Neve

Lá fora a neve cai, um pasmo absurdo me possui, escutando o ruído do mundo, entre libidinosos irreverentes, o influxo se esconde e a bonança se quebra, por um lúbrico marinheiro protector, que com olhos penetrantes vislumbra um manto branco, naquele mar longínquo…Entretanto num príncipe excelso se torna, e contra a pavorosa visão do futuro, utiliza o sua dolorosa cana de pesca, em estilhaços estridentes amolados, lutando contra as estupefactas e intrigantes sombras que o tentam penetrar entre dez histórias de embalar…
O longo e denso véu da noite escura se submete sobre mim, e entre o amor e a realidade treme a superstição, lágrimas, preces…
Atormentada pelo sentimento de ruína, refugio-me na imagem desse marinheiro, que vagueando, por entre as tétricas águas, daquela serra árdua, me acolhe e alimenta, entregando-me assim à inevitável danação eterna de divindade…
A neve pára…e aquelas alegorias que a minha mente fingia, perpetuam-se na fatal maldição: a Eternidade.
06/12/1997
Blondie