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Nem um, nem outro - Bernardo Almeida

Nem um, nem outro

Escondo-me abaixo do inferno
E acima do paraíso
Para que não me incomodem
Nem bons, nem maus
Nem deuses, nem diabos, nem homens

Cansei de jogos e quero equilibrar-me
Apaziguar os pensamentos que se libertam
Das foices entortadas pela gênese

Só existe condenação para quem nela crê
E o purgatório não comporta tantas almas mornas
Em nenhum biombo me encaixo, permaneço caótico
Uma métrica desconhecida, além de comportamentos óbvios

Mas qual o míssil que me interceptará?
Qual radar me captará?
Se não estou entre a escala do bem e do mal
E desperdiço as explicações oferecidas
Contundidas pelo que é certo ou errado

Prefiro continuar deitado acima do paraíso
Ou de pé abaixo do inferno
Substituindo qualquer moral pelos meus desejos

Bernardo Almeida

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segunda-feira, fevereiro 28, 2011 - 02:14

Poesia :

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Bernardo Almeida

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