são infernais,
Eles não são de agradecimento,
Morderam a mão que vos deu de comer,
Passaste a vida toda a lamber,
E agora sofreis de esquecimento.
A ingratidão vos faz sorrir agora,
Mordeste a minha mão e vais - te embora,
Convosco levais um pouco do meu ser,
E dele agora sois seu dono,
Pareceis um grande rei sem trono,
Do bem que vos fiz não me vou arrepender.
Os sorrisos nem sempre mostram a verdade,
Escondem também alguma maldade,
Que vos enegrece a alma da razão,
Desconhecendo certamente que ela existe,
Por isso eu fico um pouco triste,
E escondo as feridas da minha mão.
Continuais a dar algumas gargalhadas,
Que parece que são despejadas,
Para a rua dos desencantos,
Onde te acolhi por piedade,
Mais tarde engolirás a maldade,
Que em ti se transformará em prantos.
O tempo passa mas nem tudo a gente esquece,
Um dia a força da razão aparece,
O que fizeste um dia para ti pode volver,
E nesse dia com certeza te vais lembrar,
Quanta dor me fizeste passar,
E nessa altura ainda te podes arrepender.
Os sorrisos serão lágrimas que caem no chão,
E vais mostrar também na tua mão,
As feridas dos sorrisos que alguém te deu,
Vais saber que o bem não se paga com a maldade,
Mas sim com gestos de grande honestidade,
Que não ficam mal a quem já recebeu.
2008-Estêvão
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