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O NAMORO DAS NOSSAS BOCAS TRAVA AS MECÂNICAS DO INVERNO
Meus olhos são escravos
da orgia das tuas curvas incandescentes.
Acorrentando a gula dos meus lábios
à electricidade cósmica dos teus lábios.
O namoro das nossas bocas trava as mecânicas do inverno.
Nossos beijos são como fogueiras onde o fogo arde
domado pelos nossos fôlegos consumados de amor.
Amantes dispersos pelas costelas partidas da cama em coma
com a nossa batalha carnal.
Moram nas nossas mãos os suores
que gritam das nossas peles o prazer.
Perdidos até os confins da nossa entrega em absoluto.
Nossos gestos são ventos
por entre a sujidade sexual dos lençóis
e os suspiros que se congregam num momento indestrutível.
Dança de sóis e luas numa insónia desencadeada
por vulcões acordados pela fusão dos nossos corpos.
Atalhamo-nos enroscados como serpentes ciosas de pecar.
Paraíso inventado
pela psicologia apaixonada das nossas línguas.
Nossas salivas são teias congénitas que se atam
e desatam por entre palavras obscenas e investidas de quero mais.
Nossos corpos derretem-se num carrossel de fricções loucas.
Engrenagens corpo a corpo que nos propulsam as almas
despistadamente satisfeitas pelos açúcares da paixão.
Apetite mútuo como autópsia à realidade suspensa
num abraço em êxtase.
Todos os nossos sentidos
se propagam vitais em cada movimento que nos cola.
Cedidos ao silêncio sobrecarregado de beijos,
detonamo-nos em desejos sobrepostos à liberdade da carne.
Em nós não há depois do sexo, somos sempre sexo.
Sexo até que os nossos ossos
sejam vimes vergados pela água do nosso amar.
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