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A noz oculta

Abre-a outra vez
e verifica se de facto não há nela
uma certa calamidade,
uma estranha cãibra agitada
num tornado de óleos instáveis.
.
Podes perguntar-me
se o estalar dos meus dedos
é assim estranho e seco
como o castanho inerte
de uns olhos loucos,
garagem fria e húmida
para um destino mais breve.
.
Não sei quantas vezes
caiu ela ao chão
desde a prateleira do supermercado
até ao armário escuro
onde também ainda guardo
as coisas básicas e observáveis
sobre o perfume
das tuas mãos.
.
Deixa-a rolar sobre o mármore
e risca com a faca dos lábios
o rosto que ela transpõe para a rua
com relevos profundos.
.
Há nela uma certa parte de abismo,
mas não posso pronunciar-me
sobre a ciência dos frutos.
.
Sou como uma árvore
de ramos incertos:
- Se o céu não desabar na madrugada
acordarei fechado numa câmara oval.
.
Ainda assim pergunto-me:
- Onde se esconde ela?
Não a vejo no meu peito,
e se camuflou o seu tecto com luar...
abriu-se para outro mundo.

rainbowsky

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terça-feira, fevereiro 23, 2010 - 00:33

Poesia :

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rainbowsky

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Comentários

imagem de Henrique

Re: A noz oculta

Abre-a outra vez
e verifica se de facto não há nela
uma certa calamidade,
uma estranha cãibra agitada
num tornado de óleos instáveis.

Uma noz com sabor de amor!!!

:-)

imagem de Anita

Re: A noz oculta

As interpretações profundas que podemos fazer de coisas simples... o lapso de substância que se pode criar ao que aparentemente não tem nenhum. Belas frases as tuas... ÉS FAVORITO

Cumprimentos, Anita.

imagem de MarneDulinski

Re: A noz oculta

Lindo poema, gostei!
Meus parabéns,
Marne

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