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Olhos transpassados
Mais nefasto do que a escuridão dos olhos
Sem saber a direção certa a seguir
Caminhava como o ébrio na noite fria
E não podia mais sonhar como outrora fazia
No silêncio de sua consciência.
Tudo não passava de uma grande ilusão
Que ofuscava sua visão turva pelo pesadelo
De uma despedida que rasgava o coração.
Era um verme que rastejava
Pisado pelas palavras cruéis ditas sem pudor
O coração sangrava e sentia calafrios terríveis
E quanto mais desejava o descanso
Mais ouvia os gritos desaforados dos loucos
Na rua deserta a fazer arruaças.
Nem mesmo os lobos ousavam desafiar
Aquelas criaturas abomináveis das trevas
E se sentia cada vez mais sozinho no mundo
Queria apenas sorrir outra vez
E lembrava os tempos bons que vivera.
Uma lança cortou sua pele
O sangue jorrava violentamente
Não conseguia ordenar os pensamentos
Nem contar com o socorro de alguém.
Tudo chegara ao fim
Não havia mais esperança
Os olhos foram transpassados pelas flechas
E nunca mais veria a luz outra vez
Nem aquele olhar tão singelo
Que alegrara sua vida um dia.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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