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O amor que nos compete, ja não sabe competir...

Toca-me...
Envolve-me no abraço que desafia tempo e espaço,
quando os dedos concorrem com a língua em corridas renhidas....
Agarra-me...
Com as mãos, com os braços, prende-me com as pernas da tua alma,
nesta fúria que se acalma pelo toque e que começa no cetim dos lábios,
deixa que o esplendor do teu prazer se possa ler dentro de mim...
Beija-me...
Não há silencio que provoque maior tortura...
Segura-me...
Sem que a razão se apresente, ou se despeça...
Não me deixes fugir, não me deixes escapar, não me deixes amar outros com a fúria que te compete...
Promete...
Ama-me...
Seremos figuras geométricas, esferas, triângulos, paralelepípedos,
vistas de costas, de lado, de frente, de todos os ângulos,...
Puras descargas eléctricas, viajando por metais em conexões mentais...
O tambor desenfreado do meu peito estabelece ritmos,
as faces são botões de rosa que se espreguiçam num rubor atrevido...
o ruído deste prazer que se revela, mora na brecha de uma janela alta,
sem vidros, sem portadas, sem cortinas embrulhadas de vergonha...
Soltam-se borboletas confusas às gargalhadas da floresta escura dos meus olhos...
Os meus olhos só alcançam o seu voo para te tocar em gestos demorados...
O desejo veste esta sede medonha e avassaladora de te arranhar,
como se eu pudesse marcar em ti o meu território,
ronronando gemidos, tatuando o meu cheiro na tua pele...
Nada repele a vontade, nada...
Os sentidos são impérios orientais, catalogando caricias
com nomes sagrados de animais...
Os movimentos repetidos são castigos conservados em compotas de frutas,
tantos sabores, tantos odores, tantos açúcares!
Os corpos são ondas indecisas, ora morrem, ora nascem à beira-praia...
Reflexos de velas de pavios a meia haste, não há tempo que nos baste,
sou sacrifício em pirâmide em solstício de império Maia,
transpirando delírios, martírios...
Fomos feitos para pertencer...
Fomos feitos...
Fomos...
Já não somos...

Inês Dunas
Libris Scripta Est

Submited by

quarta-feira, fevereiro 3, 2010 - 21:52

Poesia :

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Librisscriptaest

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Comentários

imagem de mariamateus

Re: O amor que nos compete, ja não sabe competir...

Olá! :-)

Apenas uma palavra...

Sublime!!!

Levo comigo, para mais tarde recordar.

Grata pela partilha.

Paz,e luz...

mm

imagem de Henrique

Re: O amor que nos compete, ja não sabe competir...

Envolve-me no abraço que desafia tempo e espaço,
quando os dedos concorrem com a língua em corridas renhidas....

Uma entrega ao amor recheada de paixão!!!

:-)

imagem de Mefistus

Re: O amor que nos compete, ja não sabe competir...

Librisscriptaest;
Intenso, maravilhoso, magestoso e cativante

e assim por diante..

Em suma

Espectacular, favoritos, pois então

imagem de ÔNIX

Re: O amor que nos compete, ja não sabe competir...

"deixa que o esplendor do teu prazer se possa ler dentro de mim..."

Ines, o poema, todo ele se completa, todo ele avança com um propósito e será esse propósito, que te levará a avançares com a tua escrita sempre fascinante, ao encontro do outro

O prazer que possas ter, quando de ti sai algo que nos dê prazer, o sentimento que estimulas e/ou transmites para que o teu corpo sinta a força de uma energia quente, imerge de um todo que se conjuga a dois. Esta entrega será só um começo que se desenvole até ao ponto em que um só, será a força necessária para que a paixão dê lugar ao amor e aí aconteça essa pertença, fusão indolor

"Os corpos são ondas indecisas, ora morrem, ora nascem à beira-praia..."

O reavivar dos sonhos, da vida de um amor corporal, que se conjugue com a força das marés e se expanda pelo Universo, é a vida em pleno coraçao do mundo

Inês, a tua escrita é fantástica.

Adorei ler

beijo

Matilde D'Ônix

imagem de robsondesouza

Re: O amor que nos compete, ja não sabe competir...

Cara Libri.

É para mim edificante a possibilidade de apreciar tamanha destreza com as palavras.

Belo poema!

Abraços, Robson!

imagem de MarneDulinski

Re: O amor que nos compete, ja não sabe competir...

LINDO POEMA, GOSTEI MUITO!
Meus parabéns,
Marne

imagem de apsferreira

Re: O amor que nos compete, ja não sabe competir...

Um poema, bem desenvolvido,
cheio de intensidade.
Gostei, muito.
:-)

imagem de Lapis-Lazuli

Re: O amor que nos compete, ja não sabe competir...

Que envolve, que faz da simbiose a expressão do gesto e do sentir, em comunhão suprema com o verbo amar...depois, depois o fim...o depois do adeus...
Terrivelmente belo...escrito de forma sublime!!!
Abraço!

imagem de Angelo

Re: O amor que nos compete, ja não sabe competir...

transpirando delírios, martírios...
Fomos feitos para pertencer...
Fomos feitos...
Fomos...
Já não somos...

Adorável esta tua poesia, os meus parabéns Inês.

Um beijo grande
Melo

imagem de NunoCarvalho

Re: O amor que nos compete, ja não sabe competir...

Libri,

A tua criatividade é enorme e muito bem descrita.

Gostei imenso deste texto.

Beijinho para ti!
:-)

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