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O NAMORO DAS NOSSAS BOCAS TRAVA AS MECÂNICAS DO INVERNO

Meus olhos são escravos
da orgia das tuas curvas incandescentes.

Acorrentando a gula dos meus lábios
à electricidade cósmica dos teus lábios.

O namoro das nossas bocas trava as mecânicas do inverno.

Nossos beijos são como fogueiras onde o fogo arde
domado pelos nossos fôlegos consumados de amor.

Amantes dispersos pelas costelas partidas da cama em coma
com a nossa batalha carnal.

Moram nas nossas mãos os suores
que gritam das nossas peles o prazer.

Perdidos até os confins da nossa entrega em absoluto.

Nossos gestos são ventos
por entre a sujidade sexual dos lençóis
e os suspiros que se congregam num momento indestrutível.

Dança de sóis e luas numa insónia desencadeada
por vulcões acordados pela fusão dos nossos corpos.

Atalhamo-nos enroscados como serpentes ciosas de pecar.

Paraíso inventado
pela psicologia apaixonada das nossas línguas.

Nossas salivas são teias congénitas que se atam
e desatam por entre palavras obscenas e investidas de quero mais.

Nossos corpos derretem-se num carrossel de fricções loucas.

Engrenagens corpo a corpo que nos propulsam as almas
despistadamente satisfeitas pelos açúcares da paixão.

Apetite mútuo como autópsia à realidade suspensa
num abraço em êxtase.

Todos os nossos sentidos
se propagam vitais em cada movimento que nos cola.

Cedidos ao silêncio sobrecarregado de beijos,
detonamo-nos em desejos sobrepostos à liberdade da carne.

Em nós não há depois do sexo, somos sempre sexo.

Sexo até que os nossos ossos
sejam vimes vergados pela água do nosso amar.

 

 

 

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domingo, fevereiro 19, 2012 - 03:03

Poesia :

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Henrique

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