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NÃO ME APONTES O DEDO
Não me apontes o dedo
Estás sempre a apontar – me o dedo,
Pensando que eu de ti tenho medo,
Faz sempre o bem e não olhes a quem,
Não me trates assim com desdém.
Coisas mal feitas, pois faço, e quem não as faz?
Não me apontes sempre o dedo, dá – me paz,
Concordo que de vez em quando seja chamado,
À atenção por me ter enganado.
Mas estares sempre a apontar – me o dedo,
Tantas vezes por dia eu não concebo,
Tirei uma coisa do lugar e não a tornei a pôr,
Vens logo tu a apontar – me o dedo, a impor.
Que o faça logo de seguida, certamente,
Mas não com ar de comandante imponente,
Até parece que sou teu subordinado,
E por vezes me fazes sentir vexado.
Guardo para mim as respostas, sem lamento,
Nem sabes as coisas que me vêm ao pensamento,
Por vezes, eu quero da tua vida desaparecer,
Porque me fazes sentir a mais, quase a morrer.
Só para não causar um mau ambiente,
Não te dou as respostas que mereces, fico ausente,
De mim mesmo, não te ouço, nem te vejo,
E de mim mesmo a minha alma eu despejo.
Já te tenho dado respostas de que tu não gostas,
Porque não quero fazê – lo nas tuas costas,
Ficas amuada sem dar palavra de presença,
Não querendo que este silêncio me vença.
Gostava tanto que fosses meiga e doce,
Que me desses um beijo por mês que fosse,
Como um querer que me queres a teu lado,
E não me faças sentir tantas vezes afastado.
E pronto, aqui eu já despejei as minhas queixas,
Porque tu as minhas palavras não aceitas,
Assim ganho um pouco mais de liberdade,
De alguma tristeza que às vezes me invade.
Tavira, 22 de Dezembro de 2009 – Estêvão
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