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Os meus cães e os seus cães não são os mesmos cães...
Diz um ditado popular que 'não há nada mais prejudicial a quem trabalha do que aquele que nada faz'. Quem não produz e se arrasta de cama para o sofá e pouco mais, faz mal a tudo e a todos. A sua cabeça atrofia e como tem que se ocupar com algo, zás! volta não volta dispara jactos de veneno como napalm a consumir os alvos.
Defender as minhas cismas, os meus pudores, os meus amores e a minha fé, é um gesto exacto consumado no dia a dia. E em cada dia encontro casas destruídas, velhos abandonados, crianças violentadas, searas pisadas, pinhais incendiados, corpos consumidos, adormecidos, vergastados, altos funcionários sem ética e complexados, erros de justiça sem apelo e com agravo, mentiras edificadas. Até as (ou os) amigas saltam à linha da frente para desembrulharem pelejas e arquitecturas de maledicência. Tive uma que de ciúmes me virou costas. Outra que depois de herdar milhares de Euro desapareceu dos meus pobres caminhos. Outra ainda que ameaça, explode grosseiramente e engana a torto e a direito. Vai e faz de conta que não foi para eu não saber. Manda dizer para não enfrentar. Rouba ideias para ostentar. Exerce pressões e ameaças sobre terceiros para humilhar, magoar e depois obter um qualquer intento. Enfim, um desalento.
Mas, que deveria importar-me a causa ou consequência do conflito ou mesmo o próprio?
Tenho milhares de estradas e atalhos onde tudo começa, tudo acaba ou nada acontece. A opção é minha.
Não sou planície a perder de vista e paralela ao bem-estar ou à segurança. Revejo-me tanto em dias conturbados como em serenos instantes de empolgamento ou tempo de tranquilidades avulso.
E então? Os meus ócios ocupam a minha agitação como os meus 'quase ódios' ateiam gritos crispados de revolta contra toda a injustiça e a mesquinhez de quem procura o cisco no olho do próximo tendo uma trave nos seus próprios olhos.
As conclusões do acto de justiçar, ou seja, a Justiça, ela própria, é decidida tantas vezes fora dos tribunais ou nos seus bastidores quando os juízes e magistrados são induzidos a uma conclusão conveniente. E depois são capazes de 'justificar' um final menos feliz com uma permissa cínica, absurda, hipócrita como ' ..Ah! ...foi vítima das circunstâncias...!'
Julgar não é para qualquer um. Também não se aprende nos cursos. Não é possível julgar valores. Cumpre-se o destino humano sob a égide da vigilância de olhos alheios em busca da transgressão e sob o signo da ameaça.
A liberdade é um encadeado de generosidades e condescendências mas com regras ameaçadoras. A opresssão é um impedimento à vida, contrária à própria existência. E, sendo o desejo - qualquer - o impulso pela clandestinidade, ao arriscar a sua concretização, o gesto torna-se livre, azul, lunar e sábio.
Julgar é intromissão nunca isenta. É o mais arrogante dos actos. Produto dos medrosos, dos ignorantes, dos pobres de espírito.
Nunca se admite que, em rigor, quem vitima é a ignorância, o medo, o rumor, o que parece e não é, o impudor do manipulado. Porque, quando existe uma vítima é porque não se foi justo ou se foi impiedoso.
Como se conseguirá dormir e caminhar nas ruas de cabeça levantada quando se condena com base em temores, invejas, tabus, preconceitos, impalpáveis circunstâncias? A mediocridade atinge todas as classes e profissões mesmo as mais pomposas. E 'juízes' andam por todo o lado. São os vizinhos, são os conhecidos, os colegas, os peões na rua... Os próprios magistrados não podem ser zarolhos, nem os juízes manetas ou frustados, recalcados...
A impossibilidade de ser imparcial é um facto.
O melhor é mesmo nunca 'julgar'.
E depois.. ' os actos são de quem os pratica'.
Homens e mulheres serão todos iguais. Mas então e as diferenças entre quem mostra que é o que não é mas tem que manter uma face que julga socialmente correcta? É a tal história de que os cães de um, não podem ser os mesmos cães de outro...
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